quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O papel de Lula não é de sombra. É de luz





Lula é, infelizmente, a última referência popular remanescente do enfrentamento deste país à ditadura e da reconquista democrática.

Outros ícones, dos mais variados matizes ideológicos, já se foram, levados pelo implacável tempo.

Milhares dos que lutaram  - e cumprimos, agora, o quarto final de nossas vidas – estamos aqui. Mas, além de não sermos símbolos, muitos estão cansados, entregues ou relativizando as coisas, como compete aos avôs fazerem aos netos.

Por isso mesmo, é a Lula, mais a que a qualquer um, a quem compete o papel de dizer, com todas as letras, que a quebra das regras democráticas é, hoje, a única esperança da direita para retomar o poder que perdeu pelas urnas e pelas urnas não consegue recuperar.

Não porque, no horizonte visível, existam sinais de um golpe militar (ou civil-militar) a nos ameaçar.

Mas porque só a violência, a conflagração nas ruas pode instilar na população, com o poder de ampliação que a mídia dispõe, a ideia de que o Brasil está vivendo um caos econômico e social.

Não será a polícia militar – ou a federal, como na sua miopia o Ministro da Justiça acena – quem vai acabar com o fenômeno dos black blocs e seus correlatos, menos capazes de adotar o discurso a la Marina de “democratizar a democracia”.

Se é fato de que é preciso compreender que parte de sua origem – além do infantilismo pequeno-burguês que atravessa eras – está no vazio que se formou com a perda de identidade dos partidos e da política, não é menos imperioso mostrar – talvez até resignificar – o que pretendem e para onde rumam as forças progressistas que assumiram, há 11 anos, o comando deste país.

Não é preciso sermos selvagens, nem descorteses, nem intolerantes para evidenciarmos que somos diferentes.

Nem precisamos – aliás, não devemos nem podemos – atirar à margem os que pensam diferente e nem mesmo os que, não importa suas ligações com o passado, por quaisquer razões não desejem ou ajam para ser obstáculos ao novo.

Mas, sim, necessitamos que a população seja esclarecida e numa escala muito maior do que nós, com nossos parcos meios, tentamos fazer nos limites que nossas precariedades e nossa pequenez permitem.

É a Lula – e ele parece demonstrar cada vez maior percepção disto – que compete este papel didático que tantas vezes foi negligenciado.

Quantas vezes o PT e outras forças progressistas, integradas ao Governo, esqueceram do que ele próprio, Lula, disse ontem no plenário da Câmara?

“Mantendo sempre um pé nas instituições e outro nas ruas, começamos ali a caminhada que nos levaria à eleição para a Presidência da República em 2002.”

Registro outro trecho desta fala de Lula para refletirmos sobre o que disse antes:

“(…)essa juventude tem que saber que faz apenas 25 anos que nós estamos vivendo no mais longo período de Constituição contínua deste País. E esta Constituição e este País — por conta desse aprendizado democrático, coisa que não aconteceu em muitos países do mundo, mesmo onde houve revoluções — permitiram que um simples operário torneiro mecânico chegasse à Presidência da República e exercesse o seu poder em sua plenitude duas vezes”.

Pois essa juventude não saberá – e se confundirá – se o operário torneiro mecânico  lhe disser isso e mostrar como – mesmo que sem tanta plenitude – o exercício do poder abriu novos caminhos para ela e para o país?

Lula encarna a legitimidade pessoal para fazer isso.

Manifestação, enfrentamentos com a polícia, até uma prisão arbitrária e ilegal ele próprio sofreu. Não há black bloc que possa falar em repressão perto dele.

Mas, para que seja compreendido, ele tem de falar.

Muito e cada vez mais claramente.

Mostrar que se, como disse, Marina e Serra são sombras sobre Eduardo Campos e Aécio Neves, ele é luz sobre Dilma.

Porque se o povo entender que a desestabilização da democracia é o único jogo que resta à direita brasileira, estes grupinhos voltam a ser o que sempre foram: nada.

Mas, sem este enfrentamento na consciência popular, eles podem ser um degrau para a impensável volta do Brasil ao passado de exclusão e dependência.

Por: Fernando Brito


Fonte: http://tijolaco.com.br/index.php/o-papel-de-lula-nao-e-de-sombra-e-de-luz/

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Obama, a CIA, a Abin e o agente 008997

 



O Estadão publica hoje uma matéria que parece ter saído daqueles livros de espionagem de Frederick Forsyth.

Um agente da CIA e um agente duplo da Abin marcando encontros secretos num restaurante em Curitiba para repassar informações.

Segundo o jornal, o espião americano foi descoberto porque “cooptou o analista 008997 da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), um alto funcionário do órgão que chefiara a estratégica subunidade da agência em Foz do Iguaçu, antes de assumir, em 28 de julho de 2011, a superintendência em Manaus”.

Foz do Iguaçu é  considerado estratégico porque trata-se um centro de colônia árabe e, portanto, suspeito como “point” do que os norte-americanos chamam de grupos terroristas.

