sexta-feira, 31 de maio de 2013

CONSPIRAÇÃO CONTRA A PÁTRIA - EDITORIAL HISTÓRICO DO JORNAL DO BRASIL

Jornal do Brasil


O mundo inteiro passa por uma crise econômica e social, decorrente da ganância dos banqueiros, que controlam o valor das moedas, o fluxo de crédito, o preço internacional das commodities. Diante deles, os governos se sentem amedrontados, ou cúmplices, conforme o caso e poucos resistem.

A União Europeia desmantela-se: o fim do estado de bem-estar, o corte nos orçamentos sociais, a desconfiança entre os países associados, a indignação dos cidadãos e a incapacidade dos governantes em controlar politicamente a crise, que tem a sua expressão maior no desemprego e na pauperização de povos. Se não forem adotadas medidas corajosas contra os grandes bancos, podemos esperar o caos planetário, que a irresponsabilidade arquiteta.

A China, exposta como modelo de crescimento, é o caso mais desolador de crescente desigualdade social no mundo, com a ostentação de seus bilionários em uma região industrializada e centenas de milhões de pessoas na miséria no resto do país. Isso sem falar nas condições semiescravas de seus trabalhadores – já denunciadas como sendo inerentes ao “Sistema Asiático de Produção”. Os Estados Unidos, pátria do capitalismo liberal e neoliberal, foram obrigados a intervir pesadamente no mercado financeiro a fim de salvar e reestruturar bancos e agências de seguro, além de evitar a falência da General Motors.

Neste mundo sombrio, o Brasil se destaca com sua política social. Está eliminando, passo a passo , a pobreza absoluta, ampliando a formação universitária de jovens de origem modesta, abrindo novas fronteiras agrícolas e obtendo os menores níveis de desemprego de sua história.

Não obstante esses êxitos nacionais, o governo está sob ataque histérico dos grandes meios político-financeiros. Na falta de motivo, o pretexto agora é a inflação. Ora, todas as fontes demonstram que a inflação do governo anterior a Lula foi muito maior que nos últimos 10 anos. 

O Jornal do Brasil, fiel a sua tradição secular, mantém a confiança na chefia do Estado Democrático e denúncia, como de lesa-pátria, porque sabota a economia, a campanha orquestrada contra o Governo – que lembra outros momentos de nossa história, alguns deles com desfecho trágico e o sofrimento de toda a nação.
 
 
 

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Rússia garante defesa aérea de última geração à Síria e amplia poder de fogo de Al-Assad

 
 
 
 
 

28/5/2013 11:50 - No Jornal Correio do Brasil

Por Redação, com agências internacionais - de Paris e Damasco


 
 
Sergey Ryabkov, em Paris, alertou para a ação irresponsável do Ocidente, de aumentar o poder de fogo dos setores mais sectários da sociedade síria

A Rússia não vai abandonar os planos de entregar um sistema de defesa aérea para a Síria, apesar da oposição ocidental porque ajudaria a dissuadir alguns “exaltados” com a intenção de intervir no conflito de dois anos no país, disse o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Ryabkov, nesta terça-feira. O vice-chanceler também acusou a União Europeia de “jogar lenha na fogueira” ao deixar expirar um embargo de armas à Síria. Israel e França pediram à Rússia que desistisse de enviar sistemas de mísseis S-300 de alta precisão ao governo do presidente sírio, Bashar al-Assad, que está lutando contra a insurgência apoiada por países árabes e ocidentais. Ao mesmo tempo, os franceses avisaram que não descartam a possibilidade de armar os rebeldes.

Ryabkov sugeriu que os mísseis são úteis para dissuadir intervenções.

– Nós pensamos que esta entrega é um fator de estabilização e que tais medidas em muitas maneiras contêm alguns exaltados de explorar cenários em que este conflito poderia receber um caráter internacional, com a participação de forças externas – disse ele em entrevista coletiva.

As autoridades russas não revelaram se os S-300s já foram realmente enviados à Síria, e Ryabkov não deu detalhes.

– Eu não posso confirmar ou negar se estas entregas aconteceram, eu só posso dizer que não vamos renegá-las – disse Ryabkov. “Vemos que esta questão preocupa muitos nossos parceiros, mas não temos base para rever a nossa posição nesta matéria.”

O ministro da Defesa israelense, Moshe Yaalon, disse nesta terça-feira que os S-300 ainda não tinha deixado a Rússia, parecendo contradizer o chefe da Força Aérea de Israel, que disse na semana passada que os mísseis estavam a caminho da Síria.

Conferência de paz

Moscou considera necessário ampliar a lista de participantes da futura conferência internacional dedicada à situação na Síria. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, fez esta declaração depois do encontro com o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, em Paris, na noite passada.

A conferência deverá ser realizada em junho deste ano, em Genebra. Importa chegar a entendimento sobre quem irá representar as partes sírias nas conversações, afirma Lavrov. O chefe do serviço diplomático russo está neste momento em Paris, após uma visita ao Quirguistão. John Kerry chegou procedente da Jordânia. O encontro foi marcado para as 19 horas (horário de Paris), na noite passada. Mas, às sete e pouco, a comitiva do ministro russo ainda estava num engarrafamento de trânsito. O secretário de Estado norte-americano não teve outra saída senão dar um passeio junto da Ópera de Paris.

O sexto encontro dos últimos três meses entre Lavrov e Kerry foi espontâneo. Curioso o fato de, desta vez John Kerry ter alterado as regras do jogo: insistiu em que a discussão fosse feita às portas fechadas. Mas, concluídas as conversações, os representantes dos dois países apresentaram-se em conjunto perante os jornalistas. Lavrov declarou que a Rússia e os EUA esperam que a conferência internacional sobre a Síria seja realizada proximamente:

– A tarefa número um é esclarecer quem é que vai representar as partes sírias. O governo sírio já anunciou a sua intenção de apoiar a conferência de Genebra. Quanto à oposição, o senhor Kerry disse que ela continua a debater o formato da sua delegação. O secretário de Estado dos EUA afirmou que aí será preciso mais algum tempo para compreender a linha e o enfoque da oposição. Espero que este enfoque seja construtivo, pois a nossa opinião comum é que a conferência deve ser convocada sem que sejam impostas quaisquer exigências preliminares.

O encontro inesperado do ministro das Relações Exteriores da Rússia e do secretário de Estado norte-americano parecia combinado. No dia 7 de maio, durante as conversações em Moscou, eles concordaram em realizar a conferência internacional dedicada à Síria. No encontro “Genebra 2” foi decidido que os representantes do governo sírio e da oposição devem, afinal, encontrar-se. A partir de então as palavras “Síria” e “Genebra” soam permanentemente de ambos os lados do oceano Atlântico e no litoral do golfo Pérsico.

Espera-se que a futura conferência surta resultado e que sejam dados, pelo menos, os primeiros passos rumo à cessação do derramamento de sangue na Síria. Depois do encontro em Paris, o secretário de Estado norte-americano pronunciou uma frase que repete letra por letra a posição russa:

– A Rússia e os EUA estão profundamente convencidos da necessidade de cumprir os princípios do comunicado de Genebra, ou de “Genebra 2”. Eles exigem que o poder seja entregue a um governo de transição, o que permitirá ao povo da Síria determinar o futuro do seu país. Nós queremos que a conferência seja realizada.

