quinta-feira, 25 de abril de 2013

Por trás da ‘valentia’ midiática contra Dilma, os EUA (?)



Ao longo do mês que finda, veio se fazendo notar uma subida de tom de grandes grupos de mídia contra Dilma, quem, até há pouco, gozava de condescendência por parte desses grupos, os quais, ao longo dos dois primeiros anos do governo dela, concentraram a artilharia em Lula e no PT, poupando-a.

Nesse aspecto, editorial recente do jornal O Estado de São Paulo surpreendeu ao usar um tom que poucas vezes se viu contra um governante no pós-redemocratização. Só contra Lula – que, pelo senso comum, era menos aceitável para esse veículo do que a atual presidente – a virulência foi tão intensa.

No último dia 21, em editorial intitulado “Dilmês castiço”, o jornal da família Mesquita pôs a crítica política de lado e partiu para a xingação ao afirmar que a presidente da República teria “dificuldade de concatenar ideias, vírgulas e concordâncias”, ao qualificar como “desastrada” sua “condução da política econômica” e ao acusá-la de “despreparo” e de usar “frases estabanadas e raciocínio tortuoso”.

O editorial, pouco objetivo em argumentos, preferiu criticar algum escorregão no português da presidente, como se já tivesse existido algum governante capaz de jamais infringir a gramática ou a norma culta durante falas improvisadas – o Google pode recompensar quem se dispuser a caçar escorregões de FHC no uso do idioma.

O mesmo tom desrespeitoso e insultuoso usado pelo Estadão contra Dilma, nas últimas semanas vem sendo visto com frequência na revista Veja, no jornal O Globo, na revista Época, na Folha de São Paulo etc.

Quem tiver memória do período imediatamente anterior ao golpe de 1964, deve estar experimentando um déjà vu. Os editoriais e artigos que esses veículos publicavam usavam tom idêntico, apelando ao xingamento e a acusações à ética e à capacidade administrativa de Jango Goulart que dispensavam fatos.

Em pronunciamento feito da tribuna do Senado em setembro do ano passado, o senador pelo PMDB do Paraná, Roberto Requião, lembrou o uso que esses mesmos veículos de hoje faziam do xingamento contra Jango. Veja, abaixo, um trecho.

Às vésperas do golpe de 1964, o desrespeito da grande mídia para com o presidente João Goulart e sua mulher Maria Teresa chegou ao ponto de o mais famoso colunista social do país à época publicar uma nota dizendo que na Granja do Torto florescia uma trepadeira. Torto, como referência ao defeito físico do presidente; trepadeira, como referência caluniosa à primeira-dama do país”.

Até aí, não haveria nenhuma novidade se não fossem boatos que vêm circulando na internet e que, nas últimas 24 horas que antecederam este texto, chegaram a este blogueiro por vias menos nebulosas, ainda que sem comprovação.

Duas pessoas conhecidas por este que escreve – e desconhecidas entre si – relataram a mesma história: funcionário da embaixada dos Estados Unidos em Brasília teria presenciado conversa em inglês entre um membro daquela representação diplomática e o embaixador Thomas Shannon.

Segundo os relatos, os diplomatas discutiam o envolvimento norte-americano na eleição do ano que vem e seus contatos com grupos de mídia e partidos de oposição, entre outros. Uma das fontes afirma que os EUA estariam empenhados em pôr fim à “onda vermelha” que teria engolfado a América Latina e, sobretudo, a América do Sul.

Nesse contexto, a volta da direita ao governo do Brasil teria o condão de desencadear um efeito dominó que reverteria uma independência da região que estaria na base das dificuldades dos Estados Unidos de superarem a crise econômica na qual estão mergulhados desde meados da década passada.

A indústria ianque, por exemplo, estaria enfrentando dificuldades para exportar para a América Latina em razão de sua exagerada aproximação com a China e com outros países asiáticos. Acordos comerciais de interesse norte-americano estariam sendo bloqueados por governos “excessivamente independentes”.

