sábado, 29 de dezembro de 2012

The Economist e Financial Times apoiaram Serra em 2010




Não é de hoje que os governos progressistas que se instalaram no Brasil em 2003 e não saíram mais vêm sendo alvo de dois veículos específicos da imprensa européia, entre a qual são exceções em termos de visão crítica sobre o nosso modelo econômico.

O semanário inglês The Economist, recentemente quase que exigiu a demissão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, por ter previsto que o crescimento brasileiro de 2012 seria superior ao que provavelmente será, e o diário Financial Times, também inglês, ridiculariza o ministro e a presidente Dilma também devido ao crescimento modesto da nossa economia neste ano.

O mais impressionante é que esses dois veículos estão entre os grandes defensores do modelo econômico que jogou o país em que estão sediados em uma situação econômica que faz a situação brasileira parecer um êxito muito maior do que de fato é.

Vale registrar, ainda, que a economia britânica mergulha em recessão. No primeiro semestre de 2012, o PIB do Reino Unido registrou a maior contração dos últimos três anos, caindo 0,7 por cento, devendo fechar o ano com recuo de 0,5%.

Como se não bastasse, em novembro foi registrado 8,3% de desempregados na Grã-Bretanha, maior índice registrado desde 1996. Tal nível de desemprego representa quase três milhões de pessoas.

Sim, o PIB brasileiro deve crescer entre um e um e meio por cento neste ano – o resultado dos últimos meses pode surpreender –, mas as condições sociais no país melhoram a cada ano, com nível recorde de população empregada e valorização da massa salarial.

Outro dado que, se não é o que interessa aos investidores, ao menos é o que interessa a 99,99% dos brasileiros: enquanto a pobreza e a desigualdade aumentam no Reino Unido, caem no Brasil.

Por fim, há sinais de reaquecimento na economia brasileira. Poucos negam que devemos crescer entre três e quatro por cento no ano que entra, enquanto que a economia inglesa deve continuar patinando por vários anos, ainda.

Você que quer se posicionar corretamente sobre o caso precisa entender a razão desses veículos para criticarem uma economia que, em termos práticos, está tendo resultados muito melhores que a britânica, guardadas, obviamente, as devidas proporções entre um país e outro.

The Economist e FT dão muito palpite sobre o Brasil porque os britânicos têm muitos interesses e negócios conosco, sobretudo no mercado financeiro, como bem lembrou o ministro Guido Mantega ao comentar que especuladores daquele país costumavam pegar empréstimos a juros baixos em países quebrados, nos quais os juros hoje são quase negativos, e investir o dinheiro aqui, onde as taxas de remuneração do capital eram estratosféricas.

Fica claro, portanto, que tem muito inglês perdendo dinheiro com a política brasileira de acabar com a agiotagem no país.

Aliás, como insinua o enunciado deste texto, a má vontade do jornal e da revista britânicos com Dilma começou antes de ela assumir a Presidência. Na última eleição presidencial, tanto The Economist quanto Financial Times, em editoriais, declararam apoio oficial a José Serra.

Com efeito, não foram só os jornais britânicos que ansiaram pela vitória de Serra. Empresas estrangeiras de petróleo, multinacionais, todo o capital internacional que perdeu espaços indevidos no Brasil durante a era Lula apoiou o tucano contra Dilma em 2010.

Confira, abaixo, matéria do Estadão que mostra que não há nada de novo na disposição dos veículos britânicos em relação ao grupo político que governa o Brasil, ainda que a mídia brasileira tente passar a ideia de que há razões sérias para as críticas deles.


Fonte: http://www.blogdacidadania.com.br/2012/12/the-economist-e-financial-times-apoiaram-serra-em-2010/

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O Senhor Justiça: Ricardo Lewandowisk



Autor:
 
Luis Nassif
 
Encerrando o ano, minha mais profunda admiração pela figura de um senhor Juiz, que, com sua postura serena, demonstrou a verdadeira coragem, não a dos retóricos, dos que se escudam no poder das manadas, mas a que não se entrega à sedução dos holofotes nem se intimida com o clamor da turba, com o linchamento, com a selvageria que se sobrepõe à análise ponderada que deve ter o julgador.

 
 
Com sua fala mansa, com sua indignação contida, com seu anti-estrelismo, Lewandowski demonstrou o que é a força da convicção legalista. Quem assistisse os assomos retóricos de Celso de Mello, a verborragia incontida de Joaquim Barbosa, os votos implacáveis de Gilmar Mendes, poderia julgar erradamente que a força estava com eles.

Engano, lego engano! Gilmar e Celso apenas cavalgaram a onda criada pelo clamor da turba.
A verdadeira força, da convicção, do não oportunismo, sempre esteve com Lewandowski.


Fonte: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-senhor-justica-ricardo-lewandowski

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

A toga fardada de Celso de Mello

Autor: Luis Nassif

No futuro os historiadores reconhecerão 17 de dezembro de 2012 como o dia da vergonha do Supremo Tribunal Federal.

Cinco ministros irresponsáveis empalmaram a Constituição Federal, açambarcaram o poder dos constituintes de definir lei e abriram caminho para futuras ações ilegais. A assinatura final desse episódio vergonhoso é de Celso de Mello.

Do G1

Para Celso de Mello, é 'irresponsável' descumprir decisão do STF

Ministro entendeu que Supremo deve determinar cassações de mandatos.
Presidente da Câmara afirmou que poderia não cumprir decisão da corte.
 
Mariana Oliveira e Nathalia Passarinho
 
Do G1, em Brasília

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello disse nesta segunda-feira (17), ao entender que os deputados federais condenados no processo do mensalão devem perder seus cargos, que descumprir uma eventual decisão da Suprema Corte é "inaceitável" e "irresponsável".
 
“Reações corporativas ou suscetibilidades partidárias associadas a um equivocado espírito de solidariedade não podem justificar afirmações politicamente irresponsáveis, juridicamente inaceitáveis, de que não se cumprirá decisão do Supremo revestida da autoridade da coisa julgada", disse Celso de Mello.

Na noite de segunda (10), após um empate de quatro a quatro sobre de quem era a competência para definir sobre perda de mandato, o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), disse que a Casa poderá não cumprir a decisão do Supremo.

"Pode não se cumprir a medida tomada pelo STF. E fazendo com que o processo [de cassação] tramite na Câmara dos Deputados, normalmente., como prevê a Constituição. Isso não é desobedecer o STF. É obedecer a Constituição", declarou Maia, que será presidente da Câmara até fevereiro, período no qual o acórdão do julgamento ainda não deve ter sido publicado.

João Paulo Cunha (PT-SP) foi condenado a 9 anos e 4 meses de reclusão, Valdemar da Costa Neto (PR-SP) pegou 7 anos e 10 meses, e Pedro Henry (PP-MT) teve pena de prisão fixada em 7 anos e 2 meses. Deles, somente Cunha deve cumprir pena em regime fechado, em presídio de segurança média ou máxima. José Borba teve a pena transformada em restrição de direitos políticos e multa.

Em sua argumentação, o ministro Celso de Mello destacou que “as partes interessadas” no julgamento, como os deputados condenados e o Ministério Público, podem questionar a decisão do Supremo nos termos legais, através de recursos.

“Inadmissível, contudo, o comportamento de quem, demonstrando não possuir o senso de institucionalidade, proclame não cumprir decisão transitada em julgado por órgão incumbido pela Constituição de ser o guardião da Constituição Federal e que, pela própria Constituição, detém a palavra final em matéria constitucional.”

O ministro ressaltou ainda que o não cumprimento de ordem judicial por agente público pode significar crime de prevaricação. “Comete crime de prevaricação o agente que em ofício deixa de praticar, retarda ou frustra execução de ordem judicial”, frisou Celso de Mello.

Pelo Código Penal, comete o crime de prevaricação o servidor público que “retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.” A pena prevista é de detenção de três meses a um ano, além de multa.

'Transgredir a ordem'
 
O ministro destacou ainda que o respeito a decisões do Supremo é necessário para a manutenção do Estado Democrático de Direito. “Não se pode ignorar a íntima relação entre a coisa julgada material e a concepção mesma do Estado Democrático de Direito, a significar que gestos de transgressão da coisa julgada terminam por fulminar a própria ordem democrática.”

Para o ministro, não respeitar decisão judicial é “transgredir a ordem constitucional”. “A insubordinação Legislativa ou Executiva ao comando emergente de uma decisão judicial, não importa se do Supremo ou de um magistrado de primeiro grau, revela-se comportamento intolerável, inaceitável e incompreensível.”

A questão sobre perda de mandatos dividiu os ministros do STF na sessão de segunda (10), quando faltava apenas o voto de Celso de Mello. Depois, o Supremo suspendeu as sessões de julgamento do mensalão de quarta (12) e quinta (13) em razão de uma forte gripe de Celso de Mello. O ministro ficou internado por dois dias e foi liberado pelos médicos para dar o voto de desempate nesta segunda (17).

