quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

PSDB e mídia vinculam aumento da gasolina a energia mais barata


Os principais jornais de quarta-feira (30) amanheceram com destaque principal de primeira página para o primeiro aumento de gasolina da Petrobrás para as refinarias desde 2005, há mais de sete anos. Em média, o aumento deverá ser de 6,6% nos produtores.

Todavia, como a gasolina é misturada com 20% de álcool, o reajuste aos consumidores deverá ser de míseros 4% nas bombas.

Dias antes do aumento, o PSDB passou a inundar redes sociais na internet com a versão de que o governo estaria dando com uma mão ao consumidor e tirando com outra, vendendo a história de que o aumento da gasolina anularia o da energia elétrica.

Além disso, o partido de oposição vem alardeando que o suposto “escambo” governamental teria a intenção de anular, nos índices de inflação, o peso do aumento da gasolina.

Os jornais desta quarta-feira compraram integralmente a versão tucana e deram a ela um destaque grandiloqüente em suas primeiras páginas. Nos telejornais será a mesma coisa: tentarão vender ao público que ninguém ganhou nada com a redução da conta de luz.

Detalhe: fracassado o alarmismo sobre racionamento, apagão etc., a direita midiática teve essa idéia de “jênio” (By PHA).

Trata-se de uma falácia. Estudo do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) mostra que a frota brasileira de veículos automotores tem 32,9 milhões de automóveis e comerciais leves, 1,54 milhão de caminhões, 354 mil ônibus e 11,674 milhões de motocicletas. Com isso, relação de veículos por habitantes no país é de 1 para 4. Ou seja: só um quarto dos brasileiros tem algum veículo.

Não é preciso ser muito esperto para notar que é uma empulhação dizer que 4% de aumento no preço dos combustíveis anulará média de 20% de desconto nas contas de luz (18% para residências e 32% para empresas), pois 98% dos brasileiros têm energia elétrica em casa e só ¼ tem veículos.

O peso da redução no preço da energia elétrica, portanto, é muito maior do que o aumento irrisório no preço dos combustíveis. E isso sem falar que, de 2005 para cá, todos passaram a ganhar salários muito maiores enquanto que os combustíveis não subiram.

Até mesmo em termos de politicagem a estratégia da mídia e do PSDB para desgastar o governo Dilma é inepta. É óbvio que não são 25% dos brasileiros que têm carro ou qualquer outro veículo. Neste país de renda concentrada, uma minoria tem vários veículos.

A reação da grande maioria, mesmo de quem acreditar que o governo trocou aumento em combustível por desconto na energia elétrica, será de desprezo pelo aumento. A esmagadora maioria que não tem carro achará muito justa a troca que não houve.

Fonte: http://www.blogdacidadania.com.br/2013/01/psdb-e-midia-vinculam-aumento-da-gasolina-a-energia-mais-barata/

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A contribuição da indústria da transformação no século 21



Do site IEDI.org.br

Análise IEDI – 29/01/2013 – Indústria – Futuro industrial

O relatório “Manufacturing the future: the next era of global growth and innovation”, da consultoria McKinsey&Company, pretende elucidar qual será a contribuição da indústria da transformação nas economias avançadas e em desenvolvimento no século XXI. Através de um modelo de segmentação, o estudo aponta quais serão as condições de sucesso em cinco segmentos gerais da indústria de transformação, apontando caminhos para políticas públicas.

Os segmentos que se diferenciam bastante entre si no que se refere às suas fontes de vantagens competitivas e em como os fatores de produção influenciam suas decisões de onde produzir, investir em P&D e chegar ao mercado, são:
1) Produtos de inovações globais para mercados locais
2) Produtos de processamento regional

3) Commodities intensivas em recursos naturais e energia

4) Produtos de inovação e tecnologias globais

5) Produtos de bens comercializáveis trabalho-intensivos
Segundo o relatório a transição da atividade primária para a industrial ainda é a rota para aumentar a produtividade e elevar os padrões de vida das economias em desenvolvimento. No futuro, a indústria da transformação continuará tendo um papel muito importante na economia, e a próxima era de inovação e oportunidades inspirarão uma nova geração de empregados da indústria.
 