A aliança pela “libertação” do Brasil da tal “onda vermelha” envolveria os próprios Estados Unidos e, do lado brasileiro, grupos de mídia, partidos de oposição e lideranças políticas como Aécio Neves, Marina Silva e Eduardo Campos, bem como setores do Ministério Público e do Supremo Tribunal Federal.

Teoria da conspiração? Pode ser. Não se pode afirmar que esses relatos procedam sem que os relatores apresentem provas. Mas tampouco dá para descuidar de hipóteses tão verossímeis, dado o histórico da relação promíscua entre os EUA e setores da elite latino-americana. Vale abrir o olho.


Fonte: http://www.blogdacidadania.com.br/2013/04/por-tras-da-valentia-midiatica-contra-dilma-os-eua/

terça-feira, 23 de abril de 2013

Ex-presidente Lula terá coluna mensal no "New York Times"




O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 67, assinou na segunda-feita (22) nos Estados Unidos um contrato com o jornal norte-americano "The New York Times" para escrever uma coluna mensal que será distribuída pela publicação. Segundo o UOL apurou, a coluna não deve ser publicada em veículos brasileiros por exigência do próprio Lula.

O petista se reuniu com Michael Greenspon, diretor-geral do serviço de notícias do jornal norte-americano, e foi decidido que o texto será distribuído pela agência do "New York Times".

A coluna tratará de "política e economia internacional, além de iniciativas para o combate à fome e à miséria no mundo", de acordo com informações divulgadas pelo Instituto Lula.

O "New York Times" já ganhou 112 prêmios Pulitzer e tem seis escritórios, incluindo a sede, na cidade de Nova York. Além disso, possui 14 escritórios espalhados pelos EUA e outros 24 pelo mundo.

O serviço de distribuição do jornal fornece notícias para portais, jornais e publicações do mundo todo, incluindo o Brasil e o UOL. Entre seus colunistas estão o vencedor do Nobel de Economia, Paul Krugman, e o jornalista e três vencedor do Pulitzer, Thomas Friedman.

 Fonte: http://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/brasil/2013/04/23/ex-presidente-lula-tera-coluna-mensal-no-the-new-york-times.htm?cmpid=cfb-bolnoticias-news&fb_action_types=og.recommends&fb_source=other_multiline

sexta-feira, 19 de abril de 2013

OEA pode obrigar Brasil a anular a farsa do mensalão




Após o julgamento da Ação Penal 470, vulgo julgamento do mensalão, instalou-se no Brasil uma situação de insegurança jurídica e, mais do que isso, uma das maiores ameaças ao Estado Democrático de Direito do pós-redemocratização. Este é um fato reconhecido por amplos setores do meio jurídico e que vai ganhando cada vez mais força.

A condenação política de adversários de grandes grupos de mídia que conseguiram cooptar juízes do Supremo Tribunal Federal para que os condenassem sem provas vai sendo vista como transformação do país em uma republiqueta de quinta categoria em que pessoas são mandadas para a cadeia se contrariarem interesses poderosos.

Nesse aspecto, vai se consolidando a esperança de impedir que um país da importância do Brasil consolide uma das maiores farsas jurídicas da história.

Um caso corriqueiro de caixa 2 em campanha política – que, apesar da ilegalidade da prática, não poderia ser transformado em “maior caso de corrupção da história” e “compra de votos no Congresso” – condenou os réus da Ação Penal em tela a penas muito maiores do que os ilícitos cometidos e, pior do que isso, condenou alguns deles sem prova alguma.

Matéria da revista Consultor Jurídico publicada ontem em seu site, porém, dá conta de que a farsa do mensalão corre sério risco de ser desmascarada. Segundo o texto, existe “A possibilidade de réus condenados na Ação Penal 470 (…) recorrerem a órgãos de julgamento internacionais da Organização dos Estados Americanos”.

Nesta sexta-feira, o ministro do STF Celso de Mello entregará o último voto que faltava para que seja publicado o acórdão da Ação Penal 470. No texto, ele admite não só que o caso pode ir parar na Corte Interamericana de Direitos Humanos, que integra a OEA, mas que o Brasil terá que acatar a deliberação daquela Corte.

