quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Você está assistindo ao primeiro Big Brother Penal da história



O que mais querem esses impérios de comunicação que vão deixando cada vez mais claro que estão muito longe de se satisfizer com as condenações sem provas (by Ives Gandra Martins) e com os consequentes encarceramentos dos réus do julgamento do “mensalão” filiados ao PT?

Há mais de dez dias que José Genoino e José Dirceu – os alvos exclusivos do noticiário – estão privados da liberdade, mas nem jogá-los extemporaneamente na prisão fez parar o bombardeio midiático que ora sofrem.

Desde o dia 16 deste mês que a prisão desses dois vem sendo coberta sem parar, numa espécie de Big Brother Penal em que o dia a dia dos dois petistas foi transformado.

Apesar de mais de uma dezena de condenados da ação penal 470 ter sido presa, o noticiário se concentra, exclusivamente, nos dois Josés. E sempre com um só viés, o de tornar ainda mais dura a vida deles no cárcere.

A rotina da cela em que estão confinados os petistas, as vidas íntimas das famílias deles e até o emprego que Dirceu conseguiu para sair do regime fechado para o semiaberto alimentam a sede de sangue do noticiário.

Genoino apareceu em um telejornal com o peito desnudo, deitado numa cama de hospital, em uma situação para lá de humilhante. O hotel em que Dirceu irá trabalhar teve sua imagem exposta em uma matéria do Jornal Nacional que exibiu até o registro em carteira e o salário que ele receberá.

Além da divulgação do nome da empresa em que Dirceu poderá trabalhar para “desfrutar” do regime semiaberto, do salário que receberá e do local em que fica essa empresa, a mídia ainda divulga informações sobre os empregadores do petista.

A empresa em questão, seus proprietários, seus funcionários, seus clientes e o petista recém-contratado foram todos expostos a riscos. Dada a tensão política que eclodiu no país após os petistas terem sido presos, todos podem ser alvo de algum tipo de violência.

Intimidar os que cometeram o crime de dar emprego àquele para o qual a mídia parece não aceitar nada menos do que a pena de morte, porém, não é suficiente.

A junta médica formada a pedido do presidente do STF, Joaquim Barbosa, para avaliar se Genoino pode permanecer na cadeia, produziu um laudo que dificulta a compreensão da conclusão clara de que não pode.

O laudo propositalmente confuso emitido por médicos rebelados contra o governo do PT devido ao programa Mais Médicos diz que, “até onde for possível”, Genoino deve ser poupado de “estresse psicológico”, pois este pode gerar efeitos “psicossomáticos” como os que, semana passada, tiraram-no da prisão e o colocaram no hospital.

A mídia soube usar um laudo confuso que só reconhece tacitamente que Genoino não pode ser submetido ao estresse de uma prisão; divulgou que o estado de saúde momentâneo dele “não é grave” sem esclarecer que, obviamente, isso mudará no dia a dia da prisão.

Já se antevê, portanto, que as prisões de Dirceu e Genoino continuarão sendo usadas politicamente por muito tempo, ainda. Serem presos deveria encerrar o caso, mas como a militância petista não aceita essas prisões e protesta, a mídia, em retaliação, trata de exacerbar as punições.

Não se tem notícia, neste país ou no mundo, de cobertura tão meticulosa e ampla do dia a dia do cumprimento de penas de prisão.  A mídia combate até as visitas que os presos recebem.

Não basta que os petistas sejam os primeiros políticos condenados à prisão na história brasileira recente, as penas deles têm que ser tão duras quanto possível. Parece que a mídia quer lhes quebrar o moral – e o da militância – para que deixem de dar declarações políticas.

Dirceu e Genoino poderiam evitar tudo isso simplesmente se calando e se mostrando alquebrados como a mídia exige, mas esses não são homens que baixam a cabeça. Não o fizeram nem quando política rendia torturas físicas e assassinatos. Não o farão agora.



Fonte: http://www.blogdacidadania.com.br/2013/11/voce-esta-assistindo-ao-primeiro-big-brother-penal-da-historia/

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

José Dirceu: “tentativa de julgar nossa luta, da esquerda e do PT”



“Minha condenação foi e é uma tentativa de julgar nossa luta e nossa história, da esquerda e do PT, nossos governos e nosso projeto político.  Esta é a segunda vez em minha vida que pagarei com a prisão por cumprir meu papel no combate por uma sociedade mais justa e fraterna. Fui preso político durante a ditadura militar. Serei preso político de uma democracia sob pressão das elites.”

por Rodrigo Vianna

Com prisão decretada pelo STF – que tem, entre seus integrantes, ministros que já soltaram banqueiros e médicos suspeitos de estupro- , num processo em que foi condenado sem provas, José Dirceu (transformado em “vilão” pelo cerco midiático e pela pressão de uma classe média que jamais aceitou as vitórias de Lula e Dilma) divulgou a seguinte nota ao país:

“O julgamento da AP 470 caminha para o fim como começou: inovando – e violando – garantias individuais asseguradas pela Constituição e pela Convenção Americana dos Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário.
 