De acordo com a McKinsey, o setor manufatureiro que detinha apenas 16% do valor adicionado mundial em 2010, gerava 70% das exportações das maiores economias industriais emergentes ou desenvolvidas naquele mesmo ano. É também responsável por 77% das inovações privadas em grandes países industriais, além da China, e, segundo uma pesquisa entre os países europeus, sua participação no aumento de produtividade das economias chega a 37%, muito superior à participação da indústria no PIB dos países.
 
A McKinsey identifica as principais tendências para o futuro da indústria da transformação, algumas novas e muitas já em curso, relacionadas à demanda, oferta, regulação e políticas governamentais, inovação e tecnologia, riscos e incerteza.
 
A observação e a adaptação a essas tendências são primordiais para o sucesso de empresas e nações no futuro. Por isso o relatório apresenta ainda algumas estratégias de atuação no âmbito do setor privado e do setor público. Da parte das empresas será preciso recriar suas estratégias atendendo aos requisitos de granularidade, agilidade, adoção de novas abordagens e capacidades gerenciais e operacionais, investir em mudança organizacional e formação de talentos.
 
Do lado dos governos, o papel crucial do Estado para o desenvolvimento industrial é com relação à criação de um ambiente para empresas inovadoras e competitivas, gerando condições das empresas manufatureiras locais se sustentarem ao longo do tempo. Não se trata apenas de um estado regulador, mas de corrigir falhas de mercado, apoiar indústrias nascentes etc. Os setores público e privado terão de atuar mais conjuntamente, incluindo as empresas multinacionais, gerando um ecossistema que atraia os talentos e promova inovações.
 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Querem jogar no lixo os votos que o povo venezuelano deu a Chávez


A vontade política e eleitoral dos povos da América Latina jamais constituiu empecilho aos arreganhos golpistas de uma elite branca, rica e de extrema direita que infecta a região sob orientação farta e bem-paga desde Washington, e o episódio da prorrogação ou não da posse de Hugo Chávez só faz comprovar tal premissa.

Há semanas que vimos lendo, vendo e ouvindo porta-vozes dos donos da grande mídia pretendendo ministrar ao povo venezuelano lições de como lidar com um valor que aqueles a quem esses mesmos porta-vozes servem tantas vezes conspurcaram em passado não tão distante. Querem, “apenas”, ensinar o país vizinho a exercer a própria democracia.

Tudo porque a vontade eleitoral majoritária jamais impediu que esses mesmos brasileiros que clamam por “democracia” na Venezuela defendessem por aqui que a vontade eleitoral deste povo fosse relativizada por “iluminados” que saberiam melhor do que ele o que é melhor para si.

Nesse episódio do adiamento da posse de Chávez, portanto, em nenhum momento você leu, ouviu ou assistiu a algum articulista, editorialista, comentarista de tevê ou de rádio se dando ao trabalho de perguntar o que o povo venezuelano pensa disso tudo.

A mídia faz isso porque sabe que a lógica induz à premissa de que o que a maioria daquele povo quer é que aquele a quem há poucos meses elegeu não perca o mandato por conta de mera interpretação da constituição que, inclusive, pode ser contestada, pois a premissa primeira de qualquer democracia deve ser a valorização do voto popular.

Se uma maioria de quase oito milhões de venezuelanos (ou 54% do eleitorado daquele país) elegeu Chávez há três meses em uma campanha em que seu estado de saúde foi o principal assunto explorado por seu principal adversário, essa mesma maioria por certo concordará em esperar um pouco mais antes de ver aquele que elegeu perder o mandato.

Esses porta-vozes de multimilionários controladores de grandes e vastas concessões públicas de rádio e televisão ou de veículos impressos nos quais são despejadas arcas incontáveis de dinheiro público, então, desandaram a chamar a Venezuela de “ditadura” porque a Justiça do país levou em consideração a vontade do povo.

Os “barões da mídia” e aqueles porta-vozes, porém, tratam de exercer em seus jornais, revistas, rádios, televisões e portais de internet a mais completa censura a qualquer um que divirja deles como divergiu a maioria dos governos sul-americanos – o do Brasil incluído – no que diz respeito a estar ocorrendo alguma violação da democracia venezuelana.