José Dirceu, o principal alvo da pantomima em que se transformou aquela Ação Penal, em entrevista a este Blog na semana passada deixou muito claro que recorrerá a todas as instâncias internacionais possíveis para tentar reverter o que considera um julgamento político talhado especialmente para condenar não apenas a si e a outros petistas eminentes, mas o próprio Partido dos Trabalhadores.

É alvissareiro, pois, que um ministro do STF – no caso, o ministro Celso de Mello –, em seu voto que entregará amanhã para o acórdão tenha admitido que o Brasil terá que se submeter à decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos se esta decidir aceitar o caso que Dirceu e outros réus da AP 470 submeterão a ela.

Para que a Corte Interamericana de Direitos Humanos venha a julgar o julgamento do mensalão, porém, o pedido dos réus terá que ser submetido à Comissão Interamericana de Direitos Humanos e esta, se entender válidas as queixas deles, remeterá o caso para ser analisado pela Corte.

Aliás, a comissão já analisa os casos de dois dos condenados pelo julgamento do mensalão, Breno Fischberg e Enivaldo Quadrado, sócios da corretora Bônus Banval, os quais foram condenados por lavagem de dinheiro. A esses casos devem se somar os dos réus do “núcleo político” da AP 470.

Por conta da possibilidade de desmoralização internacional de um julgamento vendido ao Brasil e ao mundo como exemplo de “justiça”, o presidente do STF, Joaquim Barbosa, que é quem mais teria a perder, viajará no começo de maio a São José da Costa Rica, sede da Corte Interamericana de Direitos Humanos, para tentar convencer seu presidente, Diego García-Sayá, a não aceitar o clamor dos réus que condenou.

Contudo, a opinião nos altos meios jurídicos, segundo informações colhidas pelo Blog, é a de que, na base do jeitinho brasileiro, Barbosa não conseguirá nada. Nenhum pedido impedirá a Comissão Interamericana de Direitos Humanos de analisar o caso sob o estrito ângulo do Direito.

Para finalizar, um depoimento pessoal. Na entrevista que fiz com o ex-ministro José Dirceu na semana passada, ele, como advogado e com base no que colheu entre importantes juristas, parece absolutamente convencido de que, analisando sua condenação, a Comissão da OEA por certo enviará seu caso à Corte do organismo.


Fonte: http://www.blogdacidadania.com.br/2013/04/oea-pode-obrigar-brasil-a-anular-a-farsa-do-mensalao/

domingo, 7 de abril de 2013

Lula buscará o julgamento das urnas?

 
 
 
Por: Marco Antônio L
Fora de Pauta - Luis Nassif
 
 
Com uma possível investigação criminal contra si, o ex-presidente pode estar sendo empurrado para mais uma disputa eleitoral em 2014; sua missão será defender sua imagem, seu legado e provar que a voz do povo está acima dos tribunais ou das intenções de personagens como Roberto Gurgel e Joaquim Barbosa; no PT, crescerá a pressão para que ele concorra ao governo de São Paulo ou até mesmo à presidência da República
 
7 de Abril de 2013 às 06:28
 
 
247 - Luiz Inácio Lula da Silva foi o presidente mais popular da história do País, deixando o cargo com 80% de aprovação. Fora do Brasil, desfruta de imenso prestígio e, mais cedo ou mais tarde, será lembrado para o prêmio Nobel da Paz, por seus programas sociais e suas iniciativas de combate à fome em países da África e da América Latina. Ainda assim, ele está prestar a ser carimbado pela Justiça brasileira como um possível criminoso, depois que o empresário Marcos Valério, condenado a mais de 40 anos de prisão, o acusou de tentar intermediar uma doação de US$ 7 milhões da Portugal Telecom para o PT, destinada a pagar despesas de campanhas eleitorais, como os gastos com o publicitário Nizan Guanaes e a dupla Zezé di Camargo & Luciano.
 