Lavrov e Kerry reconheceram que a realização da conferência não é uma tarefa simples. Mas, se a Rússia e os EUA se encarregam de resolver o problema, as chances de êxito são maiores do que se possa pensar. Ao mesmo tempo, ambas as partes dispõem de motivos de sobra para não participar da conferência. Já depois da decisão de Lavrov e Kerry sobre a realização do encontro internacional, a Assembleia Geral da ONU aprovou por maioria dos votos uma resolução muito discutível. Este documento responsabiliza o governo sírio por todos os problemas do país. Para além disso, já depois da conclusão do encontro de Paris, se soube que a União Europeia tinha levantado a proibição de fornecimento de armas à oposição síria.

As datas da conferência sobre a Síria não foram agendadas até agora. É possível que Serguei Lavrov e John Kerry consigam encontrar-se mais uma vez antes disso.

Ação conjunta

A Grã-Bretanha, por sua vez, disse nesta terça-feira que não precisa esperar por uma reunião de ministros das Relações Exteriores da União Europeia em 1o de agosto antes de tomar uma decisão sobre armar os rebeldes da Síria, mas ressaltou que ainda não tomou uma decisão.

– Eu tenho que corrigir uma coisa preocupante. Sei que tem havido alguma discussão sobre algum tipo de prazo em agosto. Esse não é o caso – disse o ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, à rádio britânica BBC, acrescentando que a Grã-Bretanha “não exclui” armar os rebeldes antes de agosto, e que não agiria sozinha, caso opte por fazê-lo.

A França também disse nesta terça que se reserva ao direito de enviar armas imediatamente para os rebeldes que lutam há mais de dois anos contra o regime do presidente Bashar al-Assad, mas que não tem planos de fazer isso. Em negociações na segunda-feira, os governos da UE não conseguiram superar diferenças sobre a questão e decidiram deixar expirar um embargo ao envio de armas para os rebeldes sírios.


Fonte: http://www.advivo.com.br/node/1387804

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Ruptura do Estadão com a ditadura é história pra boi dormir



A morte do jornalista Ruy Mesquita, diretor do jornal O Estado de São, na noite de terça-feira (21), ensejou matérias em telejornais e portais de internet que estão divulgando uma das mais antigas conversas moles dos autores intelectuais de uma ditadura sangrenta, selvagem e degenerada que se abateu sobre o Brasil durante mais de duas décadas.

Um aviso: este artigo nada tem que ver com o cidadão Ruy Mesquita, de quem o Blog lamenta a morte como lamentaria de qualquer ser humano, mas com uma tentativa malandra de revisionismo histórico que o passamento do dito cujo desencadeou.

O Jornal Nacional, por exemplo, apresentou assim o papel do Estadão durante a ditadura militar que, ao menos, o telejornal reconheceu que foi apoiada em seus primeiros momentos pelo jornal que Ruy Mesquita dirigiu até morrer:
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Jornal Nacional

Edição de 21 de maio de 2013

Reportagem sobre a morte de Ruy Mesquita

Ao lado do pai, Júlio de Mesquita Filho, e já como jornalista, [Ruy Mesquita] apoiou o golpe de 1964, mas a família rompeu com o regime no ano seguinte [1965], quando as eleições foram canceladas [pela ditadura]”
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História para boi dormir, isso sim.

Nos momentos que antecederam o golpe, Ruy Mesquita, filho do dono de O Estado de S. Paulo, era vinculado à UDN. Na redação de seu jornal, semanalmente eram feitas reuniões conspiratórias com civis e militares tão interessados quanto aquele barão da mídia em tramar o golpe.

Contudo, a ruptura que teria ocorrido em 1965 – um ano após o golpe – entre o Estadão e o regime que o jornal ajudara a implantar, não era para valer. Não passava de uma forma de o veículo disfarçar seu apoio a medidas da ditadura que se coadunavam com a sua visão político-ideológica.

O Estadão, por exemplo, apoiou a censura aos movimentos de esquerda e até a peças de teatro que entendia como “propaganda comunista”. Editorial desse jornal publicado em junho de 1968, portanto bem depois de sua suposta “ruptura” com o regime, deixa ver que sua alardeada luta contra a censura não passava de fachada.

Abaixo, trecho daquele editorial:
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O ESTADO DE SÃO PAULO

Editorial

 (…) Foi uma oportuna manifestação a que se registrou recentemente na Assembléia Legislativa, pela palavra do deputado Aurélio Campos, sobre os excessos que se tem verificado em representações teatrais no terreno do desrespeito aos mais comezinhos preceitos morais.

O mundo teatral – tanto os atores e atrizes como os autores – vêm movendo uma campanha sistemática contra a censura, e como esta nem sempre é exercida por autoridades à altura de tão graves e, às vezes, tão delicadas questões, a tendência de muitos é cerrar fileiras entre os que combatem.

O que na censura geralmente se vê é uma ameaça à liberdade, o que assume a feição particularmente antipática quando à liberdade ameaçada é a artística. Carradas de razão, entretanto, teve o parlamentar acima referido ao assinalar, a propósito de peça teatral a cuja representação assistira, que a censura, longe de se mostrar rigorosa no escoimá-la de seus exageros mais escandalosos, o que revelou foi uma complacência que não pode deixar de ser severamente criticada (…).

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O editorial considerou “branda” a censura dos ditadores a peça teatral que o jornal considerava esquerdista demais. Ora, alguém é capaz de explicar que ruptura é essa que pedia que aqueles com os quais teria rompido intensificassem a censura a peças teatrais?

Esse pedido do jornal ao regime para que intensificasse a censura provocou intensa comoção entre a classe artística, a ponto de o crítico teatral Sabato Magaldi dar entrevista comunicando o repúdio dos artistas àquele editorial do Estadão.

Artistas de São Paulo e do Rio de Janeiro, então, no mesmo dia da publicação do editorial mandam chamar a imprensa a fim de anunciar que os prêmios “Saci” (premiação que o Estadão conferia anualmente aos melhores da produção brasileira de cinema e teatro) seriam devolvidos ao jornal em protesto contra o tal editorial, considerado pelos artistas “totalmente favorável à censura ditatorial”.

Os prêmios “Saci” foram devolvidos ao Estadão pelos seguintes artistas: Cacilda Becker, Walmor Chagas, Fernanda Montenegro, Maria Della Costa, Sérgio Mamberti, Odete Lara, Jorge Andrade, Lélia Abramo, Etty Fraser, Ademar Guerra, Fauzi Arap, Augusto Boal, Flávio Império, Flávio Rangel, Gianfrancesco Guarnieri, José Celso Martinez Corrêa, Liana Duval, Paulo Autran e Tônia Carrero.

E nem vamos falar da demissão da psicanalista Maria Rita Kehl pelo Estadão em 2010 por “delito de opinião”, ou seja, por ter escrito artigo que o jornal, que apoiava abertamente a candidatura José Serra, considerou que era favorável à candidatura Dilma Rousseff. Afinal, o foco é esse jornal e a ditadura.