Durante os debates no Supremo, houve divergência porque o artigo 55 da Constituição estabelece que, no caso de deputado que "sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado", a perda do mandato "será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por voto secreto e maioria absoluta".

Já o artigo 15 da Constituição estabelece que a perda dos direitos políticos se dará no caso de "condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos". Na avaliação do Supremo, o mandato parlamentar faz parte dos direitos políticos. Alguns ministros discordaram.


Fonte: http://www.advivo.com.br/node/1191060

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Ofensiva contra Lula não tem mais limites



Julgamento do mensalão, Operação Porto Seguro e agora o vazamento na imprensa de novo depoimento feito à Procuradoria-Geral da República por Marcos Valério, réu condenado a 40 anos de prisão: a ofensiva contra o ex-presidente Lula não tem mais limites, é uma guerra sem quartel, sem data para acabar.

Em texto publicado aqui mesmo no Balaio no último dia 2 de novembro, eu já previa: "O alvo agora é Lula na guerra sem fim"

Não bastava condenar os dirigentes do PT acusados no processo do mensalão. O objetivo maior era demolir a imagem do principal líder do partido que completa dez anos no governo central agora em janeiro.

Os antigos donos do poder simplesmente não se conformam de ter perdido o controle do país depois de 500 anos de dominío.

Como não conseguiram recuperá-lo em sucessivas eleições, buscam agora outros meios para impedir a reeleição da presidente Dilma Rousseff, atingindo o seu principal eleitor, o ex-presidente Lula.
Para atingir este objetivo, tentam desde o início do governo Dilma jogar um contra o outro, buscando desqualificar o PT e as forças sociais que o levaram à vitória em 2002.

Até hoje não funcionou. Ainda ontem, durante visita oficial à França, a presidente Dilma foi a primeira autoridade brasileira a sair em defesa de Lula:

"É sabida a minha admiração, meu respeito e a minha amizade pelo presidente Lula. Portanto, eu repudio todas as tentativas - e esta não será a primeira vez - de tentar destituí-lo da imensa carga de respeito que o povo brasileiro lhe tem".

A iniciativa do debate político no país para a discussão dos grandes temas nacionais deixou de ser do Executivo e do Legislativo e hoje é determinado por uma ação coordenada entre a mídia e as instituições jurídico-policiais, que estabelecem a pauta do noticiário.

Na mesma terça-feira em que uma reportagem do "Estadão" vazou as declarações feitas por Marcos Valério em depoimento à Procuradoria-Geral da República, em setembro, envolvendo Lula no mensalão, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, ao ser indagado sobre a necessidade da abertura de novas investigações, não pensou duas vezes: "Creio que sim".

Foi o que bastou para que a concorrente "Folha" saísse com a manchete garrafal: "Presidente do Supremo quer Lula investigado no mensalão".

Faltando ainda dois anos para as eleições presidenciais de 2014, só posso atribuir esta ofensiva contra Lula agora ao desespero de setores alijados do poder pelo PT que não conseguem encontrar um candidato viável e confiável. Na falta de um candidato, procuram destruir o outro lado.

Cada vez que sai uma nova pesquisa de opinião mostrando a força de Dilma e Lula no eleitorado e a fragilidade dos candidatos da oposição, parece aumentar o furor dos que não se conformam com as conquistas sociais e econômicas dos últimos anos que garantem a alta popularidade dos líderes petistas, apesar do bombardeio sofrido nos últimos meses.

Desta forma, antes mesmo do julgamento do mensalão terminar, vai começar tudo de novo, quem sabe esticando o caso até as próximas eleições presidenciais, enquanto repousam no Supremo Tribunal Federal toneladas de processos antigos envolvendo outros políticos de outros partidos.


Fonte: http://noticias.r7.com/blogs/ricardo-kotscho/2012/12/12/ofensiva-contra-lula-nao-tem-mais-limites/

sábado, 8 de dezembro de 2012

 
Durante eventos em Berlim, Lula falou sobre o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) e a crise europeia (Foto: Clarissa Neher/Especial para Terra)
 


POR BOB FERNANDES

Em encontro com representantes da social democracia nesta sexta-feira, 07, em Berlim, o ex-presidente Lula revelou detalhes de algumas das suas conversas reservadas com líderes mundiais no tempo em que estava na presidência.

Abaixo, relato do que foi dito por Lula: ”Vamos pegar o cara do Irã, que eu participei ativamente. O cara do Irã. Eu saí do Brasil e fui ao Irã. Contra a vontade de todo mundo… da minha companheira Angela Merkel, do companheiro Obama, do companheiro Sarkozy, do companheiro Medvedev, do companheiro…… eu estava convencido que era possível convencer o Irã a assinar o documento que a Agência (Internacional de Energia Atômica) precisava… e eles me diziam assim “Lula, você é um ingênuo, você está acreditando no Ahmadinejad e ele não está falando a verdade…”. Eu falei, “eu sou ingênuo, mas eu acredito na política". Uma vez, na reunião de Princeton, perguntei: - Obama, você já conversou com Ahmadinejad? - Não. - Sarkozy, você já conversou com Ahmadinejad? - Não. - Angela Merkel, você já conversou com Ahmadinejad? - Não. - Gordon Brown, você já conversou com Ahmadinejad? - Não. - Berlusconi, você já conversou com Ahmadinejad? - Não. - Ora, se ninguém tinha conversado com o cara, que diabo de política é essa? (Gargalhadas e aplausos). Prosseguiu Lula: -Antes do Irã, passei em Moscou para conversar com o presidente Medvedev. Chego em Moscou e o presidente Obama tinha ligado para Medvedev: - Olha, diga para o Lula não ir ao Irã porque ele não vai fazer acordo. Ahmadinejad não cumpre acordo… Aí, passo no Qatar e o emir do Qatar recebeu um telefonema da secretária de Estado dizendo: - Olha, diga para o Lula não ir, ele está sendo ingênuo, ele não pode ir porque o Irã não vai. Eu fui… chegamos no Irã e eu fui conversar com o grande líder (religioso), oKaminey, fui conversar como presidente do parlamento, e fui conversar com Ahmadinejad e falei com todas as palavras: - Ahmadinejad, eu estou vindo aqui, os meus amigos estão brigando comigo, (e aí eu citei o nome de cada presidente), a imprensa brasileira está me batendo há uma semana e eu não saio daqui sem uma acordo… (Risos da plateia) - Não, mas Lula, você pode sair que eu concordo. - Olha, tem de escrever. (Risos da plateia) Sabe por que tem de escrever, Ahmadinejad? Sabe o que eles pensam de você? Eles pensam que você é mentiroso e não cumpre a palavra… então, eu só saio daqui com um documento escrito. Qual não foi minha surpresa, e quando eu pensei que o conselho de segurança da ONU iria me dar um prêmio de agradecimento (Risos da plateia), eles deram a maior demonstração de ciúme do mundo e ainda assim resolveram punir o Irã. Ainda bem que a imprensa democrática do mundo publicou uma carta, que o presidente Obama tinha me mandado, dizendo quais as condições que eles aceitavam e o Ahmadinejad aceitou exatamente as condições que estava na carta. E ainda assim, eles fizeram retaliações com o Irã, não aceitaram o documento… Então, o que eu percebi: eu percebi uma coisa que eu vou dizer com a maior sinceridade, eu acho que tem gente no mundo que não quer paz, quem quer paz é o povo. Mas tem quem precisa da discórdia, necessita da discórdia pra poder ser importante, senão, não teria nenhuma explicação a gente não ter paz no Oriente Médio. A mesma ONU que criou o estado de Israel porque não cria o estado Palestino? (Aplausos da plateia). Lula iniciou sua fala de 8 minutos dizendo o seguinte: “Eu queria só lembrar uma coisa. Nós criamos o G-4; Brasil, Alemanha, Japão e índia. O que aconteceu? A Itália não quer que a Alemanha entre no Conselho de Segurança (da ONU). A China não quer que o Japão entre no Conselho de Segurança. Todo mundo defendia que o Brasil deveria entrar, mas não entrou. Ou seja.. dizem que não tem reforma das Nações Unidas porque qual é o país da África que vai entrar? Olha, vamos ser francos…tem três 54 países na África…você tem três países importantes, grandes, com grande população…. África do Sul, Nigéria e Egito, por que não entra os três? Porque que não entra Brasil e México? Qual é o problema? O problema é que quem tá lá não quer repartir o poder. Essa é a verdade. É muito cômodo do jeito que tá. Então, o Brasil está disposto a se engajar, o Brasil está no Haiti já há bastante tempo. Se dependesse de mim quando estava na Presidência eu teria retirado o Brasil do Haiti, não tiramos porque o presidente Préval pediu pra gente ficar, e nós ficamos lá e o Brasil presta um grande serviço. O dia que tiver no Haiti um sistema de segurança que diga que o Brasil não precisa ficar mais lá, nós traremos a nossa tropa. Agora, o que não dá é pra gente trabalhar com base em mentiras. Não dá. Ou seja, cadê as armas químicas do Iraque? Cadê? Se contou uma mentira pra humanidade, em toda essa mentira se invadiu um país…o que aconteceu?


