segunda-feira, 28 de maio de 2012

Lula diz estar 'indignado' com notícia sobre reunião com ministro

Matéria retirada do UOL


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira estar indignado com a reportagem da revista "Veja" na qual o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes afirma ter ouvido do petista pedido de adiamento do julgamento do mensalão.

"Meu sentimento é de indignação", afirmou o ex-presidente em nota

Segundo a revista, Mendes relatou que, em encontro em abril, Lula propôs blindar qualquer investigação sobre ele na CPI que investiga as relações de Carlinhos Cachoeira com políticos e empresários. Em troca, o ministro apoiaria o adiamento do julgamento.

De acordo com a nota de Lula, a versão da revista sobre a conversa é inverídica.
Lula afirma que nunca interferiu em decisões do Supremo e da Procuradoria-Geral da República nos oito anos que foi presidente, inclusive na ação penal do mensalão.

"O procurador Antonio Fernando de Souza apresentou a denúncia do chamado mensalão ao STF e depois disso foi reconduzido ao cargo. Eu indiquei oito ministros do Supremo e nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou injunção minha em favor de quem quer que seja", afirmou Lula.

Nesta segunda-feira, a oposição informou que vai ingressar com pedido de investigação na Procuradoria Geral da República contra o ex-presidente.

DEM, PSDB, PPS e PSOL afirmam que Lula cometeu três crimes e precisa ser responsabilizado judicialmente.

A reunião ocorreu no escritório de Nelson Jobim, ex-ministro do governo Lula e ex-ministro do Supremo.

Lula disse a Mendes, segundo a "Veja", que é "inconveniente" julgar o processo agora e chegou a fazer referências a uma viagem a Berlim em que o ministro se encontrou com o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), hoje investigado na CPI.

Jobim confirmou o encontro em seu escritório, mas negou o teor.

LEIA A NOTA

Sobre a reportagem da revista "Veja" publicada nesse final de semana, que apresenta uma versão atribuída ao ministro do STF Gilmar Mendes sobre um encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 26 de abril, no escritório e na presença do ex-ministro Nelson Jobim, informamos o seguinte:

1. No dia 26 de abril, o ex-presidente Lula visitou o ex-ministro Nelson Jobim em seu escritório, onde também se encontrava o ministro Gilmar Mendes. A reunião existiu, mas a versão da Veja sobre o teor da conversa é inverídica. "Meu sentimento é de indignação", disse o ex-presidente, sobre a reportagem.

2. Luiz Inácio Lula da Silva jamais interferiu ou tentou interferir nas decisões do Supremo ou da Procuradoria-Geral da República em relação a ação penal do chamado mensalão, ou a qualquer outro assunto da alçada do Judiciário ou do Ministério Público, nos oito anos em que foi presidente da República.

3. "O procurador Antonio Fernando de Souza apresentou a denúncia do chamado Mensalão ao STF e depois disso foi reconduzido ao cargo. Eu indiquei oito ministros do Supremo e nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou injunção minha em favor de quem quer que seja", afirmou Lula.

4. A autonomia e independência do Judiciário e do Ministério Público sempre foram rigorosamente respeitadas nos seus dois mandatos. O comportamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o mesmo, agora que não ocupa nenhum cargo público.

Assessoria de imprensa do Instituto Lula

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/poder/1096957-lula-diz-estar-indignado-com-noticia-sobre-reuniao-com-ministro.shtml

domingo, 27 de maio de 2012

Cachoeira grampeou o supremo?

Autor: Luis Nassif
 
À medida em que as peças do quebra-cabeça Cachoeira vão se juntando, vislumbra-se um quadro inédito na história do país. Tão inédito que ainda não caiu a ficha de parte relevante da opinião pública e, especialmente, do Judiciário.

O desenho que se monta é uma conspiração contra o Estado brasileiro (não contra o governo Lula, especificamente), através de três vértices principais.

Havia o chefe de quadrilha Carlinhos Cachoeira. Sua principal arma era a capacidade de plantar matérias e escândalos, falsos ou verdadeiros, na revista Veja – o outro elo da corrente.

Durante algum tempo, graças ao Ministro Gilmar Mendes, seu principal operador – o araponga Jairo Martins – monitorou o sistema de telefonia do Supremo. E Cachoeira dispunha da revista Veja para escandalizar qualquer conversa, fuzilar qualquer reputação.

Essa é a conclusão objetiva dos fatos revelados até agora.

O que não se sabe é a extensão das gravações. Veja demonstrou em várias matérias – especialmente no caso Opportunity – seu poder de atacar magistrados que votavam contra as causas bancadas pela revista.