A Suprema Corte do meu país mandou fatiar o cumprimento das penas. O julgamento começou sob o signo da exceção e assim permanece. No início, não desmembraram o processo para a primeira instância, violando o direito ao duplo grau de jurisdição, garantia expressa no artigo 8 do Pacto de San Jose. Ficamos nós, os réus, com um suposto foro privilegiado, direito que eu não tinha, o que fez do caso um julgamento de exceção e político.
 
Como sempre, vou cumprir o que manda a Constituição e a lei, mas não sem protestar e denunciar o caráter injusto da condenação que recebi. A pior das injustiças é aquela cometida pela própria Justiça.
 
É público e consta dos autos que fui condenado sem provas. Sou inocente e fui apenado a 10 anos e 10 meses por corrupção ativa e formação de quadrilha – contra a qual ainda cabe recurso – com base na teoria do domínio do fato, aplicada erroneamente pelo STF.
 
Fui condenado sem ato de oficio ou provas, num julgamento transmitido dia e noite pela TV, sob pressão da grande imprensa, que durante esses oito anos me submeteu a um pré-julgamento e linchamento.
 
Ignoraram-se provas categóricas de que não houve qualquer desvio de dinheiro público. Provas que ratificavam que os pagamentos realizados pela Visanet, via Banco do Brasil, tiveram a devida contrapartida em serviços prestados por agência de publicidade contratada.
 
Chancelou-se a acusação de que votos foram comprados em votações parlamentares sem quaisquer evidências concretas, estabelecendo essa interpretação para atos que guardam relação apenas com o pagamento de despesas ou acordos eleitorais.
 
Durante o julgamento inédito que paralisou a Suprema Corte por mais de um ano, a cobertura da imprensa foi estimulada e estimulou votos e condenações, acobertou violações dos direitos e garantais individuais, do direito de defesa e das prerrogativas dos advogados – violadas mais uma vez na sessão de quarta-feira, quando lhes foi negado o contraditório ao pedido da Procuradoria-Geral da República.
 
Não me condenaram pelos meus atos nos quase 50 anos de vida política dedicada integralmente ao Brasil, à democracia e ao povo brasileiro. Nunca fui sequer investigado em minha vida pública, como deputado, como militante social e dirigente político, como profissional e cidadão, como ministro de Estado do governo Lula. Minha condenação foi e é uma tentativa de julgar nossa luta e nossa história, da esquerda e do PT, nossos governos e nosso projeto político.
 
Esta é a segunda vez em minha vida que pagarei com a prisão por cumprir meu papel no combate por uma sociedade mais justa e fraterna. Fui preso político durante a ditadura militar. Serei preso político de uma democracia sob pressão das elites.
 
Mesmo nas piores circunstâncias, minha geração sempre demonstrou que não se verga e não se quebra. Peço aos amigos e companheiros que mantenham a serenidade e a firmeza. O povo brasileiro segue apoiando as mudanças iniciadas pelo presidente Lula e incrementadas pela presidente Dilma.
 
Ainda que preso, permanecerei lutando para provar minha inocência e anular esta sentença espúria, através da revisão criminal e do apelo às cortes internacionais. Não importa que me tenham roubado a liberdade: continuarei a defender por todos os meios ao meu alcance as grandes causas da nossa gente, ao lado do povo brasileiro, combatendo por sua emancipação e soberania.” 



Fonte: http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/dirceu-tentativa-de-julgar-a-esquerda-e-o-pt.html

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Repúdio às prisões ilegais: “O STF precisa reagir para não se tornar refém de seu presidente”






"Significativa parcela da sociedade teme não só pelo destino dos réus, mas também pelo futuro do Estado Democrático de Direito no Brasil"
 
MANIFESTO DE REPÚDIO ÀS PRISÕES ILEGAIS, via e-mail
 
A decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal de mandar prender os réus da Ação Penal 470 no dia da proclamação da República expõe claro açodamento e ilegalidade. Mais uma vez, prevaleceu o objetivo de fazer do julgamento o exemplo no combate à corrupção.
 
Sem qualquer razão meramente defensável, organizou-se um desfile aéreo, custeado com dinheiro público e com forte apelo midiático, para levar todos os réus a Brasília. Não faz sentido transferir para o regime fechado, no presídio da Papuda, réus que deveriam iniciar o cumprimento das penas já no semiaberto em seus estados de origem. Só o desejo pelo espetáculo justifica.
 
Tal medida, tomada monocraticamente pelo ministro relator Joaquim Barbosa, nos causa profunda preocupação e constitui mais um lamentável capítulo de exceção em um julgamento marcado por sérias violações de garantias constitucionais.
 
A imprecisão e a fragilidade jurídica dos mandados expedidos em pleno feriado da República, sem definição do regime prisional a que cada réu teria direito, não condizem com a envergadura da Suprema Corte brasileira.
 
A pressa de Joaquim Barbosa levou ainda a um inaceitável descompasso de informação entre a Vara de Execução Penal do Distrito Federal e a Polícia Federal, responsável pelo cumprimento dos mandados.
 
O presidente do STF fez os pedidos de prisão, mas só expediu as cartas de sentença, que deveriam orientar o juiz responsável pelo cumprimento das penas, 48 horas depois que todos estavam presos. Um flagrante desrespeito à Lei de Execuções Penais que lança dúvidas sobre o preparo ou a boa fé de Joaquim Barbosa na condução do processo.
 