Nesse aspecto, há até uma densa obra acadêmica entre as várias que denunciam a promiscuidade entre jornalões como o Estadão e a ditadura militar para muito além de 1965.Trata-se do livro da historiadora Beatriz Kushnir, feito a partir de sua tese de doutorado, intitulado “Cães de Guarda – Jornalistas e Censores do AI-5 à Constituição de 1988” (Editora Boitempo).

Sobre a autora, vale relatar que é mestre em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e diretora do Arquivo Geral do Rio de Janeiro, que possui um dos maiores acervos sobre o regime militar. Sua tese foi apresentada ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O livro relata que jornalistas de formação passaram a integrar o Departamento de Censura de Diversões Públicas (DCDP) e trata dos policiais que atuaram como jornalistas sob anuência inclusive dos donos do Estadão.

Segundo a autora, os donos de jornais como Folha de São Paulo, Jornal do Brasil, o Estado de São Paulo e outros “acatavam” os bilhetinhos da repressão sobre o que se podia e o que não se podia publicar.

Os jornalistas colaboracionistas que gente como os Mesquita instalaram nas redações ganharam até apelido, ficando conhecidos como “gansos”.

O ponto alto do livro é o que trata do jornal Folha da Tarde (FT), do Grupo Folha, de Octavio Frias. Foi o jornal que prestou os maiores serviços à repressão. Era chamado pelos jornalistas independentes de “delegacia” ou “orgão oficial da OBAN”.

Contudo, o livro de Kushnir aborda, também, a postura de muitos outros veículos naquele período. Relata que todos os grandes órgãos de imprensa transmitiam a versão do Estado na luta contra a guerrilha, ocultando a tortura, os assassinatos, os desaparecimentos e as mortes dos oposicionistas.

Além do grupo Folha, foco do livro, patrocinaram e sustentaram o golpe também os Diários Associados, de Assis Chauteaubriand; o Estado de São Paulo e o Jornal da Tarde, da família Mesquita; a Rádio Eldorado; a TV Record; a TV Paulista; o Jornal do Brasil; o Correio do Povo; a Tribuna de Imprensa, de Carlos Lacerda; o Noticias Populares, de Hebert Levy; e as Organizações Globo, de Roberto Marinho.

“Cães de Guarda” relata, por exemplo, a posição do escritor Frei Betto sobre o comportamento do Estadão naquele período. Ele criticou as notícias de culinária no lugar das matérias censuradas no Jornal da Tarde e no Estado de São Paulo.

Para Frei Betto, as receitas culinárias “Atenuavam a cumplicidade do Estadão com a mentira oficial publicando, nos espaços censurados, receita de bolos ou poemas de Camões”, mas, segundo o escritor, “Os acólitos do regime adaptavam-se, substituíam o noticiário cortado, antecipavam-se à tesoura do censor”.

A morte de Mesquita, como já foi dito, é lamentável como a de qualquer ser humano. Mas que não venham agora veículos como a Globo, que lamberam as botas da ditadura e a ajudaram a matar e a torturar inocentes, tentar apagar os crimes que esses barões da mídia cometeram naqueles anos de chumbo. Não vamos esquecer.


Fonte: http://www.blogdacidadania.com.br/2013/05/ruptura-do-estadao-com-ditadura-militar-e-historia-para-boi-dormir/

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Suspeito de atentado em Boston é morto por agente do FBI



Por Sanzio

Da Folha

FBI mata suspeito de ataque em Boston em depoimento na Flórida

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
 
Um homem acusado de envolvimento no ataque à Maratona de Boston que ocorreu em 15 de abril passado foi morto nesta quarta-feira por um agente do FBI (a polícia federal americana) enquanto prestava depoimento a policiais, na cidade de Orlando, na Flórida.

Segundo os agentes, o rapaz era amigo dos irmãos Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev, os dois jovens de origem tchetchena que são apontados pela polícia como os principais responsáveis pelo atentado.

O FBI diz que, em meio ao depoimento, o acusado agrediu fisicamente um agente, que revidou com um tiro.

Em comunicado, o porta-voz do FBI, Paul Bresson, disse que o agente atuou em legítima defesa. Ele não deu detalhes de como foi o ataque.

Em entrevista ao jornal "Orlando Sentinel", um amigo do suspeito morto disse que ele se chamava Ibragim Todashev e tinha 27 anos. O amigo afirmou que o jovem era investigado porque conhecia Tamerlan, o mais velho dos irmãos tchetchenos. Os dois teriam se conhecido numa competição de artes marciais.Tsarnaev, de origem tchetchena, é acusado de ter organizado junto com o irmão, Dzhokhar, 19, a explosão de duas bombas perto da linha de chegada da Maratona de Boston.

O atentado deixou três mortos e 264 feridos. Tamerlan foi morto em um tiroteio com policiais quatro dias depois da ação. Ele é apontado pelo FBI como mentor do ataque.

Seu irmão caçula, Dzhokhar, foi preso horas mais tarde, com um ferimento a bala na região do pescoço. Ele permanece internado em um hospital prisional, mas, conforme o FBI, já prestou depoimentos sobre o caso e assumiu sua responsabilidade.

A primeira audiência judicial sobre o caso será em 2 de julho que vem. Dzhokhar pode acabar condenado à morte.

Os agentes afirmam que os dois tchetchenos planejaram a ação inspirados por grupos radicais islâmicos, que teriam conhecido em uma viagem ao Daguestão, na Rússia, em 2011.


Fonte: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/suspeito-de-atentado-em-boston-e-morto-por-agente-do-fbi

terça-feira, 21 de maio de 2013

Lula no New York Times e as reações nas redes sociais

Por Assis Ribeiro

Do O Recôncavo

Lula no NYT: reações nas redes sociais explicam porque a oposição está na oposição

Eles precisam diminuir o adversário para acreditar em sua própria vitória, diria Gramsci. Não é de se admirar que esse grupo social esteja há 10 anos na oposição.

Por Charles Carmo

 
 
Como, se não sabe inglês?- perguntam seus opositores, com ares de Cícero. 
 
Algumas postagens nas redes socais sobre o fato do ex-presidente Lula virar colunista do jornal The New York Times comprovam que é absolutamente impossível para parte da classe média e quase a totalidade da elite brasileira aceitar, sem manifestações explícitas de incorrigível ódio de classe e peculiar preconceito, esse fato: Lula é um player dentro da política internacional!

Seus artigos serão comprados, aposta o NYT. Por isso Lula foi contratado.

No fundo esse é o sonho do tucano clássico. Por isso também o despeito. Lula é respeitado em todo mundo. É um fato, ora.

Se a oposição partisse da realidade, e não de seu fígado, faria a leitura conjuntural que lhe possibilitaria mensurar as ações necessárias ao seu crescimento.

Não obstante, esses setores preferem permanecer numa desqualificação que, a toda hora, é derrotada pela realidade. É nessa hora que Lula viva colunista do NYT. E a leitura errada é entornada no chão.
Eles precisam diminuir o adversário para acreditar em sua própria vitória, diria Gramsci.

Frágeis…tão frágeis. Há um preconceito atávico que a eles serve de explicação racional do Brasil. Sem esses preconceitos seus totens caem, como gotas de orvalho. Esses preconceitos explicam porque são superiores. E porque seres superiores devem viver em situação privilegiada.
  