O 008….acessava, mesmo já em Manaus, os arquivos da sucursal da  Abin em Foz e, pela narrativa, viajava a Curitiba – sob a desculpa de visitar seu filho – para entregar as informações.

O encontro dos dois foi cheio de “agentices”, segundo o jornal:

(…)ambos usaram técnicas de contrainteligência tanto na chegada quanto na saída da cantina, dando voltas no quarteirão, fazendo manobras diversionistas.(…)

Não se sabe a estranha razão de não fazer a entrega remota, via computador e preferir fazê-la fisicamente, com requintes de 007. Talvez para receber dinheiro, talvez por achar que poderia haver interceptação das comunicações eletrônicas, coisa que os americanos não fazem, não é?

A velha CIA continua onde sempre esteve, e não apenas ouvindo telefonemas e copiando e-mails.
Continua corrompendo para espionar e tudo o mais o que sempre fez.

No caso do Brasil, porém, tem uma vantagem: pode descobrir o que quer sem contratar agentes.
Basta convidar alguns jornalistas e candidatos a Presidente à Embaixada, servir um café que eles entregam o serviço, e de graça.

E saem de lá todos prosas, como se fossem verdadeiros espiões, portando um 45.


Por: Fernando Brito


Fonte: http://tijolaco.com.br/index.php/obama-a-cia-a-abin-e-o-agente-008997/

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Altamiro Borges, sobre Marina Silva: “E Deus criou Darwin!”




Marina Silva bajula a mídia amiga

Por Altamiro Borges, em seu blog


Marina Silva é só amores com os donos da mídia. Ela é tratada com todo o carinho pelos jornalões, revistonas e emissoras de tevê. Quase todo dia é destaque na velha imprensa. Isto talvez explique a defesa apaixonada que a ex-verde fez da atuação da mídia no país durante o programa Roda Viva, exibido pela TV Cultura nesta segunda-feira (21). “Não acho que deva ter controle porque uma das coisas que ajuda a própria democracia é a liberdade de expressão. Acho que a imprensa dá grande contribuição para várias questões, como na minha área [meio ambiente]”, afirmou a provável vice de Eduardo Campos na campanha presidencial de 2014.

Neste clima de amores, os barões da mídia tendem a reforçar ainda mais o coro para que ela dispute a sucessão pelo PSB – deixando na reserva o governador de Pernambuco. Mas não é só no debate sobre a regulação democrática da mídia – que ela maliciosamente chama de “controle” – que a ex-ministra tem agradado os empresários do setor. A cada dia que passa, Marina Silva explicita a sua completa cedência às teses neoliberais e sua fundamentalista adoração ao “deus-mercado”. No programa Roda Vida, ela voltou a criticar o governo Dilma por ter abrandado o chamado tripé macroeconômico – dos juros elevados, austeridade fiscal e libertinagem cambial.

Mas o conservadorismo da ex-verde não se manifesta apenas na economia. Como ironiza José Carlos Ruy, no sítio Vermelho, no programa da TV Cultura “houve também o lado folclórico, quando ela tratou de homossexualismo, casamento gay, pesquisas com células-tronco, criacionismo… Ela reconheceu que as pessoas devem ter tratamento igual, mas ‘quando se fala em casamento, evoco o sacramento’. Nesta condição, ela não aceita o casamento gay, embora o admita como direito civil. A pérola veio quando falou sobre criacionismo. Não sou criacionista, disse. E declarou acreditar que Deus criou todas as coisas, inclusive a grande contribuição dada por Darwin”.

Para José Carlos Ruy, estudioso da história, “Marina Silva é a recente versão do que há de mais tradicional e conservador na política da classe dominante brasileira. A história tem exemplos desse tipo de ‘novo’; Jânio Quadros, há mais de cinquenta anos, surgiu como uma espécie de alternativa aos partidos e aos políticos; ele bateu de frente com o Congresso Nacional e renunciou melancolicamente sete meses depois de assumir a Presidência da República. Era em tudo parecido com Marina Silva. Na política, rejeitava os partidos e acusava o Congresso Nacional de chantageá-lo (Marina repetiu esse argumento no programa Jô Soares, dia 15, dizendo que Dilma é chantageada pelo Congresso!). Na economia, defendia o mesmo velho e fracassado programa conservador: contenção nos gastos públicos, pagamento de juros, enxugamento da máquina do Estado”.

“No ocaso da ditadura militar, outra versão ‘jovem’, ‘apolítica’ e economicamente conservadora surgiu na figura de Fernando Collor. Durou pouco”, lembra José Carlos Ruy. Isto também ajuda a explicar as juras de amor entre Marina Silva e os barões da mídia. Nos dois casos citados, os tais representantes do “novo” tiveram o apoio da chamada grande imprensa nas suas campanhas presidenciais contra candidatos mais à esquerda. Marina Silva bajula a mídia; e a mídia sabe, sempre, a quem bajular!