A Venezuela é, sim, uma democracia. Alguma eleição foi fraudada? Não. Todas, desde 1999, foram referendadas por legiões de observadores internacionais. Ponto.

Se as eleições todas na Venezuela não foram fraudadas, aquele povo continua querendo Chávez. A decisão sobre sua reeleição foi tomada há três meses. Está fresca, firme e forte. Os poderes de lá, portanto, apenas estão respeitando a vontade do povo, ainda que certos “democratas” daqui e de lá não consigam entender.

Fonte: http://www.blogdacidadania.com.br/2013/01/querem-jogar-no-lixo-os-votos-que-o-povo-venezuelano-deu-a-chavez/

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O comportamento irresponsável da imprensa



Por O Escritor

Comentário ao post "Recado para Lya Luft - 3"

Eu escrevi o texto original. E gostaria de abordar uma questão mais ampla que independe de concordância ou discordância quanto ao conteúdo dele.

Nos últimos tempos, na grande mídia, tornou-se comum o comportamento profissionalmente irresponsável por parte de jornalistas, em especial os jornalistas políticos.

Ao invés de praticarem o jornalismo responsável e objetivo, ou seja, ao invés de fazerem um meio de campo eficiente entre os fatos e os cidadãos, passaram a adotar basicamente três procedimentos reprováveis em seu trabalho: ocultar os fatos negativos para seus protegidos ou os fatos positivos para seus inimigos (sim, são eles os principais censores da própria mídia), distorcer os fatos favoráveis a seus inimigos, e superdimensionar os feitos dos protegidos e os problemas dos inimigos. Tudo pelo jogo político. Instalou-se um vale tudo em nome da promoção dos interesses dos seus patrões.

Esse comportamento de desgarramento em relação à realidade e aos padrões de qualidade profissional acabou “contaminando” a participação dos colunistas das Séries B, C, ... Z do Campeonato de Irresponsabilidade da Grande Mídia, tanto daqueles que fazem o jogo político (tenho certeza de que vocês estão pensando em vários coadjuvantes), quanto daqueles que comentam sobre os mais variados assuntos.

Assim é que uma colunista da “Veja”, a revista mais vendida do País, achou-se no direito de criticar a política de inclusão social, usando como exemplo a educação inclusiva.

O que ela fez? Procurou estudar o assunto? Ouviu profissionais da área? Buscou a opinião de pais e mães de interessados? Contatou professores? Verificou com os alunos beneficiados se eles realmente se sentiam constrangidos em sala de aula? Procurou conhecer os diferentes tipos de necessidades dos deficientes? Ou seja, fez um trabalho prévio, naturalmente imposto pela responsabilidade social associada à sua posição de destaque na mídia?

Não. Nada. Eu penso, eu digo, e ponto final.

Para essa turma, basta ter uma vaga ideia, uma opinião, um palpite, e esse conteúdo passa para o papel ou a página da Web, sem nenhum critério profissional que faça a ponte entre o interior e o exterior. A realidade pode esperar; a opinião pessoal, não. Se alguém sair prejudicado, problema dele.

E o que uma reação como esta que se deu neste blog expõe sobre esse estado de coisas? Muito simples. Esse time de “comentaristas de tudo”, quando trata dos mais variados assuntos, revela um grau de inteligência e conhecimento muito abaixo do grau médio do brasileiro.

A coletividade (ou seja, o próprio conjunto dos seus leitores) é bem mais inteligente e informada do que eles.

Para fazer um bom trabalho, eles contam com duas opções: permanecer em sua área de “expertise”, na qual podem falar com autoridade, ou então checar de maneira profissional uma opinião que pretendam tornar pública, sobre uma área que não conheçam.

O privilégio de escrever uma coluna não dá a ninguém o direito de ser socialmente irresponsável.

Não se trata de “patrulhamento”, mas de um chamamento à responsabilidade social e profissional. Os critérios aplicados a um post de blog (um espaço de opinião pessoal, de influência limitada) são naturalmente mais liberais que os aplicados a uma coluna num veículo da grande mídia (um espaço de atuação social, de influência abrangente). Esta é a lição a ser extraída dessa polêmica.

Fonte: http://www.advivo.com.br/node/1211331