Há quem pergunte, triunfante, como se o argumento fosse definitivo:

- Ora, mas como Lula escreverá para o NYT se não sabe o idioma inglês?

Não é de se admirar que esse grupo social, incapaz de perceber que neste grau de relações a língua jamais será uma barreira, esteja há 10 anos na oposição.

Lula os põe na palma da mão. Por isso ele está na linha de frente.

É que na universidade do mundo eles são analfabetos políticos. E Lula é Doutor.

Ou agora a meritocracia não vale?


Fonte: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/lula-no-new-york-times-e-as-reacoes-nas-redes-sociais

sábado, 18 de maio de 2013

Cerco contra Maduro

Jornal do Brasil

Mauro Santayana



A oposição venezuelana tem todo o direito de lutar pelo poder. É natural e desejável que haja alternância de homens e de ideias no exercício dos governos. Cabe a Capriles, que esteve tão próximo da vitória, e a seus seguidores, esperar o próximo pleito e disputar a Presidência dentro das regras vigentes. Nada a estranhar, em um regime democrático, como o da Venezuela, que, sob observação internacional, vem realizando eleições periódicas. É provável que ele vença a disputa; menos provável é que os venezuelanos aceitem voltar ao que viveram antes de Chávez.

Há, no entanto, sinais de que setores da oposição querem aproveitar-se das dificuldades conjunturais do país, a fim de desestabilizar o governo e criar crise social e política de tal gravidade que conduza a um golpe. Tendo em vista exemplos históricos, uma das manobras mais usuais é a de grandes atacadistas e supermercados sonegarem alimentos e artigos de consumo obrigatório, o que causa desassossego e a irritação dos mais pobres. Dos mais pobres, porque, em qualquer situação, os ricos não têm problemas. Quando lhes falta o mercado negro, não lhes falta a possibilidade de abastecer-se diretamente no exterior. Se não houver sardinhas, contentam-se com caviar. Provocar os pobres, ao pôr a culpa no governo, é o que deseja a oposição.

 
O enredo é o mesmo. A falta de mercadorias de maior consumo popular, ainda que em áreas isoladas, é logo explorada pelos meios de comunicação, principalmente o rádio e a televisão. Foi assim que ocorreu no Chile, nisso um modelo continental, no golpe preparado pela CIA e executado por Pinochet, em 1973.

A população, alarmada pela falta de uma ou outra mercadoria, procura cautelar-se, buscando comprar tudo o que pode, a fim de não deixar que falte comida em casa. Assim, o agravamento da situação leva o país ao pânico. Nesse momento, os “salvadores”, que dispõem da força das armas, aparecem, para restabelecer a ordem, impondo o regime de força.

É interessante registrar como alguns programas brasileiros de televisão, em frases de chulo duplo sentido, se referiram a um produto específico, que está faltando em Caracas, o papel higiênico. É uma notória “torcida” para que a situação se deteriore no país vizinho e amigo.

O presidente Nicolas Maduro, que não dispõe do mesmo carisma de seu antecessor, está buscando obter a solidariedade continental, a fim de fazer frente à emergência. Pelo que se informa, o Brasil e a Argentina estão tomando providências para a exportação emergencial de alimentos e outros produtos de consumo obrigatório para o país vizinho.

O presidente da Venezuela, em atitude moderadora, conversou pessoalmente com o mais importante empresário do setor alimentício de seu país, buscando uma forma de evitar a crise. Os empresários brasileiros, que têm realizado negócios com a Venezuela, com bons resultados bilaterais, naturalmente apoiam o nosso governo no atendimento ao apelo de Maduro.

Se, em 1973, os países vizinhos tivessem ajudado o Chile de Allende, talvez a tragédia fosse evitada. Mas, naquele ano, quase todo o continente se encontrava sob regimes militares, que preferiam acabar com a experiência de um sistema popular de governo na América do Sul, também apoiado pelo povo em eleições livres — como a que ocorreu em março, seis meses antes do golpe.

Hoje, a situação é outra — e nisso devem pensar os partidários de Capriles. 



Fonte: http://www.jb.com.br/coisas-da-politica/noticias/2013/05/17/cerco-contra-maduro/

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Folha de São Paulo desmascara teatro do JB.

 
 
Parece que Joaquim Barbosa anda irrequieto. Alega que um carro preto cheio de ho­mens deu para rondar sua casa. Hmmmm. Na minha modestíssima opinião, podem ser asseclas do Pinguim ou, quem sabe, do Coringa. Mas eu não descartaria algum estratagema terrível da Mulher Gato --nunca se sabe, daquela felina pode-se esperar qualquer coisa.
 
Quinzão não anda vendo espectros gratuitamente. Teme a hipótese de que o plenário do STF decida em favor de recursos que favoreçam os réus do mensalão que tiveram quatro votos a favor.
 
Joaquim Barbosa, super-herói da nação, salvador da pátria varonil, azul e anil, não admite hipótese que assegure os direitos dos 37 réus que ele reuniu em um só corpo e julgou simultaneamente. Batman quer jogar todos na cadeia já. Caso contrário estaríamos incorrendo em privilégio de poucos, estaríamos entrando no terreno da "impunidade".
 
Mas, vem cá: foram quatro os juízes que levantaram dúvidas razoáveis acerca da culpabilidade dos réus, não foram? E, que se saiba, há mais de 800 anos a possibilidade de recurso vem sendo assegurada por lei, certo? Não será a entrada desenhada de luva de Barbosa em campo na disputadíssima contenda do Fla-Flu que irá satisfazer a sede de punibilidade a qualquer custo por parte da torcida, não?
 
Em 20 ou 30 anos, quando o contexto político for outro; a composição do STF for outra e, quem sabe, a temperatura for mais baixa nas áreas da banca em que ficam empilhadas as revistas semanais, as pessoas quem sabe se darão conta de que o acórdão, a sentença final do mensalão, é um documento sem pé nem cabeça, sem sustentação alguma, sem lógica interna, e que não foi a "impunidade" que o fez naufragar, mas sua falta de coerência.
 

QUEM SABE.

Desde o dia 1º venho martelando que a peça é capenga. Não, não entendo xongas de direito. Eu mais os milhões de fãs de Barbosa que ficaram meses com o nariz grudado na TV vendo o juiz em ação --sem revide da defesa, diga-se. Mas muito especialista que examinou a papelada reconhece que existe ali mais populismo jurídico do que competência de fato --foram 37 réus julgados de uma vez só por crimes diversos, onde já se viu uma coisa dessas?
 
Ora, ora, por que será que vários ministros retiraram suas considerações da versão final da sentença, não é mesmo, juiz Fux? O caro leitor já tentou ler o documento? Também não li. Mas quem teve de se debruçar sobre a obra atesta que ela não diz lé com cré.
 
Em sua sentença, um juiz precisa deixar claro para a sociedade os motivos que o levaram a chegar às suas conclusões. No processo do mensalão, Joaquim Barbosa fabricou um teatrinho que criou na sociedade brasileira uma série de falsas expectativas. Havia ali o papel do bandido, do mocinho, tinha a pecha de "maior julgamento da história" e havia até a certeza indiscutível de que viríamos um final feliz.
 