Fonte: http://www.advivo.com.br/node/1177734

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

PCdoB lança nota criticando ação penal do chamado mensalão

 

O Comitê Central do Partido Comunista do Brasil aprovou nota sobre a Ação Penal 470, o processo do chamado “mensalão”. Na opinião dos comunistas, foi um “julgamento de exceção”, com caráter “eminentemente político”, que chegou a “sentenças injustas e desproporcionais”. Leia a íntegra da nota intitulada “Em defesa do Estado democrático de direito”.

O Comitê Central do Partido Comunista do Brasil – PCdoB –vem a público manifestar sua crítica ao processo de julgamento da Ação Penal 470 no Supremo Tribunal Federal. O STF já adotou posicionamentos favoráveis à democracia, à garantia de direitos individuais e a outras importantes causas para o avanço da sociedade. Como os demais poderes da República, não é infalível. Neste caso, sob intensa pressão da mídia, marcou o julgamento para as vésperas de uma eleição, chegando a sentenças injustas e desproporcionais, em um julgamento de exceção que foi, assim, de caráter eminentemente político.

A mídia conservadora promove a execração pública dos acusados

O julgamento do STF da Ação Penal 470, o chamado mensalão do PT, é resultante de uma ofensiva político-ideológica iniciada há sete anos. O seu ponto de partida residiu na denúncia da existência de compra de votos de parlamentares, apresentada na ocasião pelo deputado Roberto Jefferson. Desde quando a denúncia foi examinada pela Câmara dos Deputados e, posteriormente, na instrução do processo pela Procuradoria Geral da República, foi reconhecido por alguns réus que o ilícito cometido foi a prática de financiamento ilegal de campanha eleitoral, o chamado caixa-dois.
Todos os que foram ouvidos no processo – e foram numerosos – disseram desconhecer a propalada compra de votos. Todos, exceto um, o autor da denúncia, arrolado entre os réus. Pois foi neste testemunho que o STF se apoiou. E foi com base nele que a mídia conservadora e a oposição lançaram a campanha virulenta que se viu no país nos últimos meses. Construíram uma “grande narrativa” em torno de compra de votos de parlamentares com recursos desviados do patrimônio público, que teria sido capitaneada pelo então ministro José Dirceu. Este se tornou o alvo principal das acusações, visto como o vínculo com o governo do ex-presidente Lula. Nessa campanha, os acusados foram execrados, linchados e condenados perante a opinião pública sem qualquer defesa.

O objetivo da campanha em sua fase inicial era a tentativa de impeachment do presidente Lula, em 2005. O apoio de que este gozava junto a amplas camadas do povo brasileiro, por sua política econômico-social, impediu que prosperasse tal tentativa. Todavia, visando batalhas futuras, deu-se prosseguimento à campanha sistemática de desmoralização do PT, da esquerda e do ex-presidente. Ela tem um nítido perfil político-ideológico objetivando derrotar o modelo de desenvolvimento em curso, estigmatizar e fragilizar politicamente as forças que o protagonizam, atingir a liderança de Lula, na tentativa de retomar as rédeas do país e adotar uma política a serviço dos setores conservadores.

O julgamento político do chamado mensalão

A mídia conservadora julgou por antecipação e condenou, independentemente de provas, os cidadãos acusados na Ação Penal 470. Sob tal pressão e ambiente inquisitorial, o STF alterou jurisprudências já consolidadas na própria Corte para dar fundamentação jurídica à condenação.

Adoção da “teoria do domínio funcional do fato”

A mais importante alteração de jurisprudência diz respeito à adoção da “teoria do domínio funcional do fato”. Segundo ela, o autor não é apenas quem executa o crime, mas quem tem poder de decisão sobre sua realização.

Tal orientação jurídica, por todos os fundamentos até agora apresentados, teve o objetivo de criar as condições para condenar o “núcleo político” do chamado mensalão. Tanto o procurador-geral Roberto Gurgel quanto o ministro-relator Joaquim Barbosa destacaram a dificuldade de se encontrar provas para a condenação. O fato grave é que, diante disso, o STF alterou a jurisprudência e condenou os acusados com base em presunção de culpa e responsabilidade penal objetiva, conferindo ao julgamento uma característica de exceção.

Supressão do ato de ofício na comprovação da culpa

A outra alteração da jurisprudência decorreu da primeira, com a supressão da exigência do ato de ofício para a responsabilização penal do acusado. O ato de ofício é o ato ilícito praticado por administrador no exercício da sua função, que comprova a culpa. Com esta alteração, o acusado pode ser condenado sem prova, pelo simples fato de pertencer à cúpula de uma determinada organização política, administrativa ou empresarial.

Com isso chega-se ao absurdo em que o ônus da prova fica total e inconstitucionalmente invertido, passando a ser obrigação do acusado provar sua inocência. E subverte-se o princípio democrático fundamental do direito penal em que, quando há dúvida, a decisão judicial deve favorecer o acusado (in dubio pro reo). Com as alterações promovidas, o princípio passa a ser “na dúvida, contra o réu”. Isso atenta contra as garantias constitucionais até agora asseguradas e cria insegurança jurídica, com o fim do garantismo e o rebaixamento do direito de defesa, o que é incompatível com o Estado democrático de direito.

A consequência lógica das alterações da jurisprudência não poderia ser outra – a condenação sem provas do núcleo político da Ação Penal 470. Tanto assim que o procurador-geral reconheceu dispor de “provas tênues” contra o ex-ministro José Dirceu. Defendendo a necessidade da certeza para a condenação, a ministra Carmem Lúcia se manifestou no sentido de que “para condenação, exige-se certeza, não bastando a grande probabilidade“.

As evidências do caráter político do processo

O objetivo político de tudo isto fica cada vez mais claro. O julgamento foi realizado no período eleitoral, num clima de radicalização política. Tal circunstância retirou a tranquilidade necessária para um julgamento isento, já que, mesmo inconcluso, foi utilizado fartamente como propaganda eleitoral da oposição, em sua ofensiva política e ideológica para desmoralizar as forças do avanço. Tanto assim que o procurador-geral Roberto Gurgel fez questão de explicitar este sentido quando, falando das consequências do julgamento sobre o processo eleitoral, afirmou à imprensa: “A meu ver seria bom que houvesse, seria salutar”.

Além disso, o julgamento adotou dois pesos e duas medidas com a decisão do STF de não acatar o desmembramento do processo da Ação Penal 470, mas determinar o desmembramento no caso do chamado mensalão mineiro, envolvendo o ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo, do PSDB. Neste caso ficaram para ser julgados pelo STF apenas os acusados que tinham foro privilegiado.

A Constituição brasileira estabelece, de forma clara, quais as pessoas que devem ser julgadas pelo STF. Tal definição determina, no caso da Ação Penal 470, que sejam julgados pelo STF apenas os parlamentares. Sem levar em conta este dispositivo constitucional, o STF não acatou o pedido de desmembramento da Ação Penal 470 para que os que não são parlamentares fossem julgados pela justiça de primeiro grau, para assegurar o direito constitucional aos recursos.

Isso ficou ainda mais explícito com o adiamento do julgamento da referida Ação Penal do chamado mensalão mineiro, do PSDB, cronologicamente anterior. Ela já estava pronta para ser julgada pelo STF. No entanto, o julgamento da Ação 470 foi antecipado, numa clara manobra para prejudicar o PT.

Os fatos expostos demonstram o caráter de um julgamento penal moldado à decisão de condenação eminentemente política. Além da insegurança jurídica já referida quanto às garantias constitucionais, isso poderá constituir um ambiente de instabilidade institucional, com a possibilidade de questionamentos até mesmo da legalidade de atos do governo e de matérias aprovadas pelo Congresso durante o período em que, supostamente, houve compra de votos.
O financiamento privado de campanha: raiz da corrupção eleitoral
É justo e necessário combater a corrupção política no país, que atenta contra a democracia e os interesses do povo e tem acarretado grandes prejuízos à nação. É um sentido reclamo popular. Contudo, o PCdoB está convencido de que a raiz dos escândalos de corrupção política no país, historicamente, é o financiamento privado das campanhas eleitorais.

O financiamento privado de campanha é a ingerência do poder econômico nas eleições e acarreta inúmeras consequências, entre elas o compromisso que, às vezes, se estabelece entre os políticos e os financiadores de campanha. Isso estimula o superfaturamento de obras, com o desvio de recursos públicos, além de outras consequências negativas para o processo eleitoral e para a democracia no país. Mais grave ainda é que muitas vezes o financiamento privado é realizado pela via ilegal, o chamado caixa-dois, “não-contabilizado”.