A falta de discernimento das denúncias, o fato da revista escandalizar qualquer conversa, a perspectiva de virar capa em uma nova denúncia da revista, seria capaz de intimidar o magistrado mais sólido.

A dúvida que fica: qual a extensão das conversas do STF monitoradas e gravadas por Jairo? Que Ministros podem ter sido submetidos a ameaças de denúncia e/ou constrangimento?

Gilmar colocou a mais alta Corte do país ao alcance de um bicheiro.

Fonte: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/cachoeira-grampeou-o-supremo

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Países da Europa se preparam para saída da Grécia




Por Thiago Lourenço 
De Económico

Eurogrupo prepara-se para "divórcio amigável" com a Grécia



Mariana Adam


Responsáveis do Eurogrupo decidiram dar luz verde para que cada país defina um plano de contingência para o caso de a Grécia sair do euro.


Um grupo de trabalho do Eurogrupo - o conjunto de ministros das Finanças dos países que adoptaram o euro - deu ordem aos governos da zona euro para prepararem "planos de contingência" individuais para o cenário de a Grécia efectivamente abandonar a moeda única.


Os responsáveis chegaram a este acordo ontem durante uma teleconferência do grupo de trabalho do eurogrupo (EWG) que durou apenas cerca de uma hora. A informação está a ser avançada pela Reuters que cita duas fontes de Bruxelas.


Além de ter a confirmação desta duas fontes a Reuters teve acesso ao próprio memorando que foi enviado para todos os países da zona euro com algumas indicações sobre as políticas que devem se adoptadas nos planos.


Este documento recomenda um "divórcio amigável" caso o pior cenário se confirme. E adianta que se a Grécia decidir sair do euro os custos serão suportados pela Comissão Europeia e pelo FMI.


Uma das fontes disse à Reuters que "cada país da zona euro deve preparar um plano de contingência, individualmente, para as potenciais consequências de uma saída de grego do euro".


Acrescentando que "até agora ainda não foi preparado nenhum plano global para a zona euro pelo receio de fugas de informação".

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Urgência contra o contágio

Por Assis Moreira - VALOR


Com o agravamento da situação na Grécia e Espanha, os cenários se multiplicam sobre o futuro da zona do euro. E o contágio global começa a se materializar.

A união monetária volta para a beira do abismo. O que se tem hoje é o grande conflito entre problemas econômicos e políticas sociais, como nota o diretor-executivo para o Brasil e mais oito países no Fundo Monetário Internacional (FMI), Paulo Nogueira Batista Júnior, falando em nome pessoal.

Existe uma exaustão política e social. A nova fase da crise evidencia a contradição inerente aos programas de ajustamento, que tendem a se auto-derrotar: o profundo corte de gastos derruba o nível de atividade, a receita cai e solapa o ajuste fiscal.

A recessão em boa parte dos países membros agrava a situação dos bancos, a inadimplência cresce, eles param de emprestar e solapam a economia real.2012 se mostra decisivo para a união monetária europeia.

Como a zona do euro representa uma grande parte da economia mundial, o contágio alcança o Brasil de maneira direta, pela queda da demanda europeia, exportando menos para o bloco europeu; e indireta, porque afeta o dinamismo de parceiros importantes brasileiros, como a China. A oferta de crédito internacional está secando e aumentam os prêmios de risco.

O grande problema é que o choque externo recessivo pega a economia brasileira quando está crescendo menos. Nogueira nota que o nível da atividade da indústria está fraco.

Mas ele acha que a economia brasileira está possivelmente mais preparada do que em fins de 2008, com alguns amortecedores importantes, como situação fiscal boa, compulsórios bancários altos, bancos públicos aumentando a oferta de crédito, etc.

Ao seu ver, agora o governo precisa verificar se medidas já tomadas, como incentivos fiscais localizados, provocam reação suficiente ou se é necessário calibrar com ações adicionais.

Em todo caso, ele considera que a taxa de juro pode sofrer mais reduções. E vê a depreciação cambial também como ajuda para certos setores.

A presidente Dilma Rousseff terá na cúpula do G-20, em junho no México, nova ocasião com outros emergentes para pressionar a Europa por uma solução duradoura para a crise.

A urgência da situação aumentou. Os depósitos bancários “overnight” no sistema bancário da Grécia caíram 35% comparado ao pico. É algo similar à saída de 42% dos depósitos de base na Argentina antes da quebra do “currency board” (que manteve por mais de dez anos o peso atrelado ao dólar na paridade de um para um) ou ao declínio de 30% nos depósitos na Rússia em 1998, segundo o Royal Bank of Canadá (RBC).