Agora, quem criou todas essas esperanças, quem usou de fígado em vez de ciência, quem deu um chute no traseiro da oportunidade histórica e será o responsável pela frustração de um país inteiro, além de reforçar uma perigosa polarização entre correntes de esquerda e direita, é o mesmo homem capaz de se dizer tão desencantado com o sistema a ponto de abandonar a toga e se candidatar a presidente. Duvida? Bem, depois não diga que não foi avisado...
 
 
 

segunda-feira, 13 de maio de 2013

O ex - presidente Lula relembra suas ações no governo sobre política externa



Lula, o presidente do mundo, fala sobre a importância da heterogeneidade de parceiros e do multilateralismo para o avanço das relações comerciais do Brasil e da importância do nosso país para o mundo.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Comissão da Verdade vai ter que enfrentar assassinos da ditadura






O “espetáculo” de autoritarismo, mitomania e cinismo dado pelo coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra durante seu depoimento à Comissão Nacional da Verdade nesta sexta-feira (10) foi apenas prévia de uma situação que se espera que tenha sido prevista quando foi pensada a missão de contar ao Brasil e ao mundo o que ocorreu neste país durante a ditadura militar (1964-1985).

Para quem não sabe, Brilhante Ustra, um dos mais violentos torturadores do regime de exceção que se abateu sobre este país durante mais de duas décadas, protagonizou um bate-boca com os membros da Comissão.

O ex-chefe do DOI-Codi de São Paulo entre1970 e 1974 (período que é considerado o mais macabro daquele regime de viés absolutamente nazista) afirmou que a presidente Dilma Rousseff “Militou em organizações terroristas”, que “Nunca houve assassinatos” praticados pelo regime, que as organizações de esquerda que resistiram à ditadura “Tinham como objetivo implantar a ditadura do proletariado” e “O comunismo”.

Brilhante Ustra, apesar de habeas-corpus concedido pela Justiça Federal que lhe garantiu o “direito” de ficar calado, respondeu algumas perguntas por opção. Todavia, fê-lo aos gritos e batendo na mesa. Além disso, fez-se acompanhar de dois outros militares da reserva que juntaram-se a ele quando, fora de si, insultou membros da Comissão e a própria presidente da República.

Apesar de estarem surgindo provas testemunhais e materiais dos horrores praticados no Brasil durante aquele período macabro de nossa história e apesar de o país ter sido advertido pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos e até pela ONU por não punir os criminosos da ditadura, a Comissão da Verdade não dará em nada se não houver coragem para enfrentar pessoas que um dia tiveram poder de fazer o que Brilhante Ustra tenta (abafar o caso) e que se acredita que não tenham mais.

O STF – Corte que tem um ministro que julga que aquele horror todo foi um “mal necessário” – já deu sua proteção aos Brilhantes Ustras que caminham por aí livres e afrontando as vítimas de suas sessões de tortura como, por exemplo, o vereador de São Paulo Gilberto Natalini (PV), quem, pouco antes do piti de Ustra, disse que foi torturado com requintes de crueldade por ele e que depois foi insultado por seu algoz pretérito.

Note-se que os “jeitinhos” na Justiça – tais como o habeas-corpus que garantiu a Brilhante Ustra meio de ir depor na Comissão da Verdade sem responder a questões que deveriam ser respondidas caso fosse realmente inocente – e uma ajudinha da mídia que ajudou a implantar e a sustentar a ditadura se tornarão cada vez mais explícitos conforme for chegando a hora de a onça beber água.

Essa tal hora de a onça beber água será quando os trabalhos da Comissão da Verdade começarem a ser expostos à sociedade, porque Brilhante Ustra e outros como ele terão que encarar suas famílias e amigos após as revelações macabras que virão. Além disso, a Comissão deverá expor a atuação criminosa das famílias midiáticas Marinho, Frias e Mesquita, entre outras.

Quando estiverem chegando ao fim os trabalhos da Comissão – o que deve ocorrer no primeiro semestre do ano que vem –, que ela e a própria presidente Dilma não tenham dúvidas: todos os que colaboraram com a ditadura sairão de suas tocas para opor suas mentiras à verdade que se quer apurar e expor ao Brasil e ao mundo.

Além de decisões judiciais, matérias na grande mídia, acusações à presidente da República e sabe-se lá mais o que, haverá que ver até que ponto as Forças Armadas “permitirão” que o que fizeram àquela época seja contado pela Comissão da Verdade ao Brasil e ao mundo. E note-se que nem se está pedindo, ainda, as exigíveis punições a gente como Brilhante Ustra…


Fonte: http://www.blogdacidadania.com.br/2013/05/comissao-da-verdade-vai-ter-que-enfrentar-assassinos-da-ditadura/

quarta-feira, 8 de maio de 2013

A questão da vinda dos médicos cubanos para o Brasil

Por Pedro Saraiva, no Luis Nassif Online

Sou médico e gostaria de opinar sobre a gritaria em relação à vinda dos médicos cubanos ao Brasil.

Bom, como opinião inteligente se constrói com o contraditório, vou tentar levantar aqui algumas informações sobre a vinda de médicos cubanos para regiões pobres do Brasil que ainda não vi serem abordadas.

- O principal motivo de reclamação dos médicos, da imprensa e do CFM seria uma suposta validação automática dos diplomas destes médicos cubanos, coisa que em momento algum foi afirmado por qualquer membro do governo. Pelo contrário, o próprio ministro da saúde, Antônio Padilha, já disse que concorda que a contratação de médicos estrangeiros deve seguir critérios de qualidade e responsabilidade profissional. Portanto, o governo não anunciou que trará médicos cubanos indiscriminadamente para o país. Isto é uma interpretação desonesta.

- Acho estranho o governo ter falado em atrair médicos cubanos, portugueses e espanhóis, e a gritaria ser somente em relação aos médicos cubanos. Será que somente os médicos cubanos precisam revalidar diploma? Sou médico e vivo em Portugal, posso garantir que nos últimos anos conheci médicos portugueses e espanhóis que tinham nível técnico de sofrível para terrível. E olha que segundo a OMS, Espanha e Portugal têm, respectivamente, o 6º e o 11º melhores sistemas de saúde do mundo (não tarda a Troika dar um jeito nesse excesso de qualidade). Profissional ruim há em todos os lugares e profissões. Do jeito que o discurso está focado nos médicos de Cuba, parece que o problema real não é bem a revalidação do diploma, mas sim puro preconceito.

- Portugal já importa médicos cubanos desde 2009. Aqui também há dificuldade de convencer os médicos a ir trabalhar em regiões mais longínquos, afastadas dos grandes centros. Os cubanos vieram estimulados pelo governo, fizeram prova e foram aprovados em grande maioria (mais à frente vou dar maiores detalhes deste fato). A população aprovou a vinda dos cubanos, e em 2012, sob pressão popular, o governo português renovou a parceria, com amplo apoio dos pacientes. Portanto, um dos países com melhores resultados na área de saúde do mundo importa médicos cubanos e a população aprova o seu trabalho.

- Acho que é ponto pacífico para todos que médicos estrangeiros tenham que ser submetidos a provas aí no Brasil. Não faz sentido importar profissionais de baixa qualidade. Como já disse, o próprio ministro da saúde diz concordar com isso. Eu mesmo fui submetido a cinco provas aqui em Portugal para poder validar meu título de especialista. As minhas provas foram voltadas a testar meus conhecimentos na área em que iria atuar, que no caso é Nefrologia. Os cubanos que vieram trabalhar em Medicina de família também foram submetidos a provas, para que o governo tivesse o mínimo de controle sobre a sua qualidade. 