A solução para acabar com o crime do caixa-dois é a adoção do financiamento público de campanha. A reforma política com o financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais é uma iniciativa fundamental para combater a corrupção na vida política e avançar no processo democrático.
Unir forças para o avanço democrático e contra tentativas de retrocesso
O resultado do julgamento, no presente estágio, foi a culminância da campanha midiática dirigida contra o “núcleo político” do chamado mensalão. Tal campanha visa a atingir, em última instância, o novo ciclo político aberto no país, que melhorou as condições de vida do nosso povo e se defronta com muitos obstáculos conservadores, na mídia monopolizada e na direita brasileira. Visam a fragilizar a liderança do ex-presidente Lula, do PT e da esquerda.

O fato é que, em decorrência da realização de um governo voltado para os trabalhadores e o desenvolvimento do país, Lula se transformou na maior liderança política brasileira. Tal fato cria obstáculos para a alteração do atual modelo de desenvolvimento do país, frente a uma oposição que não tem projeto nacional e democrático a oferecer ao Brasil.

O País está diante de uma poderosa campanha político-ideológica que visa debilitar as forças que hoje sustentam o atual ciclo de desenvolvimento, na tentativa de fazer retornar o neoliberalismo. Bom recordar que esta corrente levou o Brasil à estagnação econômica, concentração da renda, agravamento das condições de vida do povo e à dependência nacional. O povo brasileiro necessita estar esclarecido e atento sobre o significado dessa campanha.

Torna-se indispensável unir amplas forças para avançar nas reformas democráticas e para enfrentar o recrudescimento dos ataques do conservadorismo. Estes ataques não hesitam em debilitar e ferir direitos e garantias democráticas consagrados na Constituição, tais como a exigência de provas para a condenação, a presunção de inocência e o direito de resposta para pessoas e instituições ofendidas injustamente pelos meios de comunicação. Trata-se de defender e ampliar a democracia, por meio de um amplo movimento da sociedade, constituído por lideranças políticas, sociais e do mundo do direito e da justiça, por forças da intelectualidade e da cultura, para ampliar a democracia e conter os ataques que visam ao retrocesso democrático.

Tal movimento se volta também à democratização do Judiciário, seu funcionamento ágil e independente; a instituição de mandatos para os ministros dos Tribunais superiores; a implantação de ouvidorias como canal de participação popular e o fortalecimento dos defensores públicos para assegurar os direitos das camadas mais pobres da população.

O futuro do Brasil, sua afirmação nacional, com progresso social e consolidação democrática, depende disso. Necessita de forte união da base de sustentação do governo da presidenta Dilma, da esquerda e do povo brasileiro em defesa dos avanços econômico-sociais e da liderança do ex-presidente Lula.

O Comitê Central do Partido Comunista do Brasil
São Paulo, 2 de dezembro de 2012


 

Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=200372&id_secao=1#.UL1vvOWe1Hc.facebook

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Jornalista Joelmir Beting morre em São Paulo


Depois de sofrer um AVC no último domingo,  morreu no início da madrugada desta quinta-feira, dia 29 de novembro de 2012 o jornalista Joelmir Beting.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Nota do PT sobre a Ação Penal 470

 
Leia o documento aprovado nesta quarta-feira durante reunião da Comissão Executiva Nacional do PT, em São Paulo


O PT E O JULGAMENTO DA AÇÃO PENAL 470

O PT, amparado no princípio da liberdade de expressão, critica e torna pública sua discordância da decisão do Supremo Tribunal Federal que, no julgamento da Ação Penal 470, condenou e imputou penas desproporcionais a alguns de seus filiados.

1. O STF não garantiu o amplo direito de defesa

O STF negou aos réus que não tinham direito ao foro especial a possibilidade de recorrer a instâncias inferiores da Justiça. Suprimiu-lhes, portanto, a plenitude do direito de defesa, que é um direito fundamental da cidadania internacionalmente consagrado.

A Constituição estabelece, no artigo 102, que apenas o presidente, o vice-presidente da República, os membros do Congresso Nacional, os próprios ministros do STF e o Procurador Geral da República podem ser processados e julgados exclusivamente pela Suprema Corte. E, também, nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os ministros de Estado, os comandantes das três Armas, os membros dos Tribunais superiores, do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática em caráter permanente.

Foi por esta razão que o ex-ministro Marcio Thomaz Bastos, logo no início do julgamento, pediu o desmembramento do processo. O que foi negado pelo STF, muito embora tenha decidido em sentido contrário no caso do “mensalão do PSDB” de Minas Gerais.

Ou seja: dois pesos, duas medidas; situações idênticas tratadas desigualmente.

Vale lembrar, finalmente, que em quatro ocasiões recentes, o STF votou pelo desmembramento de processos, para que pessoas sem foro privilegiado fossem julgadas pela primeira instância – todas elas posteriores à decisão de julgar a Ação Penal 470 de uma só vez.

Por isso mesmo, o PT considera legítimo e coerente, do ponto de vista legal, que os réus agora condenados pelo STF recorram a todos os meios jurídicos para se defenderem.

2. O STF deu valor de prova a indícios

Parte do STF decidiu pelas condenações, mesmo não havendo provas no processo. O julgamento não foi isento, de acordo com os autos e à luz das provas. Ao contrário, foi influenciado por um discurso paralelo e desenvolveu-se de forma “pouco ortodoxa” (segundo as palavras de um ministro do STF). Houve flexibilização do uso de provas, transferência do ônus da prova aos réus, presunções, ilações, deduções, inferências e a transformação de indícios em provas.

À falta de elementos objetivos na denúncia, deducões, ilações e conjecturas preencheram as lacunas probatórias – fato grave sobretudo quando se trata de ação penal, que pode condenar pessoas à privação de liberdade. Como se sabe, indícios apontam simplesmente possibilidades, nunca certezas capazes de fundamentar o livre convencimento motivado do julgador. Indícios nada mais são que sugestões, nunca evidências ou provas cabais.

Cabe à acusação apresentar, para se desincumbir de seu ônus processual, provas do que alega e, assim, obter a condenação de quem quer que seja. No caso em questão, imputou-se aos réus a obrigação de provar sua inocência ou comprovar álibis em sua defesa—papel que competiria ao acusador. A Suprema Corte inverteu, portanto, o ônus da prova.

3. O domínio funcional do fato não dispensa provas

O STF deu estatuto legal a uma teoria nascida na Alemanha nazista, em 1939, atualizada em 1963 em plena Guerra Fria e considerada superada por diversos juristas. Segundo esta doutrina, considera-se autor não apenas quem executa um crime, mas quem tem ou poderia ter, devido a sua função, capacidade de decisão sobre sua realização. Isto é, a improbabilidade de desconhecimento do crime seria suficiente para a condenação.

Ao lançarem mão da teoria do domínio funcional do fato, os ministros inferiram que o ex-ministro José Dirceu, pela posição de influência que ocupava, poderia ser condenado, mesmo sem provarem que participou diretamente dos fatos apontados como crimes. Ou que, tendo conhecimento deles, não agiu (ou omitiu-se) para evitar que se consumassem. Expressão-síntese da doutrina foi verbalizada pelo presidente do STF, quando indagou não se o réu tinha conhecimento dos fatos, mas se o réu “tinha como não saber”...

Ao admitir o ato de ofício presumido e adotar a teoria do direito do fato como responsabilidade objetiva, o STF cria um precedente perigoso: o de alguém ser condenado pelo que é, e não pelo que teria feito.

Trata-se de uma interpretação da lei moldada unicamente para atender a conveniência de condenar pessoas específicas e, indiretamente, atingir o partido a que estão vinculadas.

4. O risco da insegurança jurídica

As decisões do STF, em muitos pontos, prenunciam o fim do garantismo, o rebaixamento do direito de defesa, do avanço da noção de presunção de culpa em vez de inocência. E, ao inovar que a lavagem de dinheiro independe de crime antecedente, bem como ao concluir que houve compra de votos de parlamentares, o STF instaurou um clima de insegurança jurídica no País.

Pairam dúvidas se o novo paradigma se repetirá em outros julgamentos, ou, ainda, se os juízes de primeira instância e os tribunais seguirão a mesma trilha da Suprema Corte.

Doravante, juízes inescrupulosos, ou vinculados a interesses de qualquer espécie nas comarcas em que atuam poderão valer-se de provas indiciárias ou da teoria do domínio do fato para condenar desafetos ou inimigos políticos de caciques partidários locais.

Quanto à suposta compra de votos, cuja mácula comprometeria até mesmo emendas constitucionais, como as das reformas tributária e previdenciária, já estão em andamento ações diretas de inconstitucionalidade, movidas por sindicatos e pessoas físicas, com o intuito de fulminar as ditas mudanças na Carta Magna.