Depois de minimizar a saída da Grécia, nos mercados cresce a constatação de que o custo desse evento excede amplamente os benefícios em centenas de bilhões de euros. Daí a expectativa maior de ações em Bruxelas.

Na quarta-feira, no encontro informal dos líderes europeus, o apoio à Grécia no euro deve ser reiterado. E para sinalizar que há crescimento no horizonte, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, vai propor mais fundos para o Banco Europeu de Investimentos e o lançamento dos chamados “project bonds”, ou emissão conjunta de títulos para levantar capital destinado a investimentos na periferia europeia.

O “Financial Times” diz que o crescente número de alertas de autoridades sobre uma possível saída da Grécia do euro não é acidental. Faz parte de uma estratégia consciente discutida numa série de encontros de alto nível, na semana passada, para mudar os termos do debate político em Atenas – das rígidas condicionalidades do pacote de socorro de € 174 bilhões para uma permanência do país na união monetária.

Se a eleição de 17 de junho de novo não resultar num governo estável, a possibilidade de a Grécia deixar a zona torna-se ainda mais real.

Mas, mesmo se uma corrida aos bancos puder ser evitada e um novo governo favorável aos programas de socorro for formado após a eleição em Atenas, os planos de austeridade impostos pela Europa precisarão ser revisados se os líderes são sérios sobre a permanência grega.

A UE vai ter de fazer concessões ao futuro governo em Atenas. Para vários analistas, também a dívida oficial grega precisa ser reduzida. Só assim o país implementará reformas estruturais e fiscais exigidas sem continuar à beira do colapso.

Para o professor Charles Wyplotz, do Instituto Internacional de Altos Estudos de Genebra, os líderes vão ser empurrados nas próximas semanas a convergir para um rigor fiscal menos violento e um equilíbrio fiscal mais espaçado na zona do euro.

O BCE poderá passar a comprar ou garantir dívida soberana diretamente para evitar a catástrofe. E, depois da Grécia, deve haver mais tolerância sobre reestruturação de dívida de outros países.

Também está clara a insuficiência do fundo de socorro de € 500 bilhões para caso de emergência. Essa barreira de proteção precisa ser reforçada com mais dinheiro do FMI. O Fundo buscava US$ 600 bilhões, mas até agora só conseguiu US$ 362 bilhões. E 70% desse dinheiro vem dos próprios europeus, para voltar à Europa.É por enquanto uma operação inter-europeia usando o FMI para driblar a regra do BCE de não emprestar diretamente aos governos nacionais, além de transferir o risco de crédito para o balanço do Fundo.

O Brasil condiciona sua participação no pacote de empréstimo ao FMI, que beneficiará sobretudo os europeus, à nova distribuição do poder decisório na reforma das cotas em 2014. Até a cúpula do G-20 em junho, ainda haverá muita negociação.

Em meio as enormes incertezas atuais, Paulo Nogueira Batista Júnior diz esperar que alguém, em algum lugar, esteja realmente preparando um plano abrangente de emergência para uma eventual saída da Grécia do euro – se inevitável – ocorrer de maneira bem estruturada, com ajuda do resto da zona, para se tornar menos traumática.

Tudo indica que 2012 será mesmo um ano decisivo para a união monetária.

Assis Moreira é correspondente em Genebra. O titular da coluna, Sergio Leo, está em férias.


E-mail – assis.moreira@valor.com.br


Fonte: http://blogdofavre.ig.com.br/2012/05/urgencia-contra-o-contagio/

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Spike Lee filma contradições brasileiras

Fã de futebol, o cineasta Spike Lee assistiu a Botafogo & Vasco, mas torce apenas pela seleção brasileira



Por Diego Viana

De São Paulo

Entrar sem gravata no Supremo Tribunal Federal (STF) é um feito nada corriqueiro, mas o cineasta Spike Lee teve o privilégio. No Brasil por apenas uma semana, na primeira etapa de preparação de um documentário sobre o Brasil, o americano calhou de estar em Brasília no dia em que a Corte Suprema aprovou por unanimidade a aplicação de cotas raciais em universidades públicas.

Lee, que discutiu em diversos filmes a condição dos afrodescendentes nos EUA – sobretudo os aclamados “Faça a Coisa Certa” (1989) e “Malcolm X” (1992) -, diz que a data não foi planejada, mas mesmo assim não foi coincidência. “Eu sou um homem de muita sorte.Isso só pode ser um bom sinal: os céus nos iluminaram”, comenta o cineasta, aos risos.