Um erro inadmissível que compromete a imagem e reputação do Supremo Tribunal Federal e já provoca reações da sociedade e meio jurídico. O STF precisa reagir para não se tornar refém de seu presidente.
 
A verdade inegável é que todos foram presos em regime fechado antes do “trânsito em julgado” para todos os crimes a que respondem perante o tribunal. Mesmo os réus que deveriam cumprir pena em regime semiaberto foram encarcerados, com plena restrição de liberdade, sem que o STF justifique a incoerência entre a decisão de fatiar o cumprimento das penas e a situação em que os réus hoje se encontram.
 
Mais que uma violação de garantia, o caso do ex-presidente do PT José Genoino é dramático diante de seu grave estado de saúde. Traduz quanto o apelo por uma solução midiática pode se sobrepor ao bom senso da Justiça e ao respeito à integridade humana.
 
Tais desdobramentos maculam qualquer propósito de fazer da execução penal do julgamento do mensalão o exemplo maior do combate à corrupção. Tornam também temerária a decisão majoritária dos ministros da Corte de fatiar o cumprimento das penas, mandando prender agora mesmo aqueles réus que ainda têm direito a embargos infringentes.
 
Querem encerrar a AP 470 a todo custo, sacrificando o devido processo legal. O julgamento que começou negando aos réus o direito ao duplo grau de jurisdição conheceu neste feriado da República mais um capítulo sombrio.
 
Sugerimos aos ministros da Suprema Corte, que na semana passada permitiram o fatiamento das prisões, que atentem para a gravidade dos fatos dos últimos dias. Não escrevemos em nome dos réus, mas de uma significativa parcela da sociedade que está perplexa com a exploração midiática das prisões e teme não só pelo destino dos réus, mas também pelo futuro do Estado Democrático de Direito no Brasil.
 
19 de Novembro de 2013
 
Juristas e advogados
 
-  Celso Bandeira de Mello - jurista, professor emérito da PUC-SP
 
-  Dalmo de Abreu Dallari - jurista, professor emérito do USP
 
-  Pedro Serrano - advogado, membro da comissão de estudos constitucionais do CFOAB
 
-  Pierpaolo Bottini - advogado
 
-  Marco Aurélio de Carvalho – jurista, professor universitário e secretário do setorial jurídico do PT.
 
-  Antonio Fabrício - presidente da Associação Brasileira dos Advogados Trabalhistas e Diretor Financeiro da OAB/MG
 
-  Bruno Bugareli - advogado e presidente da comissão de estudos constitucionais da OAB-MG
 
-  Felipe Olegário - advogado e professor universitário
 
-  Gabriela Araújo – advogada
 
-  Gabriel Ciríaco Lira – advogado
 
-  Gabriel Ivo - advogado, professor universitário e procurador do Estado.
 
-  Jarbas Vasconcelos – presidente da OAB/P
 
Luiz Guilherme Conci - jurista, professor universitário e presidente coordenação do Sistema Internacional de Proteção dos Direitos Humanos do CFOAB
 
-  Marcos Meira - advogado
 
-  Rafael Valim - advogado e professor universitário
 
-  Weida Zancaner- jurista e advogada
 
Apoio dos partidos e entidades

-  Rui Falcão - presidente nacional do PT

-  Renato Rabelo – presidente nacional do PCdoB

-  Vagner Freitas – presidente nacional da CUT

-  Adílson Araújo – presidente nacional da CTB

-  João Pedro Stédile – membro da direção nacional do MST

-  Ricardo Gebrim – membro da Consulta Popular

-  Wellington Dias - senador, líder do PT no Senado e membro do Diretório Nacional – PT/PI

-  José Guimarães - deputado federal, líder do PT na Câmara e secretário nacional do PT

-  Alberto Cantalice - vice-presidente nacional do PT

-  Humberto Costa – senador e vice-presidente nacional do PT

-  Maria de Fátima Bezerra - vice-presidente nacional do PT, deputada federal PT/RN

-  Emídio de Souza - ex-prefeito de Osasco e presidente eleito do PT/SP

-  Carlos Henrique Árabe – secretário nacional de formação do PT

-  Florisvaldo Raimundo de Souza - secretário nacional de organização do PT

-  Francisco Rocha – Rochinha – dirigente nacional do PT

-  Jefferson Lima - secretário nacional da juventude do PT

-  João Vaccari Neto - secretário nacional de finanças do PT

-  Laisy Moriére – secretária nacional de mulheres PT

-  Paulo Frateschi - secretário nacional de comunicação do PT

-  Renato Simões - secretário de movimentos populares do PT
 
-  Adriano Diogo – deputado estadual PT/SP e presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALESP

-  Alfredo Alves Cavalcante – Alfredinho – vereador de São Paulo – PT/SP

-  André Tokarski – presidente nacional da UJS

-  André Tredezini – ex-presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto

-  Arlete Sampaio - comissão executiva nacional do PT e deputada distrital do DF

-  Alexandre Luís César - deputado estadual/MT e membro do diretório nacional do PT/MT