Ao instaurar-se a insegurança jurídica, não perdem apenas os que foram injustiçados no curso da Ação Penal 470. Perde a sociedade, que fica exposta a casuísmos e decisões de ocasião. Perde, enfim, o próprio Estado Democrático de Direito.

5. O STF fez um julgamento político

Sob intensa pressão da mídia conservadora—cujos veículos cumprem um papel de oposição ao governo e propagam a repulsa de uma certa elite ao PT - ministros do STF confirmaram condenações anunciadas, anteciparam votos à imprensa, pronunciaram-se fora dos autos e, por fim, imiscuiram-se em áreas reservadas ao Legislativo e ao Executivo, ferindo assim a independência entre os poderes.

Único dos poderes da República cujos integrantes independem do voto popular e detêm mandato vitalício até completarem 70 anos, o Supremo Tribunal Federal - assim como os demais poderes e todos os tribunais daqui e do exterior - faz política. E o fez, claramente, ao julgar a Ação Penal 470.
Fez política ao definir o calendário convenientemente coincidente com as eleições. Fez política ao recusar o desmembramento da ação e ao escolher a teoria do domínio do fato para compensar a escassez de provas.

Contrariamente a sua natureza, de corte constitucional contra-majoritária, o STF, ao deixar-se contaminar pela pressão de certos meios de comunicação e sem distanciar-se do processo político eleitoral, não assegurou-se a necessária isenção que deveria pautar seus julgamentos.

No STF, venceram as posições políticas ideológicas, muito bem representadas pela mídia conservadora neste episódio: a maioria dos ministros transformou delitos eleitorais em delitos de Estado (desvio de dinheiro público e compra de votos).

Embora realizado nos marcos do Estado Democrático de Direito sob o qual vivemos, o julgamento, nitidamente político, desrespeitou garantias constitucionais para retratar processos de corrupção à revelia de provas, condenar os réus e tentar criminalizar o PT. Assim orientado, o julgamento convergiu para produzir dois resultados: condenar os réus, em vários casos sem que houvesse provas nos autos, mas, principalmente, condenar alguns pela “compra de votos” para, desta forma, tentar criminalizar o PT.

Dezenas de testemunhas juramentadas acabaram simplesmente desprezadas. Inúmeras contraprovas não foram sequer objeto de análise. E inúmeras jurisprudências terminaram alteradas para servir aos objetivos da condenação.

Alguns ministros procuraram adequar a realidade à denúncia do Procurador Geral, supostamente por ouvir o chamado clamor da opinião pública, muito embora ele só se fizesse presente na mídia de direita, menos preocupada com a moralidade pública do que em tentar manchar a imagem histórica do governo Lula, como se quisesse matá-lo politicamente. O procurador não escondeu seu viés de parcialidade ao afirmar que seria positivo se o julgamento interferisse no resultado das eleições.

A luta pela Justiça continua

O PT envidará todos os esforços para que a partidarização do Judiciário, evidente no julgamento da Ação Penal 470, seja contida. Erros e ilegalidades que tenham sido cometidos por filiados do partido no âmbito de um sistema eleitoral inconsistente - que o PT luta para transformar através do projeto de reforma política em tramitação no Congresso Nacional - não justificam que o poder político da toga suplante a força da lei e dos poderes que emanam do povo.

Na trajetória do PT, que nasceu lutando pela democracia no Brasil, muitos foram os obstáculos que tivemos de transpor até nos convertermos no partido de maior preferência dos brasileiros. No partido que elegeu um operário duas vezes presidente da República e a primeira mulher como suprema mandatária. Ambos, Lula e Dilma, gozam de ampla aprovação em todos os setores da sociedade, pelas profundas transformações que têm promovido, principalmente nas condições de vida dos mais pobres.

A despeito das campanhas de ódio e preconceito, Lula e Dilma elevaram o Brasil a um novo estágio: 28 milhões de pessoas deixaram a miséria extrema e 40 milhões ascenderam socialmente.
Abriram-se novas oportunidades para todos, o Brasil tornou-se a 6a.economia do mundo e é respeitado internacionalmente, nada mais devendo a ninguém.

Tanto quanto fizemos antes do início do julgamento, o PT reafirma sua convicção de que não houve compra de votos no Congresso Nacional, nem tampouco o pagamento de mesada a parlamentares. Reafirmamos, também, que não houve, da parte de petistas denunciados, utilização de recursos públicos, nem apropriação privada e pessoal.

Ao mesmo tempo, reiteramos as resoluções de nosso Congresso Nacional, acerca de erros políticos cometidos coletiva ou individualmente.

É com esta postura equilibrada e serena que o PT não se deixa intimidar pelos que clamam pelo linchamento moral de companheiros injustamente condenados. Nosso partido terá forças para vencer mais este desafio. Continuaremos a lutar por uma profunda reforma do sistema político - o que inclui o financiamento público das campanhas eleitorais - e pela maior democratização do Estado, o que envolve constante disputa popular contra arbitrariedades como as perpetradas no julgamento da Ação Penal 470, em relação às quais não pouparemos esforços para que sejam revistas e corrigidas.

Conclamamos nossa militância a mobilizar-se em defesa do PT e de nossas bandeiras; a tornar o partido cada vez mais democrático e vinculado às lutas sociais. Um partido cada vez mais comprometido com as transformações em favor da igualdade e da liberdade.


São Paulo, 14 de novembro de 2012.
Comissão Executiva Nacional do PT.

Fonte:  http://www.pt.org.br/noticias/view/nota_do_pt_sobre_a_acaeo_penal_470

terça-feira, 13 de novembro de 2012

O líder José Dirceu

                             
                                                                      Grando homem

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Assine o manifesto de apoio ao ministro Ricardo Lewandowski



Tardiamente, cumpre ao Blog da Cidadania fazer uma homenagem a um homem que, desafiando os poderes imensuráveis que colocaram seus pares no STF de joelhos, deu ao Brasil uma aula de decência e coragem.

O carioca Enrique Ricardo Lewandowski, de 64 anos, desde o primeiro momento do julgamento da ação penal 470 não se vergou a pressões, a intimidações, a insultos e à chacota.

Foi atacado, ridicularizado, achincalhado, difamado pela grande imprensa e até por grande parte dos seus pares no STF, sobretudo quando absolveu José Dirceu da condenação por corrupção ativa, e rejeitou a tese, jamais provada, de que o PT teria “comprado votos”.

Ao justificar seu voto absolvendo Dirceu, recorreu ao principal teórico da atualidade sobre a teoria jurídica usada para condenar o ex-ministro, o alemão Claus Roxin, que, segundo Lewandoski, divergiria da interpretação da maioria esmagadora do STF sobre o Domínio do Fato.

Em 11 de novembro de 2012, passadas as condenações com base nessa teoria, o jornal Folha de São Paulo publica entrevista do teórico alemão que repudia a interpretação que os pares de Lewandoski deram ao seu trabalho.

Os ministros Carlos Ayres Britto, Cezar Peluzzo, Carmem Lúcia, Gilmar Mendes, Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Marco Aurélio Mello, Rosa Weber e Celso de Mello, portanto, trocaram o julgamento da história pelo julgamento da mídia e da opinião publicada.

Até José Antonio Dias Tóffoli, apesar de nadar contra a maré quanto a Dirceu, em algum momento se deixou intimidar. Lewandoski, não. Permaneceu e permanece firme, impávido, em defesa do Estado de Direito.

Não é fácil fazer o que fez esse portento de coragem e decência. O grupo social que esses ministros freqüentam é impiedoso, medíocre e, não raro, truculento. E se pauta exclusivamente pela mídia.
Os aplausos fáceis que Joaquim Barbosa auferiu com suas cada vez mais evidentes pretensões político-eleitorais jamais seduziram Lewandowski, que desprezou o ouro dos tolos e ficou ao lado da verdade.

Convido, pois, os leitores deste blog a escreverem suas homenagens ao ministro Lewandowski, as quais lhe serão enviadas, com vistas a se contrapor aos ataques rasteiros e covardes que ele vem sofrendo.


Fonte: http://www.blogdacidadania.com.br/2012/11/assine-o-manifesto-de-apoio-ao-ministro-ricardo-lewandowski/

sábado, 10 de novembro de 2012

STF está criando um mártir



Desde que foi cassado pela Câmara dos Deputados, José Dirceu se tornara uma figura anódina. Apesar de ter continuado a influir dentro do PT, em termos gerais – e, sobretudo, eleitorais – passou a não cheirar nem feder na grande política brasileira.

Se o ex-ministro não submergiu completamente foi por conta da mídia oposicionista, que o manteve em evidência durante sete anos com o propósito escancarado de desgastar o PT, sendo os últimos meses o ápice desse processo.

A irrelevância política que Dirceu assumiu, porém, pode mudar. Mas não como pretendiam os seus inimigos.