O documentário brasileiro de Spike Lee está programado para chegar aos cinemas logo antes do início da Copa do Mundo de 2014, provavelmente com o nome “Go, Brazil, Go!”.

A produção das entrevistas do documentário no país ficou a cargo da empresa paulistana Paranoid. Tatiana Quintella, sócia da produtora, conta que o cineasta gosta de se misturar, incógnito, às populações que ele retrata, mesmo a ponto de criar situações difíceis para a equipe que o acompanha.

“No dia da votação das cotas raciais no STF, ele se enfiou no meio de uma manifestação para filmar e foi difícil segurá-lo”, conta a produtora. “Mas logo as pessoas o reconheceram e fizeram festa. Foram abraçá-lo e beijá-lo.”
“Go, Brazil, Go!”, como tantos outros filmes, surgiu casualmente, no momento em que outro projeto de Lee não avançava.

Segundo o próprio diretor, o gigante sul-americano começou a chamar sua atenção porque muitas coisas estão acontecendo aqui. Lee enumera: “Além da Copa e da Olimpíada [de 2016, no Rio], que são os mais óbvios, teve um presidente operário, agora uma presidente, uma nova classe média, as cotas raciais… O Brasil está chamando muita atenção”.

Os produtores – os espanhóis José e Victor Ibañez e o americano Rob Wilson – também estão entre os responsáveis pelo filme de Oliver Stone sobre os governos de esquerda sul-americanos, “Ao Sul da Fronteira” (2009). Eles começaram a correr atrás de representantes brasileiros há menos de um mês, segundo Tatiana. “Tudo foi fechado muito rápido e foi preciso montar a equipe correndo”, diz.

Muitos aspectos da produção seguem em aberto, do orçamento ao número de visitas ao Brasil. Eram planejadas cinco, neste ano e no próximo, mas a produtora já estima que serão necessárias oito, pelo menos. O cineasta, que voltou para os EUA na segunda-feira, após entrevistas com o jogador Neymar e o músico Tom Zé em São Paulo, planeja vir ao país novamente em julho. Suas pesquisas contam com a consultoria do escritor Fernando Morais.

Lee explica que chegou ao Brasil com poucos conhecimentos sobre o país, ou seja, “uma mente aberta, sem expectativas”, mas, principalmente, sem um roteiro narrativo em que se basear. “Não uso narrações. Um documentário se torna bom na medida em que os entrevistados sejam bons”, diz. “Quando falo com as pessoas, são elas que me educam.” Por isso, o documentário em preparação não tem ainda uma estrutura definida. Com prazo de cerca de dois anos para terminá-lo, Lee não tem pressa. “A estrutura virá da sala de edição. As entrevistas têm de fluir naturalmente.”

O documentarista demonstra preferência por comentar os temas mais positivos da agenda brasileira atual, mas, apesar do título com tom de torcida, afirma que pretende apresentar um quadro tão amplo quanto possível do Brasil, contendo seus problemas, suas contradições e seus desafios. “Não pensem que só vou mostrar coisas positivas. Este filme não foi encomendado pela Câmara de Comércio brasileira!”

Lee cita o célebre desinteresse da população americana pelas culturas de outros países. “A grande maioria dos americanos não tem nem passaporte”, diz. “Eles tiram suas conclusões sobre o resto do mundo a partir dos filmes que veem, nem que seja só o estereótipo do Carnaval e das mulheres seminuas na praia.” Por isso, lembra, ao contar a seus conhecidos que começaria a rodar um filme sobre o Brasil, ouviu como resposta mais comum: “Me leve com você!”

Em Brasília, o cineasta esteve com a presidente Dilma Rousseff. Ele também se encontrou com o ex-presidente Lula, mas esses dois encontros ainda não foram propriamente entrevistas. “Espero conseguir marcar essas entrevistas para julho”, diz. Outros personagens que deverão aparecer são os deputados Benedita da Silva (PT-RJ) e Romário (PSB-RJ), os atores Wagner Moura e Lázaro Ramos, e os músicos Caetano Veloso e Gilberto Gil – este último, “uma conversa extraordinária, porque, além de artista, foi ministro”, nas palavras do cineasta -, entre inúmeros outros nomes.

A par de uma longa lista de celebridades, Lee afirma que seu maior interesse é entrevistar “todo tipo de gente”, de grandes empresários a vendedores ambulantes. “Vai ser tanto material e um país tão complexo, que talvez o documentário possa virar uma série”, afirma.


Fonte: http://blogdofavre.ig.com.br/2012/05/spike-lee-filma-contradicoes-brasileiras/