Pois bem, na última leva, 60 médicos cubanos prestaram exame e 44 foram aprovados (73,3%). Fui procurar dados sobre o Revalida, exame brasileiro para médicos estrangeiros e descobri que no ano de 2012, de 182 médicos cubanos inscritos, apenas 20 foram aprovados (10,9%). Há algo de estranho em tamanha dissociação. Será que estamos avaliando corretamente os médicos estrangeiros? 

Seria bem interessante que nossos médicos se submetessem a este exame ao final do curso de medicina. 

Não seria justo que os médicos brasileiros também só fossem autorizados a exercer medicina se passassem no Valida? Se a preocupação é com a qualidade do profissional que vai ser lançado no mercado de trabalho, o que importa se ele foi formado no Brasil, em Cuba ou China? O CFM se diz tão preocupado com a qualidade do médico cubano, mas não faz nada contra o grande negócio que se tornaram as faculdades caça-níqueis de Medicina. No Brasil existe um exército de médicos de qualidade pavorosa. Gente que não sabe a diferença entre esôfago e traqueia, como eu já pude bem atestar. Porque tanto temor em relação à qualidade dos estrangeiros e tanta complacência com os brasileiros? 

- Em relação este exame de validação do diploma para estrangeiros abro um parêntesis para contar uma situação que presenciei quando ainda era acadêmico de medicina, lá no Hospital do Fundão da UFRJ:

Um rapaz, se não me engano brasileiro, tinha feito seu curso de medicina na Bolívia e havia retornado ao país para exercer sua profissão. Como era de se esperar, o rapaz foi submetido a um exame, que eu acredito ser o Revalida (na época realmente não procurei me informar). O fato é que a prova prática foi na enfermaria que eu estava estagiando e por isso pude acompanhar parte da avaliação. Dois fatos me chamaram a atenção, o primeiro é a grande má vontade dos componentes da banca com o candidato. Não tenho dúvidas que ele já havia sido prejulgado antes da prova ter sido iniciada. Outro fato foi o tipo de perguntas que fizeram. Lembro bem que as perguntas feitas para o rapaz eram bem mais difíceis que aquelas que nos faziam nas nossas provam. Lembro deles terem pedido informações sobre detalhes anatômicos do pescoço que só interessam a cirurgiões de cabeça e pescoço. O sujeito que vai ser médico de família, não tem que saber todos os nervos e vasos que passam ao lado da laringe e da tireoide. O cara tem que saber tratar diarreia, verminose, hipertensão, diabetes e colesterol alto. Soube dias depois que o rapaz tinha sido reprovado.

Não sei se todas as provas do Revalida são assim, pois só assisti a uma, e mesmo assim parcialmente. Mas é muito estranho os médicos cubanos terem alta taxa de aprovação em Portugal e pouquíssimos passarem no Brasil. Outro número que chama a atenção é o fato de mais de 10% dos médicos em atividade em Portugal serem estrangeiros. Na Inglaterra são 40%. No Brasil esse número é menor que 1%. E vou logo avisando, meu salário aqui não é maior do que dos meus colegas que ficaram no Brasil. 

- Até agora não vi nem o CFM nem a imprensa irem lá nas áreas mais carentes do Brasil perguntar o que a população sem acesso à saúde acha de virem 6000 médicos cubanos para atendê-los. Será que é melhor ficar sem médico do que ter médicos cubanos? É o óbvio ululante que o ideal seria criar condições para que médicos brasileiros se sentissem estimulados a ir trabalhar no interior. Mas em um país das dimensões do Brasil e com a responsabilidade de tocar a medicina básica pulverizada nas mãos de centenas de prefeitos, isso não vai ocorrer de uma hora para outra. Na verdade, o governo até lançou nos últimos anos o Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab), que oferece salários mensais de R$ 8 mil e pontos na progressão de carreira para os médicos que vão para as periferias. O problema é que até hoje só quatro mil médicos aceitaram participar do programa. Não é só salário, faltam condições de trabalho. O que fazemos então? Vamos pedir para os mais pobres aguentar mais alguns anos até alguém conseguir transformar o SUS naquilo que todos desejam? Vira lá para a criança com diarreia ou para a mãe grávida sem pré-natal e diz para ela segurar as pontas sem médico, porque os médicos do sul e sudeste do Brasil, que não querem ir para o interior, acham que essa história de trazer médico cubano vai desvalorizar a medicina do Brasil. 

- É bom lembrar que Cuba exporta médicos para mais de 70 países. Os cubanos estão acostumados e aceitam trabalhar em condições muito inferiores. Aliás, é nisso que eles são bons. Eles fazem medicina preventiva em massa, que é muito mais barata, e com grandes resultados. Durante o terremoto do Haiti, quem evitou uma catástrofe ainda maior foram os médicos cubanos. Em poucas semanas os médicos dos países ricos deram no pé e deixaram centenas de milhares de pessoas sem auxílio médico. Se não fosse Cuba e seus médicos, haveria uma tragédia humanitária de proporções dantescas. Até o New England Journal of Medicine, a revista mais respeitada de medicina do mundo, fez há poucos meses um artigo sobre a medicina em Cuba. O destaque vai exatamente para a capacidade do país em fazer medicina de qualidade com recursos baixíssimos (http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMp1215226).

- Com muito menos recursos, a medicina de Cuba dá um banho em resultados na medicina brasileira. É no mínimo uma grande arrogância achar que os médicos cubanos não estão preparados para praticar medicina básica aqui no Brasil. O CFM diz que a medicina de Cuba é de má qualidade, mas não explica por que a saúde dos cubanos, com muito menos recursos tecnológicos e com uma suposta inferioridade qualitativa, tem índices de saúde infinitamente melhores que a do Brasil e semelhantes à avançada medicina americana (dados da OMS).

- Agora, ninguém tem que ir cobrar do médico cubano que ele saiba fazer cirurgia de válvula cardíaca ou que seja mestre em dar laudos de ressonância magnética. Eles não vêm para cá para trabalhar em medicina nuclear ou para fazer hemodiálises nos pacientes. Medicina altamente tecnológica e ultra especializada não diminui mortalidade infantil, não diminui mortalidade materna, não previne verminose, não conscientiza a população em relação a cuidados de saúde, não trata diarreia de criança, não aumenta cobertura vacinal, nem atua na área de prevenção. É isso que parece não entrar na cabeça de médicos que são formados para serem superespecialistas, de forma a suprir a necessidade uma medicina privada e altamente tecnológica. Atenção! O governo que trazer médicos para tratar diarreia e desidratação! Não é preciso grande estrutura para fazer o mínimo. Essa população mais pobre não tem o mínimo!

Que venham os médicos cubanos, que eles façam o Revalida, mas que eles sejam avaliados em relação àquilo que se espera deles. Se os médicos ricos do sul maravilha não querem ir para o interior, que continuem lutando por melhores condições de trabalho, que cobrem dos governos em todas as esferas, não só da Federal, melhores condições de carreia, mas que ao menos se sensibilizem com aqueles que não podem esperar anos pela mudança do sistema, e aceitem de bom grado os colegas estrangeiros que se dispõe a vir aqui salvar vidas.