-  Antonio Rangel dos Santos - membro do diretório nacional PT/RJ

-  Artur Henrique - ex-presidente da CUT e diretor da Fundação Perseu Abramo – PT

-  Benedita da Silva - comissão executiva nacional e deputada federal PT/RJ

-  Bruno Elias - PT/SP

-  Carlos Magno Ribeiro - membro do diretório nacional do PT/MG

-  Carlos Veras –presidente da CUT/PE

-  Carmen da Silva Ferreira – liderança do MSTC (Movimento Sem Teto do Centro)/FLM (Frente de Luta por Moradia)

-  Catia Cristina Silva – secretária municipal de Combate ao Racismo – PT/SP

-  Dirceu Dresch - deputado estadual/SC

-  Doralice Nascimento de Souza - vice-governadora do Amapá

-  Edson Santos - deputado federal – PT/RJ

-  Elói Pietá - membro do diretório nacional – PT/SP

-  Enildo Arantes – vice-prefeito de Olinda/PE

-  Erik Bouzan – presidente municipal de Juventude – PT/SP

-  Estela Almagro - membro do diretório nacional PT/SP e vice-prefeita de Bauru

-  Fátima Nunes - membro do diretório nacional – PT/BA

-  Fernanda Carisio - executiva do PT/RJ

-  Frederico Haddad – estudante de Direito/USP e membro do Coletivo Graúna

-  Geraldo Magela - membro do diretório nacional – PT/DF

-  Geraldo Vitor de Abreu - membro do diretório nacional – PT

-  Gleber Naime – membro do diretório nacional – PT/MG

-  Gustavo Tatto – presidente eleito do Diretório Zonal do PT da Capela do Socorro

-  Humberto de Jesus – secretário de assistência social, cidadania e direitos humanos de Olinda/PE

-  Ilário Marques - PT/CE

-  Iole Ilíada - membro do diretório nacional – PT/SP

-  Irene dos Santos - PT/SP

-  Joaquim Cartaxo - membro do diretório nacional – PT/CE e vice-presidente do PT no Ceará

-  João Batista - presidente do PT/PA

-  Joao Guilherme Vargas Netto - consultor sindical

-  João Paulo Lima – ex-prefeito de Recife e deputado federal PT/PE

-  Joel Banha Picanço - deputado estadual/AP

-  Jonas Paulo - presidente do PT/BA

-  José Reudson de Souza - membro do diretório nacional do PT/CE

-  Juçara Dutra Vieira - membro do diretório nacional – PT

-  Juliana Cardoso - presidente municipal do PT/SP

-  Juliana Borges da Silva – secretária municipal de Mulheres PT/SP e membro do Coletivo Graúna

-  Laio Correia Morais – estudante de Direito/PUC-SP e membro do Coletivo Graúna

-  Lenildo Morais - vice-prefeito de Patos/PB

-  Luci Choinacki – deputada federal PT/SC

-  Luciana Mandelli - membro da Fundação Perseu Abramo – PT/BA

-  Luís César Bueno - deputado estadual/GO e presidente do PT de Goiânia

-  Luizianne Lins – ex-prefeita de Fortaleza e membro do diretório nacional do PT/CE