De 2007 para cá, ele foi alvo de inúmeras capas da Veja, de manchetes de primeira página em jornais e de longas matérias em telejornais, sempre em tom condenatório. Parece até que os quatro cavaleiros midiáticos do apocalipse (Globo, Folha, Estadão e Veja) sabiam do desfecho que teria o juízo dele no Supremo Tribunal Federal…

Há um ano, porém, poucos apostariam na condenação de Dirceu. Inclusive ele mesmo. Não se imaginava que um político, culpado ou inocente, pudesse ser condenado por uma Corte que jamais utilizou critérios sequer parecidos para julgar políticos. Ainda mais sem haver provas.
Contudo, o tiro saiu pela culatra.

Recentemente, completaram-se sete anos desde que o jornal Folha de São Paulo publicou a célebre entrevista do ex-deputado Roberto Jefferson que desencadearia essa que vem sendo a maior – e a única – aposta da oposição para tomar o poder central do PT.

Essa campanha, essa aposta abraçada com sofreguidão pela grande imprensa, porém, começou a fracassar em 2006, em termos eleitorais, e não parou mais. A oposição não colheu absolutamente nada da exploração da imagem de Dirceu e de seus problemas com a Justiça.

A grande esperança era 2012. Com a condenação do ex-ministro pelo Supremo Tribunal Federal, esperava-se que essa maioria do eleitorado brasileiro que vem mantendo o PT no poder finalmente acolhesse a tese de que é um partido corrupto e deixasse de votar nele.

Não aconteceu. E mais: após uma campanha midiática de difamação contra o PT ainda maior do que a de 2005/2006, o partido saiu do processo eleitoral deste ano como campeão de votos – por ter sido o partido que mais recebeu votos (cerca de vinte milhões).

Como se não bastasse, o PT também tomou da oposição cidade que é considerada a “jóia da coroa” entre os municípios, São Paulo, onde se acreditava que o antipetismo fosse mais intenso em todo o país.

Por ser uma região metropolitana em que a comunicação de massas alcança a praticamente todos, queiram ou não, ninguém – nem mesmo o PT – imaginaria que fosse possível vencer uma eleição em São Paulo, onde o julgamento do mensalão ganhou maior repercussão.

Adicionando as três últimas eleições presidenciais à equação, torna-se lícito afirmar que a maioria empobrecida do povo brasileiro, bem como um naco considerável da classe média, desconfia de que o PT vem sendo alvo de uma campanha injusta por parte “dos ricos”.

O longo preâmbulo visa contextualizar o cenário em que José Dirceu, graças aos excessos do STF e da grande mídia no âmbito do julgamento mensalão, tem tudo para deixar de ser uma figura política irrelevante para se tornar um mártir.

Sua trajetória, sua prisão política durante a ditadura, e agora a condenação sem provas pelo STF, com magistrados à beira da histeria, trocando ofensas entre si enquanto despejam sobre o país um linguajar empolado do alto de posturas (inclusive físicas) imperiais, condimentam a receita da tese de martírio desse político tão polêmico.

O próprio, inclusive, contribui para a imagem de si que pode vir a se concretizar ainda mais quando a mídia alcançar seu intento principal de reproduzir para o país a celebre cena que ele protagonizou durante a ditadura ao exibir os pulsos algemados para uma câmera fotográfica.

Dirceu, apesar da condenação, não se calou. Segue altivo, denunciando cada chicana jurídica usada para condená-lo. Além do que, ninguém sabe dizer qual é a prova de que cometeu algum crime.

O máximo que se tem são ilações de que “tinha que saber” do mensalão por força do cargo que ocupava à época dos fatos e de que sua ex-mulher recebeu um empréstimo e um emprego de um dos bancos envolvidos no escândalo.

Contudo, a teoria de que alguém que ocupou cargo tão alto na República tenha organizado um grande esquema de compra de votos em troca de um financiamento e de um emprego que nem mesmo o beneficiaram diretamente, é risível. Imagine, leitor, se todo o corrupto fosse pago com empréstimos e empregos. Seria o melhor dos mundos.

Quanto à teoria de que Dirceu “tinha que saber” por ocupar um cargo importante no governo é tão risível que nem valeria a pena comentar. Aliás, ela explica a tentativa de envolver Lula, porque se Dirceu foi condenado por isso ele também tinha que ser…

E um fato recente está contribuindo ainda mais com a imagem épica de Dirceu. Ao anunciar punição aos réus do mensalão por conta da pena do ex-ministro, que teima em não se calar, seu maior algoz, o ministro Joaquim Barbosa, deu a ele a oportunidade de consolidar ainda mais tal imagem.

Esse, aliás, é o diferencial que faz de Dirceu um forte candidato a mártir e herói da resistência. À diferença de José Genoino, que se deixou abater severamente e se calou, ele não se rendeu.

Por fim, o último ingrediente. A prisão que vier a abrigar Dirceu pode, sim, vir a ser alvo de ruidosas manifestações de partidos e movimentos sociais, ainda que só após o fim do julgamento, de forma a não açularem o espírito vingativo do STF.

Dirceu pagará dois, três anos de prisão para se tornar mártir e um dia, à luz da história, talvez até herói nacional. Por conta disso, seus inimigos devem torcer para que não seja assassinado na prisão, pois aí seu martírio heróico se materializará muito antes.

Fonte: http://www.blogdacidadania.com.br/2012/11/stf-esta-criando-um-martir/

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O lado bom do ataque a Lula

Longe do Brasil por viagem de trabalho, não pude tentar obter maiores informações sobre matéria que li no blog de Luis Nassif quanto a uma posição espantosa do governo Dilma em relação ao comportamento escancaradamente partidarizado do Ministério Público Federal e do Supremo Tribunal Federal em conluio com a mídia e a oposição.

A saber: seria consenso no governo federal que, passado o julgamento do mensalão, a situação política tenderia a se acomodar e, portanto, as indicações da presidente para as vagas que serão abertas no STF e na Procuradoria Geral da República no ano que vem não teriam preocupação com a posição política dos candidatos a elas.

Caso se tratasse de uma declaração oficial da presidente ou de altos membros do governo, não haveria nada demais. Protocolarmente, não dá para a chefe de governo ou seus subordinados saírem pregando que os candidatos ao STF e à PGR sejam submetidos a escrutínio quanto a partidarismo.

No entanto, não se trata de uma declaração oficial.O que Nassif veiculou foi uma informação em off, ou seja, alguém do governo lhe passou tal informação. Essa é a parte espantosa. Não se trata de uma declaração meramente protocolar, mas, sendo procedente, de um autismo estarrecedor.

E não foi só: o PT arquivou manifesto que anunciou que publicaria contra o julgamento de exceção ora em curso no Supremo Tribunal Federal. Além disso, movimentos sociais como a CUT ou o MST não dão sinais de que irão às ruas contra a partidarização do STF e do MPF.

Pouco depois disso tudo, a oposição representou contra Lula na PGR pedindo que seja investigado (de novo) pelo mensalão. Trata-se da mesma PGR que o mesmo Nassif acaba de revelar, sob informações do advogado de Marcos Valério, que amaciou para tucanos e endureceu contra petistas, não indiciando os primeiros e indiciando os segundos.

Ora, ora… Alguém acredita que não está tudo acertado entre o doutor Roberto Gurgel, a oposição e os ministros adeptos do “domínio do fato” para réus filiados ou ligados ao PT e do In Dubio Pro Reo para tucanos e aliados de tucanos?

Alguém acredita, portanto, que existe a menor chance de o PGR arquivar essa representação por não conter nenhum fato novo? Claro que não. É óbvio que Gurgel, STF, mídia e os “doutos” e “inatacáveis” PSDB, DEM e PPS já têm tudo acordado. Lula será indiciado tão certo quanto o dia sucede a noite.

Voltemos alguns dias no tempo, a outra suposta declaração da presidente Dilma que se espalhou pelo Partido da Imprensa Golpista (PIG), no sentido de que seu governo só comprará briga contra o conclave golpista demo-tucano-midiático-judiciário se Lula for envolvido em um processo de exceção.

A liderança do governo na reação ao golpe por certo traria movimentos sociais como CUT, MST, UNE e outros para o embate. E, neste momento, o embate é bom e necessário.

Não só no front interno quanto no externo, pois a democracia está ameaçada quando instituições como Judiciário e o Ministério Público se aliam a partidos de oposição contra o partido que elegeu os últimos três chefes do Poder Executivo Federal.

O indiciamento de Lula em um processo absurdo – por estar sendo desencadeado sem nada além de fofocas de um condenado pela Justiça e de alguns jornais e revistas – é um ataque gravíssimo á democracia, comparável aos golpes “brancos” desfechados em países que foram segregados pela comunidade internacional – Paraguai e Honduras.

Tem que haver reação.