Infelizmente até a classe médica aderiu ao ativismo de Facebook. O cara lê a Veja ou O Globo, se revolta com o governo, vai no Facebook, repete meia dúzia de clichês ou frases feitas e sente que já exerceu sua cidadania. Enquanto isso, a população carente, que nem sabe o que é Facebook, morre à míngua  sem atendimento médico brasileiro ou cubano.


Fonte: http://esquerdopata.blogspot.com.br/2013/05/a-questao-da-vinda-dos-medicos-cubanos.html

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Hora de reagir

Jornal do Brasil - Mauro Santayana
 
 
Em sua cruzada contra o totalitarismo, Arthur Koestler disse que é possível explicar o racismo e identificar a origem da brutalidade dos torturadores e dos genocidas. Mas é necessário combatê-los, isolá-los, impedir que nos agridam e  matem. Em alguns casos, podemos até mesmo curá-los. Mas isso não significa que devamos perdoá-los.

A aceitação das ideias alheias, que é o sumo das sociedades democráticas, tem limites e eles se encontram na intolerância dos fanáticos e extremistas.

Na verdade, dois são os vetores da brutalidade: o medo e a loucura. Os grandes assassinos são movidos pela paranoia, e a paranoia oscila entre o ilusório sentimento de absoluta potência e a frustração da impotência. É dessa forma que Adorno, em Mínima moralia, diz que o fascista é um masoquista, que só a mentira transforma em sádico, em agente da repressão.

Quem são esses jovens embrutecidos que agrediram um nordestino junto à Estação das Barcas, em Niterói — e foram contidos pelas pessoas que ali se encontravam? São trastes humanos, ainda que sejam trabalhadores e estudantes, tenham família e amigos. O que os faz reunir-se, armar-se, sair às ruas, a fim de agredir e — quando podem — matar outras pessoas?

Quem são esses jovens que agrediram um nordestino junto à Estação das Barcas? São trastes humanos

Individualmente, apesar de suas artes marciais, seus socos ingleses, seus punhais e correntes de aço, são apenas seres acoelhados, agachados atrás de si mesmos, que só crescem quando se agrupam e se multiplicam, em suas patas, seus punhos, suas armas.

Eles não nasceram com garras, nem tendo a cruz suástica e outros símbolos  riscados  na pele. Foram crianças iguais às outras, que encontraram pela frente uma sociedade brutalizada pelo egoísmo.

Não é difícil que tenham sentido no lar o eco de uma civilização corrompida pela competição e destruída, em sua alma, sob o capitalismo sem freios. Às vezes nos esquecemos que só um por cento dos homens controla toda a riqueza do mundo.

Tampouco nasceram assim os que matam os moradores de rua, movidos pelo mesmo medo e pela mesma ideia de que é preciso manter as cidades “limpas”. Nestes últimos meses, tem aumentado o número de moradores de rua assassinados em todo o país — mas mais intensamente em São Paulo, no Rio, em Belo Horizonte,  em Goiânia.

De acordo com as estatísticas, 195 deles foram mortos em 2012 e nos primeiros meses deste ano. A imprensa internacional está debitando o massacre à conveniência de “sanear” as maiores cidades, antes do afluxo de visitantes que se esperam para a Jornada Mundial da Juventude, neste ano, e para a Copa do Mundo, no ano que vem.

É bom lembrar que a matança  de crianças na Candelária foi atribuída a uma “caixinha” de comerciantes da região, interessados em varrer as ruas desses bichos “incômodos e sujos”, que são os meninos pobres.   

Há historiadores e antropólogos que amenizam o mal-estar contemporâneo diante dessa realidade, com a afirmação de que, desde as cavernas, o homem é naturalmente predador. Ocorre que, contra essa perturbadora condição de bichos que somos, prevaleceu o sentimento de solidariedade que nos tornou humanos, e foi possível sobreviver às catástrofes naturais, como os terremotos e as pestes, e às guerras continuadas. Mas, dentro da ideia dialética de que a quantidade altera a qualidade, chegamos a um ponto insuportável.   

Há dois caminhos na luta contra essa nova barbárie. Um é o da fé religiosa, outro o da razão materialista. A fé — um acordo entre o homem primitivo e o mistério da vida, a que ele deu o nome de Deus — tem sido o principal suporte da espécie, sempre e quando ela não se perde no fanatismo.

A razão se encontra com a fé no exercício do humanismo. Mas há sempre razão na fé, como há  fé na lógica do ateu. As duas posturas são de autodefesa da sociedade humana e se realizam na coerente ação política. Como disse Tomás de Aquino, a filosofia das coisas humanas só se concretiza com a prática da política.

Há novos pensadores, sobretudo na velha França, que buscam recuperar o humanismo de Marx, o do jovem filósofo dos Manuscritos econômicos e filosóficos, de 1844, e as suas reflexões sobre a alienação. O trabalho de Marx correspondeu à necessidade de defesa dos trabalhadores contra o liberalismo do século 19, e a desapiedada exploração dos pobres pelas oligarquias burguesas, substitutas do velho feudalismo.

Retornar a Marx é buscar novas e mais eficazes respostas contra o neoliberalismo de nossos dias. É ainda possível a aliança entre o humanismo cristão e os pensadores agnósticos, fundada em uma constatação fácil, a de que é preciso salvar o homem de si mesmo. É urgente salvá-lo do barbarismo reencontrado na estupidez do egoísmo neoliberal. Isso faria do planeta o seguro espaço da vida. O retorno esperado à Teologia da Libertação é uma das vias de acesso à Terra Prometida.

O filósofo francês Dany-Robert Dufour, em um de seus ensaios, pergunta que homem emergirá do ultraliberalismo de hoje. Não é necessária a pergunta: ele já está aí, no corpo volumoso adquirido nas academias e nutrido de anabolizantes; na cabeça reduzida pelas mensagens de uma cultura castradora, fundada no efêmero e no inútil; na pele usada como o anúncio de cada um, mediante as tatuagens; na ilusão da fama e da eternidade, nas postagens arrogantes no Facebook; no ódio ao outro, celebrado no culto à morte.

É ainda possível a aliança entre o humanismo cristão e os pensadores agnósticos

Essa  visão nublada do mundo está contaminando grande parte de nossa juventude, nas escolas e universidades. É preciso que as escolas deixem o tecnicismo que as reduz, e voltem ao módulo ético, para fazer dos homens, homens, e deles afastar os instintos dos predadores.

É preciso reagir. Os alemães dos anos 20 e 30 não reagiram, quando grupos de nazistas atacavam os judeus e os comunistas. Os democratas europeus não reagiram contra as chantagens de Hitler no caso do Sarre, da anexação da Áustria, do ultimato de Munique.  Dezenas de milhões pagaram, com o sofrimento e a vida, essa acovardada tolerância.  