Fonte: http://www.viomundo.com.br/humor/altamiro-borges-sobre-marina-silva-e-deus-criou-darwin.html

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Bresser Pereira aponta ocaso do neoliberalismo






"Sem alarde, sem discursos ideológicos, o que vemos é o abandono do liberalismo econômico e o fortalecimento do desenvolvimentismo. Em lugar do agressivo laissez faire neoliberal, os Estados voltam a se preocupar em defender suas empresas e promover o desenvolvimento", diz o cientista político

21 de Outubro de 2013 às 07:54

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A revolução não será televisionada - O golpe na Venezuela

 
Documentário de Kim Bartley e Donnacha O'Briains sobre o golpe ocorrido na Venezuela em abril de 2002. O golpe foi consumado, pois não houve resistência de Hugo Chávez que foi preso. As manifestações e o apoio de militares fiéis ao país enfraqueceram os golpistas e Chávez retornou ao governo.  Participação clara da midia privada, empresários e militares oposicionistas no golpe, além de declarações do governo americano de apoio ao golpe na Venezuela.
 
 
 
 

Efeito telecinese em café assusta pessoas durante divulgação de Carrie – A Estranha

 
Já pensou estar em café, sentado tranquilamente, quando de repente uma garota ergue um homem pela parede sem sequer tocá-lo e arrasta todas as mesas com um simples gesto das mãos? A divulgação de Carrie – A Estranha deixou várias pessoas assustadas em uma ação realizada dentro de um café de New York. Um vídeo destacando a reação das pessoas foi divulgado hoje na internet.

Em Carrie – A Estranha, que estreia em 6 de dezembro, Carrie White (Chloë Grace Moretz), uma garota tímida rejeitada por seus colegas e super-protegida por sua mãe profundamente religiosa (Julianne Moore), traz o terror telecinético para sua pequena cidade após sofrer uma brincadeira de mal gosto durante o baile de formatura.
 
 
 
 
 
 

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Joaquim Barbosa e a ética do ódio





Tijolaço:


Joaquim Barbosa e a ética do ódio

Joaquim Barbosa, o presidente do Supremo Tribunal Federal, tem um defeito terrível em seres humanos e imperdoável em juízes.

O ódio.

Barbosa tem outro defeito, imperdoável em seres humanos e inaceitável em juízes ou em qualquer um que ocupe função pública.

Deixar que os ódios pessoais interfiram em sua ação funcional.

Ambos, próprios da almas miúdas, são a negação do que a balança e a venda simbolizam na Justiça.

E isso se revelou de forma didática no episódio estarrecedor, narrado hoje pelo
Estadão, onde Joaquim Barbosa  ”pede a cabeça” de uma servidora pelo fato de ela ser casada com um repórter do jornal que cobre o Supremo Tribunal Federal, a quem trata como um desafeto.

E o faz com a arrogância própria de quem considera seus pares no Tribunal como quase subordinados, a quem, com os devidos floreios de linguagem, devem seguir suas vontades.

Seria diferente se o caso se enquadrasse em alguma regra ou norma do STF e de todo o Judiciário que proibisse a cessão de servidores de outros órgãos recém-aprovados para aquelas repartições.

Porque a lei, sempre afirmam, é erga omnes, é para todos.

Mas não é assim.

É um ato dirigido contra uma única pessoa e sua motivação é exclusivamente o ódio que vota a seu companheiro, a quem já mandou “chafurdar no lixo”.

Como, depois de um ato assim, dizer impossível que outros fatos, como a prisão da jornalista do Estadão, semana passada, em sua palestra na universidade americana de Yale, não derivem de seus arreganhos autoritários?

Joaquim Barbosa copia o pior da mente do senhor das fazendas coloniais: a ideia do poder absoluto.

“Não vou com a cara dela” não é motivação legítima para um ato de autoridade, mesmo o de solicitar algo a outro ministro.

Até aí apenas horrível, mas é seu direito, desde que não extravase para seus atos e seja apenas mais um espasmo a lhe motivar caretas e muxôxos quando não se vê atendido.

Quando isto passa ao mundo dos fatos administrativos ou jurídicos, deixa de ser horrível para ser intolerável.

E quando isso ocorre com o presidente da mais alta corte do país, passa a colocar em risco todo o equilíbrio da Justiça.

O Dr. Joaquim Barbosa tem um tamanho pequeno demais para o cargo que ocupa.

E critérios éticos  e de decoro diferentes para si e para os outros, como se provou no episódio da constituição de uma empresa fictícia para livrar-se dos impostos da compra de um apartamento em Miami.

Um mérito, porém, não se pode lhe negar.

O de mostrar, pela negação, a grandeza que um magistrado deve ter.



http://oglobo.globo.com/in/10051336-3cd-442/FT500A/Barbarapaz.jpg
 
Por: Fernando Brito


Fonte:  http://saraiva13.blogspot.com.br/2013/10/joaquim-barbosa-e-pequeno-demais-para-o.html