Diante desse cenário, Lula tem duas alternativas: encastelar-se em São Bernardo do Campo (SP) e aguardar um possível julgamento, acompanhado da destruição da sua imagem pela imprensa tradicional, ou buscar proteção nas ruas, tornando-se, mais uma vez, candidato em uma disputa majoritária. Sabe-se também que a intenção inicial de Lula não era participar diretamente das eleições em 2014.
 
Mas o movimento do Ministério Público poderá alterar radicalmente esse quadro. "Lula está sendo empurrado para uma nova disputa", disse ao 247, um dos seus mais próximos interlocutores no PT. "Ele tem a obrigação de defender seu legado e o próprio PT".
 
Marqueteiro oficial do partido, João Santana já defendeu a ideia de que Lula seja candidato ao governo de São Paulo, em 2014, para tentar encerrar um ciclo de 20 anos de poder do PSDB no estado. Com uma máquina de propaganda que gastou R$ 2,4 bilhões nos últimos dez anos, o governo paulista, certamente, teve algum papel na construção do ambiente midiático que hoje tem, em Lula, seu inimigo público número um. E o PT acredita que esta oposição está destruída, aniquilida e esmagada se, depois de perder a prefeitura de São Paulo, ficar também sem o governo estadual.
 
Outra possibilidade, bem mais remota, mas não impossível, é de que Lula seja empurrado pelo próprio PT para disputar a presidência da República. Uma candidatura lhe serviria também como proteção, anteparo e espaço para a construção de um discurso político: o de que o julgamento das ruas, pelo povo, é mais importante do que o julgamento formal, conduzido por personagens como Roberto Gurgel, Joaquim Barbosa e assemelhados.
 
Coincidência ou não, na única vez em que falou sobre o chamado mensalão após seu julgamento, Lula explicitou essa posição. "Eu já fui julgado. A eleição da Dilma foi um julgamento extraordinário. Para um presidente com oito anos de mandato, sair com 87% de aprovação é um grande juízo", afirmou. Ou seja: para Lula, o julgamento que importa vem do povo. Será que ele tentará mais uma vez passar pelo teste?
 
 

segunda-feira, 1 de abril de 2013

O Banco dos BRICS e a nova ordem



Autor: 
 
Luis Nassif
 
Coluna Econômica

O chamado Banco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) é a primeira iniciativa multilateral e interregional de ir além do acordo de Breton Woods – o grande acordo de 1944 que juntou as nações em torno de instituições como a ONU (Organização das Nações Unidas), FMI (Fundo Monetário Internacional), Banco Mundial e um conjunto de organizações de apoio ao desenvolvimento.

Cada país deverá contribuir com US$ 10 bilhões para o banco.

Juntos, respondem por 43% da população mundial e dispõem de US$ 4,4 trilhões em reservas de moedas estrangeiras.

***

Desde que se criou a designação BRICS, a atuação dos cinco países se resumia a uma reunião anual sem muitos desdobramentos.

Começou a ganhar forma quando, há um ano e meio, a Índia propôs a criação do banco, respondendo a uma demanda dos países emergentes em relação à falta de atuação efetiva dos bancos multilaterais depois de 2008.

***

Criar um banco dessa dimensão não é tarefa trivial. Tem que se definir as contribuições ao capital do banco e, principalmente, a estrutura de governança.

Os cinco países têm pontos de interesse comuns, mas também disputas, especialmente em relação ao expansionismo chinês. E o grande instrumento de atuação da China é justamente o Banco da China. Daí a necessidade de identificar no novo banco áreas de atuação que não invadam o espaço do Banco da China.

Na semana passada, o presidente sul-africano Jacob Zuma qualificou a criação do banco como “o alvorecer de uma nova era em um mundo que necessita urgentemente de uma origem mundial mais justa”.

***

Um dos pilares do banco será o de incrementar o comércio entre os cinco países, inclusive trabalhando a criação de moedas especiais. Em 2002, os cinco países movimentavam US$ 27 bilhões entre si. No ano passado, o movimento bateu em US$ 282 bilhões. Poderá chegar a US$ 500 bilhões em 2015.