-  Maia Franklin – ex-presidenta do Centro Acadêmico XI de Agosto

-  Marcelo Santa Cruz – vereador de Olinda/PE

-  Márcio Jardim - membro da comissão executiva estadual do PT/MA

-  Márcio Pochmann – presidente da Fundação Perseu Abramo

-  Margarida Salomão - deputada federal – PT/MG

-  Maria Aparecida de Jesus - membro da comissão executiva nacional – PT/MG

-  Maria do Carmo Lara Perpétuo - comissão executiva nacional do PT

-  Maria Rocha – vice-presidenta do diretório municipal PT/SP

-  Marinete Merss - membro do diretório nacional – PT/SC

-  Markus Sokol – membro do diretório nacional do PT/SP

-  Marquinho Oliveira - membro do diretório nacional PT/PA

-  Mirian Lúcia Hoffmann - PT/SC

-  Misa Boito - membro do diretório estadual – PT/SP

-  Nabil Bonduki – vereador de São Paulo/SP – PT/SP

-  Neyde Aparecida da Silva - membro do diretório nacional do PT/GO

-  Oswaldo Dias - ex-prefeito de Mauá e membro do diretório nacional – PT/SP

-  Pedro Eugenio – deputado federal PT/PE

-  Rachel Marques - deputada estadual/CE

-  Raimundo Luís de Sousa – PT/SP

-  Raul Pont - membro do diretório nacional PT/RS e deputado estadual/RS

-  Rogério Cruz – secretário estadual de Juventude – PT/SP

-  Romênio Pereira - membro do diretório nacional – PT/MG

-  Rosana Ramos - PT/SP

-  Selma Rocha - diretora da Escola Nacional de Formação do PT

-  Silbene Santana de Oliveira - PT/MT

-  Sônia Braga - comissão executiva nacional do PT, ex-presidente do PT no Ceará

-  Tiago Soares - PT/SP

-  Valter Pomar – membro do Diretório Nacional do PT/SP

-  Vilson Oliveira - membro do diretório nacional – PT/SP

-  Virgílio Guimarães - membro do diretório nacional – PT/MG

-  Vivian Farias – secretária de comunicação PT/PE

-  Willian César Sampaio - presidente estadual do PT/MT

-  Zeca Dirceu – deputado federal PT/PR

-  Zezéu Ribeiro – deputado estadual do PT/BA
 
Apoios da sociedade civil

-  Rioco Kayano

-  Miruna Genoíno

-  Ronan Genoino

-  Mariana Genoíno

-  Altamiro Borges – jornalista

-  Andrea do Rocio Caldas – diretora do setor de educação/UFPR

-  Emir Sader – sociólogo e professor universitário/UERJ

-  Eric Nepomuceno – escritor

-  Fernando Morais – escritor

-  Fernando Nogueira da Costa – economista e professor universitário

-  Galeno Amorim – escritor e gestor cultural

-  Glauber Piva – sociólogo e ex-diretor da Ancine

-  Gegê – vice-presidente nacional da CMP (Central de Movimentos Populares)

-  Giuseppe Cocco – professor universitário/UFRJ

-  Henrique Cairus – professor universitário/UFRJ

-  Hildegard Angel - jornalista

-  Ivana Bentes – professora universitária/UFRJ

-  Izaías Almada – filósofo

-  João Sicsú – economista e professor universitário/UFRJ

-  José do Nascimento Júnior – antropólogo e gestor cultural

-  Laurindo Lalo Leal Filho – jornalista e professor universitário

-  Luiz Carlos Barreto – cineasta

-  Lucy Barreto – produtora cultural

-  Maria Victória de Mesquita Benevides – socióloga e professora universitária/USP

-  Marilena Chauí – filósofa e professora universitária/USP

-  Tatiana Ribeiro – professora universitária/UFRJ

-  Venício de Lima – jornalista e professor universitário/UNB

-  Xico Chaves – artista plástico

-  Wanderley Guilherme dos Santos – professor titular de teoria política (aposentado da UFRJ)



Fonte:  http://www.viomundo.com.br/politica/repudio-as-prisoes-ilegais.html

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Miruna Genoino: “Peço que a sociedade se informe sobre meu pai”





No começo da tarde de domingo, fui procurado por amigos da família de José Genoino. Pediram-me ajuda para divulgar um drama humanitário que vai se formando por ação da prisão intempestiva dos réus do julgamento do mensalão.

A família do ex-presidente do PT teme por sua vida e, conforme Paulo Henrique matéria do jornalista Amorim em seu blog, um laudo médico apoia tal temor.

De posse dos telefones de Rioko e Miruna – respectivamente, esposa e filha de Genoino – escolho a filha, julgando que estaria, talvez, menos abalada do que a mãe. Ledo engano. Estava muito abalada, mas, assim mesmo, falou sobre a saúde do pai e mandou um recado à sociedade.

Miruna conversou comigo aos prantos, arrastando-me para o seu estado de espírito, o que me fez terminar a entrevista igualmente abalado. Mas falou muito bem. A professora paulista de 32 anos é uma moça de mente ágil e, apesar da emoção, conseguiu exprimir com clareza do que seu pai, sua família e seus amigos mais precisam neste momento.

Segue, abaixo, a transcrição da entrevista com Miruna Genoino.

—–

Blog da CidadaniaA imprensa está repercutindo o estado de saúde do seu pai, de que seria delicado e ele não estaria sendo mantido em boas condições, o que poderia gerar risco para a saúde dele. O que você pode dizer sobre isso?

Miruna Genoino – No dia 24 de julho, meu pai contraiu a doença mais grave da cardiologia, uma dissecção da aorta, e teve que sofrer uma cirurgia de 8 horas, da qual tinha 10% de chance de sobreviver, mas ele sobreviveu porque é um guerreiro. Em seguida, porém, ele sofreu um micro AVC.

Meu pai está tomando cinco medicamentos diferentes em dois horários do dia. Até então, ele não tinha entrado em nenhum avião. O voo o fez passar mal, talvez a pressão da cabine.  A médica que o acompanha nos informou que alguém que passou por tudo isso não poderia estar sendo submetido a tal pressão. Meu pai deveria ser hospitalizado.

Ele viajou ontem de manhã a Brasília e às duas horas da manhã deste domingo ainda não estava acomodado.

Estamos com uma grande preocupação com a saúde dele; é a nossa maior preocupação, agora. A nossa luta é para provar a inocência do meu pai, mas, neste momento, a grande preocupação é com a saúde dele.

Blog da CidadaniaComo está o emocional da sua família?

Miruna Genoino – A gente está num momento muito, muito difícil. O meu pai, antes de sair de casa para ser preso, nos disse que já tinha ficado confinado muito tempo em cela forte [durante a ditadura] e que estava preparado para isso.

Ele tem dois netos, os meus filhos, e eles estão muito assustados…

Blog da CidadaniaAs crianças estão com vocês aí em Brasília?

Miruna Genoino – Eles ficaram em São Paulo.