O lado bom do ataque a Lula é que fará as forças democráticas da nação despertarem, de forma a denunciarem ao mundo tentativa de golpe que, sem dúvida, pretende chegar à própria Dilma Rousseff, quem, sem esse estratagema da direita, irá se reeleger com folga em 2014. Então que venham. Será até melhor.

Fonte: http://www.blogdacidadania.com.br/2012/11/o-lado-bom-do-ataque-a-lula/

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Deputado Rogério Correia sai em defesa de Lula e contra a revista Veja


Não é necessário nenhuma observação.
As palavras do deputado dizem tudo.

Parabéns deputado Rogério Correia - Líder do PT

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Grau de violência em SP impõe o emprego das Forças Armadas



Autor:
 
Milton Corrêa da Costa
 
Por mais que as autoridades de São Paulo tenham relutado em aceitar a cooperação do governo federal para conter o preocupante quadro de violência, como deixou bem claro recentemente o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, já não se pode negar que a violência contínua e ousada em São Paulo, com uma série de ataques e execuções em vias públicas, retrata um contexto de gravíssimo comprometimento da ordem pública, num autêntico cenário de um "Novo México". O plano de ação conjunta, anunciado ontem (01/10), num entendimento entre a presidente Dilma Rousseff e o governador Geraldo Alckmin, sem que inclua, como urgente medida de impacto, o emprego das Forças Armadas, talvez já não consiga frear a violência na Grande São Paulo, que vive hoje sob o cenário do medo, do terror e da rotina de execuções. Não adianta mais tapar o sol com a peneira. É preciso encarar a incômoda realidade.

Entre o final da noite desta quinta-feira e a manhã de hoje (02/12), para atualizar a rotina do noticiário da violência, dez pessoas foram mortas em São Paulo e mais um policial militar, por motoqueiros, em São Bernardo do Campo, além de um policial civil, ferido a tiros pelas costas também por motoqueiros (nada levaram da vítima). Na madrugada de ontem, mais dois policiais militares, de folga, tinham sido executados e os corpos encontrados numa favela. Já chegam a 89 policiais militares, sendo 73 do serviço ativo e 16 inativos, além de 18 agentes penitenciários, os agentes do estado mortos este ano, boa parte na proximidade de suas residências. Outros 140 PMs sofreram tentativas de assassinato o Estado. Na quarta-feira (31/10), na Favela de Paraisópolis, ocupada por 546 PMs desde segunda-feira, foi encontrada uma lista com 40 nomes, dos quais dez seriam policias marcados para morrer. A rotina dos policias estava descrita na macabra lista. Na terça-feira, criminosos colocaram dinamite na casa de um policial na Vila Curuçá. na Zona Leste de São Paulo. O artefato, que acabou desativado num campo de futebol, se fosse detonado, poderia atingir e matar pessoas num raio de dez metros.

Numa reunião comunitária, realizada recentemente, há relatos de "toques de recolher" em diferentes regiões da Grande São Paulo e a Baixada Santista também seria alvo da violência, relatam os representantes de movimentos sociais, conforme noticiado na imprensa em encontro acompanhado por jornalistas. Ademais, o terror não seria exclusividade da maior facção criminosa de São Paulo. Grupos de extermínio e milícias integradas por policiais militares, em disputa por pontos de tráfico com a citada facção e do controle da propina de caça-níqueis (relato de um agente público marcado para morrer), também estariam por trás da onda de violência que assusta São Paulo. Recentes matérias televisivas mostraram também, através gravações telefônicas interceptadas, conforme investigações da polícia, a ousada trama de integrantes de uma facção criminosa que ali predomina para matar PMs naquele Estado. Num caso mais recente, um traficante, preso com certa quantidade drogas, e que se fazia passar por dono de um bar, anunciava, a uma interlocutora, em linguagem dissimulada, a data dos atentados a policiais militares.

O governador Geraldo Alckmin declarou que muitos criminosos, envolvidos nos ataques a PMs neste ano, já foram identificados e a Secretaria de Segurança Pública informou que 130 foram presos, além de 18 mortos em confronto com a polícia paulista. “É uma ação intimidatória por parte do crime organizado. O Estado não vai retroceder um milímetro. A polícia está trabalhando permanentemente, e é polícia nas ruas e criminosos na cadeia”, disse o governador.No entanto, na cidade de São Paulo, foi registrada uma alta nos homicídios de 27% em setembro, em relação a agosto. Os latrocínios ( roubo seguido de morte) cresceram 225%, na comparação do mesmo período. O número de civis mortos desde de o dia 19 de outubro, já chega a 79, executados em ações de criminosos ou em confronto com a polícia. O que é isso senão um cenário de um "Novo México?"

A grande questão - talvez não se possa mais fugir de tal realidade- caso prossigam os atentados, numa incômoda e grave ameaça à ordem pública e à ordem institucional, é que medida de força e impacto, na necessária restauração da lei e da ordem, com emprego das Forças Armadas, terá que ser tomada, antes que tais ataques se alastrem, virem rotina, desacreditem as autoridades e gerem generalizada sensação de insegurança e de temor ao crime. O que chama a atenção em São Paulo é a sequência, quase que ininterrupta, dos atos de violência e ousadia. As medidas a serem tomadas no plano de ação conjunta, como transferência de chefes do tráfico para penitenciárias federais, participação da Polícia Federal em cooperação na área de inteligência e talvez até mesmo a possibilidade de envio da Força Nacional de Segurança à São Paulo, já não garantiriam, com plena certeza, a restauração da ordem pública que se almeja imediata. A febre da violência em São Paulo é muito alta e permanente e medida de impacto, no freio da ousadia do banditismo, será inevitável.

Todo estado-membro tem limites de sua capacidade de ação de polícia. A exemplo do que ocorreu no Rio, em novembro de 2010, contra ações de sabotagem e vandalismo perpetradas por traficantes, resultando em “toque de recolher' da população, o governador Geraldo Alckmin, precisará solicitar o apoio das Forças Armadas.

O Artigo 15 da Lei Complementar 97/99, em seu parágrafo segundo, estabelece inclusive a forma pela qual as FFAA são empregadas na garantia da lei e da ordem:

§ 2º A atuação das Forças Armadas, na garantia da lei e da ordem, por iniciativa de quaisquer dos poderes constitucionais, ocorrerá de acordo com as diretrizes baixadas em ato do Presidente da República, após esgotados os instrumentos destinados à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, relacionados no art. 144 da Constituição Federal.

§ 3o (com o acréscimo da Lei Complementar 117/04)
Consideram-se esgotados os instrumentos relacionados no art. 144 da Constituição Federal quando, em determinado momento, forem eles formalmente reconhecidos pelo respectivo Chefe do Poder Executivo Federal ou ESTADUAL como indisponíveis, inexistentes ou insuficientes ao desempenho regular de sua missão constitucional.

Não se trata de nenhuma medida de fraqueza do governo estadual diante de um governo federal de oposição, convindo lembrar que a defesa da vida é apartidária. O governador Sérgio Cabral agiu, sem constrangimentos, de forma urgente e absolutamente necessária, com base na legislação específica em vigor aqui descrita, em novembro de 2010, solicitando o apoio ao governo federal. Até hoje as FFAA, numa ação cooperativa, são usadas, em apoio às forças de segurança do Estado, na tomada de comunidades oprimidas pelo tráfico. No Complexo do Alemão, uma fração de tropa do Exército ali permaneceu instalada, numa ação de integração, em patrulhamento, por mais de um ano, em apoio ao governo estadual, até que UPPs fossem ali implantadas definitivamente.

O caso de São Paulo requer, portanto, análise real de cenário e contexto e medidas imediatas de restauração da ordem pública e de sensação de segurança, com o apoio de tropas federais. São Paulo precisa encontrar, como no Rio, o seu remédio policial para um quadro de violência atípico e extremo. Sem um potente analgésico (Forças Armadas já) talvez não consiga baixar momentaneamente a febre da violência e tratar posteriormente a enfermidade.Todo estado-membro tem limites de capacidade operativa policial e as Forças Armadas, além da defesa da pátria e de garantia dos poderes constituídos, têm missão constitucional de garantia da lei e da ordem (vide Artigo 142 da Constituição Federal).

Policias e cidadãos em São Paulo, estão sob grave ameaça de vida e medida eficaz, de inteligência e de impacto, em nome da paz social, terá que ser tomada. O patrulhamento das vias públicas por forças federais, em conjunto com a policia estadual e a Força Nacional de Segurança, parece inevitável. Enquanto isso que a área de inteligência identifique os grupos criminosos, de policiais ou não, e os prenda em nome da lei. A ordem pública precisa ser urgentemente restaurada em São Paulo. É dever do estado de direito.