Fonte: http://esquerdopata.blogspot.com.br/2013/05/hora-de-reagir.html

quarta-feira, 1 de maio de 2013

A teoria evolucionista à luz da realidade da morte física


Enviado por Luis Nassif

Autor:

 
 
A teoria evolucionista à luz da realidade da morte física


A maioria dos organismos unicelulares e alguns dos pluricelulares reproduzem-se por repartição simples, ou seja, sem troca de material genético entre parceiros de sexos diferentes. É uma espécie de linha de montagem biológica na qual o novo é a exata repetição genética do antigo. Num certo sentido, esses organismos microscópicos serão eternos pelo menos enquanto se reproduzirem. Não morrem. Entretanto, têm uma desvantagem em relação aos mortais: nada criam a partir de si mesmos, assim como do ambiente, ao contrario dos organismos sexuados que criam a partir deles novas criaturas também criadoras, em alguma medida diferentes dos pais.

Portanto, a morte parece ser uma conseqüência necessária da evolução sexuada pois, sem ela, não poderia haver criação indefinida de novas espécies macroscópicas. Atualmente, estima-se que existam no mundo 1 milhão 750 mil espécies; contudo, desde o início da vida até hoje, calcula-se que tenha havido 1 bilhão. Sem a morte individual, essa proliferação de espécies criadas pela evolução não seria possível já que todos os nichos biológicos estariam saturados muito antes do 1 bilhão. Isso reforça a conclusão acima de que a morte é essencial para a evolução. A evolução, por sua vez, é a expressão do prazer sexual que é fundamental à função criativa dos sexuados.

Morte e prazer andam emparelhados nas tragédias gregas e também em Shakespeare. A poesia universal está repleta de “desejo de morte”. Alguns seres, como os zangões, morrem no ato sexual. Na arte ou na vida, são situações extremas, que, entre homens e mulheres, desvirtuam o processo criativo ou o bloqueiam em razão da ruptura do equilíbrio entre impulso ao prazer individual e impulso ao prazer da procriação, nesse caso o prazer da realização do novo. Há também a ruptura do equilíbrio pelo lado oposto: os obcecados por criar, que se esquecem de amar; e os que apenas amam, sem cuidar de criar.

Essa reflexão deriva diretamente da discussão que temos tido neste blog sobre evolucionismo e criacionismo. Entendo que a mesma dificuldade que o evolucionismo tem para explicar a origem da vida se aplica à justificação da morte. Se fôssemos apenas uma combinação específica de elementos químicos que adquiriram propriedades replicadoras através de um complicadíssimo processo de trocas genéticas, sem um propósito, não teríamos preocupação em criar uma prole mas estaríamos focados exclusivamente em nossa preservação individual, como amebas. Isso talvez corresponda ao gene egoísta de Dawkins, mas não à complexidade do gene humano que tem elementos simultâneos de defesa individual e da espécie.

Elementos químicos não morrem, a não ser por decaimento radioativo durante décadas, séculos ou milênios. Por que morremos nós? Obviamente, porque somos diferentes de um grupo de elementos químicos. Temos vida. Não há propriamente uma definição de vida aceita universalmente, mas todos sabemos aproximadamente o que é. E não é apenas algo que, surgindo do acaso, adquiriu fantásticas propriedades replicadoras com a faculdade de transformar em ações volitivas do ser humano energia retirada da natureza. Morremos porque a morte é um estímulo à criação, já que a sobrevivência garantida num ser eterno convidaria à indolência.

Não pensem com as categorias de hoje. Pensem o será o mundo daqui a cem, duzentos, quinhentos anos. Claro que sempre há a possibilidade de esta geração nos levar à extinção por uma guerra nuclear insana, ou por outros meios de destruição em massa. Porém, desde que isso não aconteça, as perspectivas são animadoras. Não existe mais um país hegemônico no mundo que possa determinar por conta própria uma nova ordem econômica, ambiental, geopolítica, científica, política. Passamos por crises profundas nessas áreas, mas sua solução, quando vier, terá de vir necessariamente por acordo e cooperação.

A democracia está se consolidando em todo o mundo não obstante deficiências que ainda existem. Mas estamos progredindo: basta comparar a situação institucional de hoje com a de 50 ou 100 anos atrás. Há um compromisso crescente nos países com a eliminação da miséria, o combate ao trabalho escravo, a defesa do trabalho decente, o combate à corrupção, a luta contra o desemprego e a discriminação de raça, religião, sexo. O neoliberalismo, que se apoia na ideia da liberdade individual ilimitada, sem consideração do outro, foi colocado na defensiva pela crise. Tudo isso implica contrariar pesados interesses das elites tradicionais, mas, se houver paciência e respeito aos princípios da democracia de cidadania ampliada, as coisas tendem a melhorar, e não a piorar.

Nesse quadro, a criatividade humana terá espaço para se expandir de forma quase ilimitada, estabelecendo condições de convivência humana mais eqüitativas e justas. É claro que não precisamos esperar 50 anos a fim de começar a trabalhar para chegar a esse ponto. Alguns países nórdicos da Europa já chegaram lá há muito tempo. Naturalmente, a generalização de novos paradigmas de vida, dentro de um capitalismo regulado, para incluir regiões como África, América Latina e Ásia terá de levar algum tempo. Mas não necessariamente muito tempo.

Por outro lado, a explosão de criatividade humana terá o efeito de estender o tempo para as novas gerações. Eu “terei vivido” muito mais que meus pais, independentemente do tempo biológico, porque sou testemunha de tremendas transformações no meu tempo que eles não viram; e as novas gerações “viverão” muito mais que eu, tendo em vista sua própria criatividade. É que é a vontade de criar, nas artes e na vida cotidiana, não a vontade de poder de Nietsche, que move a evolução e o mundo. Para criar, é preciso construir o novo. E para construir o novo, inclusive novas instituições mais adequadas aos novos tempos, o velho deve morrer.

Insista-se que a justificação da morte individual em favor da sobrevivência e expansão da espécie decorre do fato de que a morte é a contrapartida necessária da diversidade biológica: vida eterna individual, de um ponto der vista filosófico, é incompatível com os mecanismos biológicos que produzem a diversidade e novação de espécies no mundo observada ao longo de eras.

Mas o que dizer do destino individual depois da morte? Há uma sobrevivência de algum aspecto do indivíduo à morte física? Não é uma pergunta a que se possa responder cientificamente, e nem mesmo filosoficamente. Pertence ao campo da Metafísica.

Na “Fenomenologia do Espírito”, Hegel conduz seu processo dialético do espírito no sentido de sua extinção como síntese final. Em matéria de Metafísica, porém, dou preferência ao grande repositório de sabedoria há milênios, os Vedas. A Metafísica hindu postula um ser supremo, o Absoluto ou Atman, que se replica como Atman individual na psicologia de cada ser humano. Na morte, o Atman individual é recolhido ao Absoluto, como braços de água que voltam a uma lagoa.

No entanto, como na Índia é possível acreditar em tudo, e também no seu inverso, há controvérsias quanto ao destino do Atman individual: uma corrente acredita que ele perde a individualidade e se confunde com o Absoluto; outra, que de alguma forma conserva sua individualidade espiritual. Metafísica por metafísica, esta última é a que me dá mais conforto.

*Economista, professor de Economia Internacional da UEPB, autor, entre outros livros, de “A Razão de Deus”, ed. Civilização Brasileira.


Fonte: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-teoria-evolucionista-a-luz-da-realidade-da-morte-fisica