Mas ele ter sido transferido para Brasília ainda nos causa um transtorno emocional ainda maior, porque a gente tem que ficar longe das crianças…

[Miruna chora]

É muito complicado o nosso estado emocional…

Blog da CidadaniaMiruna, você está abalada com tudo isso e, assim, não gostaria de prolongar esta entrevista. Mas como sabemos que você, com suas declarações, está ajudando a que as pessoas entendam que há seres humanos por trás de toda essa história, concluo perguntando o que a família de José Genoino tem a dizer à sociedade.

Miruna Genoino – Pedimos que a sociedade se informe. Qualquer pessoa que se informar de verdade, que não assumir o discurso da Rede Globo, do jornal Folha de São Paulo, da revista Veja, de todos os grandes meios, ela vai saber que a única coisa que meu pai fez nesta vida foi colocar acima de tudo o ideal dele por justiça social…

[Miruna volta a chorar]

Ele saiu do sertão do Ceará para tentar melhorar a vida das pessoas. E a vida inteira ele se sacrificou em todos os sentidos porque essa sempre foi a única luta dele. Então, se as pessoas se informarem todo mundo vai saber o homem que ele é…

[Chora de novo]

Eu só peço isso….

[O pranto aumenta]

Que não assumam…  O discurso… Dessa mídia… Que procurem saber a verdade, ouvir o outro lado, o que meu pai tem a dizer…

(…)

—–
Percebi, nesse ponto da conversa, que só me cabia deixar a família com sua dor e, em vez de continuar chorando do lado de cá enquanto essa menina da idade da minha filha maior chorava do lado de lá, vir escrever o clamor emocionado dessa família, que pode perder aquele que tanto ama.
Concluo, pois, exortando as autoridades judiciárias a que respeitem o direito, apenas o direito de Genoino.

Não pedimos, os parentes, amigos e até os admiradores dele que tenha regalias que ultrapassem os limites da lei, mas que não seja retaliado. Ele tem direito de receber cuidados médicos como qualquer cidadão privado de liberdade.

Genoino deveria estar num hospital. Levem-no para lá. Quem lhe nega esse direito a um tratamento digno responderá pelo que vier a lhe acontecer. Essa é a promessa de muitos que não se deixaram enganar pelos inimigos dele e que estarão muito atentos a cada minuto da vida desse homem, a partir de agora.






Fonte: http://www.blogdacidadania.com.br/2013/11/miruna-genoino-peco-que-a-sociedade-se-informe-sobre-meu-pai/

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

José Dirceu mesmo condenado seguirá sendo um líder e um mito da história política do Brasil



                                                     Um perseguido político.


José Dirceu é um importante líder político da história do Brasil. Um dos raros corajosos que arriscaram a própria vida contra os monstros da ditadura militar brasileira. Este homem é um digno ser humano, que lutou por democracia.

Dirceu deve sair deste processo, muito maior, no sentido de sua representatividade como um dirigente político de alta plumagem, competente e integro. Prendê-lo o tornará o grande mito da história política deste país.

O mito está sendo criado.

O que eles querem é a foto de José Dirceu algemado e indo para cadeia. Terão esse registro. Só que o povo que conhece a trajetória política deste homem o transformará no grande mito da história política do Brasil.

José Dirceu, você já enfrentou os mesmos monstros e torturadores. Os monstros de hoje   vestem uma outra roupagem, são os mesmos trogloditas. Desumanos.

Siga enfrente com a firmeza de um grande guerreiro que você sempre foi e continua sendo. Levante as algemas e faça a foto que vai torná-lo o grande mito político do Brasil.

Sua importância estará nos anais de toda a história política deste país.

Você é um grande homem.
Um político excepcional.
Um líder.

Um mito.

Quem te conhece e sabe o que está acontecendo vai estar sempre ao seu lado.
Que Deus te proteja destes monstros que agora te perseguem.
Deus vai estar ao seu lado, como sempre esteve.

Dirceu guerreiro, do povo brasileiro.

Viva, viva José Dirceu.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

A atuação dos médicos cubanos em Pernambuco

 
 
 
 
Sugerido por Támara Baranov
 
Da Folha
 
 
DANIEL CARVALHO
ENVIADO ESPECIAL AO INTERIOR DE PERNAMBUCO
 
A demanda de médicos no interior do país é gigantesca e a cubana Teresa Rosales, 47, se surpreendeu com a recepção de seus pacientes em Brejo da Madre de Deus, no agreste pernambucano.
 
"Eles [pacientes] ficam de joelhos no chão, agradecendo a Deus. Dão beijos", afirma a médica, que atendeu 231 pessoas neste primeiro mês de trabalho dos profissionais que vieram para o Brasil pelo programa Mais Médicos, do governo federal.
 
O posto de saúde em que Teresa trabalha fica no distrito de São Domingos, região pobre e castigada pela seca.
 
Durante os últimos quatro anos, o posto não tinha o básico: médicos. Até o final de setembro, quando Teresa chegou ao distrito, quem andava quilômetros de estrada de barro até chegar à unidade de saúde sempre voltava para casa sem atendimento.
 
A situação se repetia a algumas ruas de lá, no posto onde o marido de Teresa, Alberto Vicente, 43, começou a trabalhar em outubro.
 