Fonte: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/grau-de-violencia-em-sp-impoe-o-emprego-das-forcas-armadas

domingo, 28 de outubro de 2012

São Paulo amadureceu pela dor




São Paulo está dando o primeiro passo para começar a se livrar de uma quadrilha formada por dois partidos que, há uma década, apesar de subsistirem em terras paulistas, o Brasil vem rejeitando progressivamente: o PSDB e o DEM. E por um consórcio de impérios de comunicação que atingiu o porte paquidérmico que tem hoje graças às incontáveis arcas de dinheiro público que recebeu da ditadura militar pelos favores que lhe prestou.

José Serra, o lunático que o povo de São Paulo ora manda para a aposentadoria, tem todas as características de capo: autoritário, impiedoso, preconceituoso, truculento, cínico e, segundo o livro A Privataria Tucana, desonesto – sua filha e outros parentes, enquanto o governo federal do PSDB vendia patrimônio público a preço de banana, recebiam milhões e milhões de dólares de remessas inexplicáveis do exterior.

Mas o que impôs a Serra a derrota acachapante da vez não foram os questionamentos éticos que, por um misto de cumplicidade da grande imprensa e de covardia de seus adversários políticos, (ainda) não estão sendo apurados, em que pese a CPI aprovada pela Câmara dos Deputados para esse fim, a qual, segundo se sabe, deverá ser instalada no início do próximo ano, na volta dos trabalhos do Congresso.

Como o tema é a eleição em São Paulo, o que se tem que analisar é que tudo o que está acontecendo se deve a que a cidade cometeu um erro fatal em 2004 e outro ainda maior em 2008 e tais erros lhe cobraram um alto preço.

Marta Suplicy foi eleita em 2000 com a missão de reparar a devastação praticada por Paulo Maluf e Celso Pitta na prefeitura ao longo da década de 1990, quando protagonizaram o primeiro grande erro dos paulistanos, o de negar voto a Eduardo Suplicy, indicado por Luiza Erundina, que fizera trabalho saneador da cidade após outra gestão catastrófica, a de Jânio Quadros, que, a exemplo das de Maluf, Pitta, José Serra e Gilberto Kassab, viu máfias se instalarem por toda a administração municipal.

Por omissão criminosa da grande imprensa paulista, São Paulo não sabe que a gestão Kassab está “sub judice”, com vários secretários e o próprio prefeito sendo acusados e investigados pelo Ministério Público por conta das novas máfias que se instalaram na administração municipal de forma a, por exemplo, lucrar com a liberação de construção de imóveis.

A mídia que a ditadura militar legou ao Brasil, porém, escondeu tudo isso do eleitor paulistano no âmbito de sua luta insana contra o Partido dos Trabalhadores, que já remonta a quase a um quarto de século (desde 1989).

Todavia, ainda em 2004, quando a excelente gestão Marta foi interrompida aos meros quatro anos (os grupos políticos de direita que governaram a cidade tiveram todos oito anos) assim como ocorreu com a de Erundina, já se sabia que a retomada das práticas criminosas e socialmente irresponsáveis que a direita iria impor à cidade cobrariam desta um preço, de forma que a conscientização do paulistano sobreviria, se não pelo amor (racionalidade), ao menos pela dor.

A cidade, pois, foi entregue a dois homens que utilizariam a administração municipal como trampolim para seus projetos políticos. Serra ficou no cargo pouco mais de um ano, pois se candidatou a prefeito em 2004 apenas para ganhar musculatura e recursos para disputar o governo do Estado dois anos depois, governo que também abandonaria para disputar a Presidência da República em 2010.

Kassab, assim como o padrinho político, também abandonou São Paulo na mão de assessores corruptos para montar um partido político, o PSD, que reúne, se não o que de pior havia no PSDB e no DEM, boa parte do lixo político que infecta esses partidos.

Enquanto Serra e Kassab se dedicavam aos seus projetos políticos, o caos foi se implantando na capital paulista. Violência, criminalidade, falta de mobilidade urbana, sujeira, abandono da população de rua (que explodiu), serviços públicos de quinto mundo, piores salários de servidores municipais, corrupção desbragada… Ufa! São Paulo, que quando Marta deixou o governo era uma cidade complicada, chegou ao inferno.

E a São Paulo de hoje não é ruim apenas para os pobres, apesar de, para estes, ser muito pior. É ruim também para os ricos. A cidade viu, nessa administração nefasta que caminha para o ostracismo e para a vergonha histórica, ocorrerem até o que nunca antes ocorrera: enchentes em bairros ditos “nobres”. Isso sem falar que a cidade é hoje uma praça de guerra com dezenas de assassinatos todos os dias, sobretudo à noite.

A eleição de Fernando Haddad é, portanto, o primeiro passo para tirar não só a capital paulista das mãos da quadrilha demo-tucano-midiática, mas, sobretudo, o governo do Estado, pois São Paulo está encolhendo diante de um Brasil que cresce e se desenvolve como nunca se viu, tudo graças a um grupo político que governa fechando as portas às políticas públicas do governo federal que estão fazendo outras regiões progredirem muito mais.

O povo de São Paulo precisou passar pela autoflagelação que se impôs com a eleição do atual grupo político que governa a cidade de forma a acordar. E, repito, se não foi pelo amor, foi pela dor que amadureceu, pois eleição é coisa séria, não pode ser confundida com as disputas retóricas do futebol, mas o paulistano, instigado pela mídia partidarizada e irresponsável, vinha votando com o fígado em vez de votar com o cérebro.


Se urna pode condenar, também pode absolver

Desde que, acima de qualquer outra, a vitória de Fernando Haddad ameaçou comprovar que o povo brasileiro não acredita na orgia midiática em torno do julgamento do mensalão, os mesmos pistoleiros da mídia que previram que o PT, além de ser “condenado” pelo Supremo Tribunal Federal, também seria condenado pelas urnas, mudaram o discurso.

Não há colunista, editorialista ou veículo integrante do Partido da Imprensa Golpista que, antes de se configurar a imensa vitória eleitoral que o PT teve em 2012, não tenha dito que as urnas se coadunariam com a mídia e com o tribunal de exceção de forma a condenarem o PT.

Após 7 de outubro, quando o PT se tornou, mais uma vez, o partido mais votado do Brasil ao mesmo tempo em que o conclave demo-tucano-midiático-judiciário mandava o Estado de Direito às favas e inaugurava a era dos presos políticos no país, esses pistoleiros da opinião passaram a dizer que “urnas não absolvem” o PT, como se este estivesse sendo julgado.

O PT não foi a julgamento, mas se o veredicto das urnas, segundo a pistolagem midiática, servia para condenar o partido, por que é, diabos, que não serve para absolver?

Pergunte-se, leitor, o que o PIG estaria dizendo se o PT tivesse sido arrasado eleitoralmente em todo o país. As manchetes, inequivocamente, seriam no sentido de que o povo, assim como o STF, condenou os “mensaleiros”, o PT e Lula, ainda que estes dois últimos não tenham sido sequer acusados formalmente. Portanto, as urnas absolveram, sim, Lula e o PT.

Blogueiro viaja nesta segunda durante duas semanas

Tive que esperar passarem as eleições para fazer a última viagem de negócios do ano. Devido ao tempo que investi para ajudar a evitar que o golpe político demo-tucano-midiático-judiciário tivesse êxito, a viagem que começo a empreender a partir desta segunda-feira se estenderá por 16 dias, durante os quais visitarei vários países sul-americanos. Contudo, como sempre, isso não impedirá que continue atualizando o blog diariamente

Fonte: http://www.blogdacidadania.com.br/2012/10/sao-paulo-amadureceu-pela-dor/

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Leandro Fortes: Hugo Chávez, meu ditador preferido

Publicado em 22 de outubro de 2012 às 14:01
 
Por Leandro Fortes, em CartaCapital

Interessante essa sanguinária ditadura comunista do coronel Hugo Chávez, que tanto desarranjo provoca na sensível barriga da direita latino-americana.

Ao todo, 80% dos eleitores venezuelanos compareceram às urnas, na última eleição presidencial. Detalhe: o voto, na Venezuela, não é obrigatório.

Estranha ditadura esta em que o terrível ditador é escolhido em eleições livres, monitoradas por diversos organismos internacionais, sem falar em todos os urubus da imprensa latino-americana que em Caracas pousaram para agourar a revolução bolivariana.

Para uma elite acostumada a comprar xampu em Miami para dar banho nos cães, Capriles chegou mesmo a ser um sonho de revanche.

Explica-se: a família de Henrique Capriles, assim como as de Fernando Collor e ACM Neto, por exemplo, é dona de uma cadeia de comunicação.

Nas redes privadas, o candidato da direita ocupou 88% do tempo disponível para propagada eleitoral, além de ter o apoio monolítico da mídia local.

A Chávez, sobraram os 12% restantes. Num quadro desses, não é de se admirar a sensação generalizada entre os ricos e remediados de que Capriles seria a nova revolução.

Chávez venceu por 1,5 milhão de votos.

Fonte: http://www.viomundo.com.br/politica/leandro-fortes-hugo-chavez-meu-ditador-preferido.html