Nesses cinco países, o investimento estrangeiro direto foi de US$ 263 bilhões no ano passado, 20% dos fluxos globais de investimento direto.

***

Como primeiro passo, os Ministros das Fazendas e presidentes de Bancos Centrais dos cinco países concordaram com a criação de um fundo de US$ 100 bilhões, para combater crises cambiais.
Entre os primeiros projetos do novo banco, está o corredor rodoviário e ferroviário ligando Durban, na África do Sul, à Tanzânia.

***

Em que pese a nova proposta, os BRICS permanecem na frente de batalha nas atuais frentes multilaterais. Brasil, Índia e África do Sul ambicionam assentos permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Há diferenças entre eles. O Brasil, Índia e África do Sul têm regime democrático; China e Rússia, sistemas autocráticos. Além disso, há baixa tradição de investimentos entre os cinco. Apenas 2,5% do que investem se direciona para outros países do grupo, contra 40% que se destinam às economias desenvolvidas, particularmente União Europeia, Estados Unidos e Japão.

***

E há também disputas. A África tem se constituído em um território centro de disputa entre os próprios BRICS. A presença mais marcante é da China e também da África do Sul. Mas o Brasil tem ampliado sua participação, valendo-se da enorme afinidade com alguns países africanos, como Nigéria e Angola.

Crescimento dos BRICS e dos desenvolvidos



Entre os analistas internacionais, há certa descrença em relação ao poder atual dos BRICS. As economias da África do Sul e Brasil tem patinado. A  Índia já não consegue crescer a taxas de dois dígitos. E, depois do crescimento vertiginoso das últimas décadas, caiu o ritmo de crescimento da China. Mas tudo isso ocorre em um momento em que a economia dos países desenvolvidos não mostra sinais de vida.

O papel deletério da China - 1



Por outro lado, o modelo de expansão chinesa tem provocado muitas resistências.. A exemplo de outras potências, como Holanda, Espanha, Inglaterra e, mais tarde, os Estados Unidos, a China tem tido um papel pouco estimulador para seus parceiros comerciais. Vão longe os tempos do colonialismo britânico, mas permanece a ótica de trocar matérias primas por manufaturas. Terá que aprender a colaborar.

O papel deletério da China – 2



Não há diferença entre a Inglaterra do Tratado de Methuen e a China de hoje. No Tratado, a Inglaterra abriu espaço para a importação de vinhos portugueses, em troca da decisão de Portugal de não aumentar a taxação sobre os produtos ingleses. Em pouco tempo, afogou a manufatura portuguesa com seus produtos, melhores e mais baratos. O desequilíbrio comercial transferiu para a Inglaterra todas as reservas de ouro de Portugal.

A nova Inglaterra



Toda a estratégia inglesa consistia em comprar matérias primas e vender manufaturas. A China repete. E mesmo parceiros comerciais mais adiantados, como o Brasil, não tem conseguido escapar da armadilha chinesa, composta de mão de obra barata, câmbio competitivo e custo ínfimo de capital. Por aqui, o discurso hegemônico da velha mídia continua sendo a de aumentar os juros e evitar qualquer política desenvolvimentista.

Rumos do Brasil e China



Essa é a diferença fundamental. Na China, há o envolvimento de todas as forças – PC, governo, empresas, províncias, funcionalismo público, trabalhadores – em torno de um projeto de desenvolvimento. No Brasil, a maior parte do discurso da mídia é em defesa da elevação de juros, da abertura total do mercado, contra toda forma de inclusão social ou de medidas em favor das atividades produtivas.

O novo Portugal



No século 19, o Barão de Mauá anotava o caráter rentista da economia brasileira, mais interessada em juros do que em produzir. Quase dois séculos depois, há o paradoxo dos comentaristas que mais mencionam o empreendedorismo do Barão, mais criticam a herança colonial portuguesa, serem os mais acendrados representantes dessa praga colonial, o rentismo. São tão anacrônicos quanto a Sé de Braga e posam de modernos.



Fonte: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-banco-dos-brics-e-a-nova-ordem