Daniel Carvalho/Folhapress
 
O médico cubano Nelson Lopez em Frei Miguelinho (PE)
 
O médico cubano Nelson Lopez em Frei Miguelinho (PE)
 
"Foi Deus quem mandou esse homem. Era uma dificuldade, chegou a fechar o posto por falta de médico", disse a aposentada Isabel Rocha, 80, que agora controla o diabetes sob orientação médica.
 
Alberto e Teresa integram um grupo de 400 cubanos que chegaram pelo Mais Médicos na primeira etapa do programa. Outros 2.000 dos seus conterrâneos começaram a trabalhar no dia 4 de novembro, 76 deles em São Paulo.
 
Uma terceira leva de 3.000 médicos da ilha chegou esta semana a cinco capitais. A previsão é que eles comecem a trabalhar em dezembro.
 
Eles têm alimentação e moradia fornecidas pelas prefeituras e recebem por mês entre R$ 800 e R$ 900 do governo federal. O restante da bolsa de R$ 10 mil mensais é distribuído entre parentes dos médicos e o governo cubano.
 
ATENDIMENTO
 
Alheia à polêmica salarial, a população lota os postos que há um mês estavam vazios, já que não havia médicos.
 
A agricultora Maria Inácia Silva, 69, havia visto um médico pela última vez em 2005.
 
Ela se disse impressionada pela forma como foi atendida pelo cubano Nelson Lopez, 44, novo médico do povoado de Capivara, em Frei Miguelinho (PE).
 
A diferença no atendimento está desde a organização dos móveis: a cadeira do paciente fica ao lado da mesa do médico, para que o móvel não seja uma barreira entre eles.
 
"Gostamos de examinar o paciente, dedicar um tempo a ele, considerá-lo gente", disse Lopez.
 
As filas e as consultas são longas. Ainda estava escuro quando Maria Inácia Silva chegou ao posto e ela só foi atendida na hora do almoço.
 
Passou cerca de meia hora no consultório e finalmente soube que as dores que sente se devem ao reumatismo.
 
"Ele é ótimo médico, apesar de estrangeiro. Em 69 anos, nunca vi um médico tão bom", disse Maria Inácia.
 
 
 

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

A indignação tardia de Miriam Leitão




Leandro Fortes, no Facebook 

O artigo de Míriam Leitão contra Reinaldo Azevedo está atrasado, exatamente, 10 anos.

Os rosnados e latidos do blogueiro da Veja, recém contratado como colunista da Folha de S.Paulo, só suscitaram indignação na colega de O Globo, agora, porque a estrutura de mídia (e de poder) ao qual ambos pertencem está desmoralizada e prestes a desmoronar.

Na última década, a direita hidrófoba latiu, rosnou e babou do mesmo jeito, inclusive dentro das Organizações Globo, mas Míriam, profissional zelosa em anunciar, toda manhã, o fim do mundo patrocinado pelo PT, manteve-se calada. Conivente.

Jornalista elegante e de belo texto, não duvido que há muito Míriam Leitão despreze Reinaldo Azevedo, cujo único talento, a bajulação dos ricos, infelizmente está agregado à absoluta falta de talento para escrever coisas minimamente inteligíveis.

Para ela, como para muitos da direita brasileira, era como um psicopata domesticado que, enquanto se mantivesse apenas no espaço radical da Veja, seria de boa valia para o serviço.

Fora dessa perspectiva, Míriam deve ter sempre olhado para o texto do colega de luta liberal com o devido desprezo que qualquer jornalista mediano tem pela má escrita, sobretudo quando se trata de um amontoado de clichês retirados de velhas apostilas da ESG enfeitado por espasmos de falsa erudição roubada ao Google e a orelhas de clássicos da literatura universal.

Agora que o cão raivoso deixou o canil da TFP e veio latir mais perto, no mesmo espaço singular do triste colunismo da mídia nacional, Míriam Leitão decidiu, finalmente, se pronunciar.

Tarde demais.

Vão todos - mírians, reinaldos, jabores, magnolis e gullares - afundar juntos e abraçados na mesma lama em que se meteram por conta própria.

Aqui, ótimo artigo de Paulo Nogueira sobre o mesmo tema.
 
 
 

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Argentina encontra 1500 arquivos secretos da ditadura com “lista negra de artistas”



Mercedes Sosa e Julio Cortázar fazem parte do grupo de “perigosos ao regime”; documentos também mostram famílias à procura de filhos desaparecidos

Por Opera Mundi





A Argentina divulgou nesta segunda-feira (05/11) que foram encontrados arquivos secretos da ditadura militar no país (1976-1983). Chamada de “lista negra”, os documentos apontam artistas e personalidades da sociedade argentina como “perigosos ao regime”. Julio Cortázar, Héctor Alterio e Mercedes Sosa – uma das cantoras mais influentes do século XX – foram vigiados pelo governo. No total, são 1500 documentos inéditos, 280 deles com as transcrições de gravações das reuniões da Junta Militar que governou o país entre 1976 e 1983.

O ministro da Defesa, Agustín Rossi, afirma que a documentação foi encontrada na semana passada acidentalmente durante a limpeza do edifício Condor, em Buenos Aires, onde funcionam dependências da Força Aérea argentina. “Encontramos seis pastas originais das atas da junta militar, datadas de 24 de março de 1976 até 10 de dezembro de 1983. São todas as atas secretas da junta militar”, disse Rossi.

Segundo informações da Agência Efe, o ministro detalhou que os documentos estavam agrupados em 1.500 pastas para guardar papéis dentro de duas caixas fortes e dois armários. Rossi destacou que é a primeira vez que se tem acesso a material deste tipo, que informa desde o dia do golpe militar até o dia em que a Argentina retornou à democracia, há trinta anos.

Entre os documentos estão todas as atas secretas das juntas militares, um total de 280 originais nos quais os generais explanam suas posições sobre diferentes assuntos. O ministro ressaltou que a documentação conta com a “vantagem” de estar “ordenada, classificada e até ter um índice temático”.

Também foram encontrados três livros de recepção, onde estavam as comunicações para as forças militares, como pedidos de famílias que queriam saber do paradeiro de seus filhos desaparecidos.



Fonte: http://revistaforum.com.br/blog/2013/11/argentina-encontra-1500-arquivos-secretos-da-ditadura-com-lista-negra-de-artistas/

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

"Bala de borracha apaga a democracia"

 
 
Em frente à casa do governador Geraldo Alckmin, manifestantes protestaram contra a volta do uso de "armamentos menos letais" em protestos
 
 
 
Manifestantes promoveram concurso de “tiro ao olho” em frente à residência do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, neste domingo 3. Vestindo máscaras com o rosto do tucano, eles espirraram tinta vermelha sobre outros manifestantes que tinham alvos em seus olhos e carregavam uma faixa escrito "bala de borracha apaga a democracia. Proíbe, Alckmin."

O grupo, identificado como "defensores dos direitos humanos" e responsável pelo tumblr Geraldo Borracheiro, protesta contra a volta do uso de armas “menos letais” para reprimir protestos. Os armamentos chegaram a ser proibidos após os excessos da polícia no mês de junho, mas seu uso voltou a ser corriqueiro durante o mês de outubro.

“Entre as consequências já registradas, há uma morte e centenas de feridos com marcas de cassetete e outros ferimentos pelo corpo, gerando inclusive a perda de visão,” diz o manifesto entregue pelo grupo. Eles lembram, entre outros casos, da repressão ao protestos de moradores da comunidade Estaiadinha, zona norte de São Paulo, na última sexta-feira 1.
 
Segundo os funcionários do prédio, o governador não se encontrava no local. Os manifestantes deixaram uma carta direcionada a Alckmin. Leia abaixo a íntegra dela:
 
Excelentíssimo Governador do Estado de São Paulo,

Sr. Geraldo Alckmin

É inaceitável o uso de armamentos ditos “menos letais” em operações da Polícia Militar.
No Estado brasileiro o padrão da brutalidade na atuação das instituições públicas é um traço característico e as intervenções institucionais são insuficientes para promover mudanças neste padrão de atuação. O aumento de 106% no número de abordagens excessivas registradas na ouvidoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo no primeiro semestre de 2013 evidencia este fato.

Entre muitos outros, o uso abusivo da força policial durante o governo do Sr. pode ser lembrado em casos como:
  • Massacre do Pinheirinho (2012) – 1.500 famílias foram expulsas por efetivo de 2 mil policiais fortemente armados, além de um número ignorado de Guardas Civis, descumprindo a suspensão de reintegração de posse do terreno;
  • Retenção de 29 pessoas por quase dez horas na central de flagrantes da Polícia Civil no Grajaú para dispersar a manifestação por melhorias no transporte público no Extremo Sul da cidade (outubro, 2013);
  • Morte de senhora de 66 anos com parada cardiorespiratória em decorrência da aspiração de gás lacrimogêneo em manifestação no centro de São Paulo (agosto, 2013).
  • Perda da visão do fotojornalista Sérgio Silva, da agência Futura Press atingido por bala de borracha disparada pela Polícia Militar em Junho de 2013.
O Sr. tem o poder e a obrigação de zelar pela integridade física e o direito a manifestação da população do estado de São Paulo. A atual política de violência executada pelo Comando da Polícia Militar faz o contrário: deixa as pessoas acuadas, gravemente feridas, com medo e caladas – atitudes antidemocráticas que, temos certeza, não é o modo como o senhor gostaria de ser conhecido na posteridade.

Por isso pedimos que repita e aprofunde a decisão já anunciada pelo Sr. no dia 17 de junho de 2013: proíba o uso de armas menos letais em operações da Polícia Militar (a saber, balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral, taser, spray de pimenta entre outras). No caso do gás lacrimogêneo, a Convenção sobre Armas Químicas, assinada por 165 países e ratificada pelo Brasil, proíbe desde 1993 seu uso em guerras.

A especialista Marisa Fefferman, doutora em psicologia pela Universidade de São Paulo, condena o uso de armas menos letais na democracia:

“Numa democracia, a priori, não se pode matar. Então eis a bala de borracha, que ressignifica o estado repressor, instala o medo nos movimentos sociais, escamoteia a violência contra aqueles que ousam desafiar alguns padrões estabelecidos.”

Não fique para a história como o governador repressor.

Atenciosamente,
Defensores dos Direitos Humanos



Fonte: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/bala-de-borracha-apaga-a-democracia-8357.html