domingo, 24 de fevereiro de 2013

A democracia cubana

José Eduardo
20/02/2013 • 12:59

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Leia a seguir, amigo internauta, como funciona o processo democrático e eleitoral em Cuba. Um abraço!

Características do sistema político e eleitoral cubano:

1. Inscrição universal, automática e gratuita de todos os cidadãos com direito a voto, a partir dos 16 anos de idade.

2. Postulação dos candidatos diretamente pelos próprios eleitores em assembleias pú...
blicas (em muitos países são os partidos políticos os que nomeiam os candidatos). 3. Inexistência de campanhas eleitorais discriminatórias, milionárias, ofensivas, difamatórias e manipuladas.

4. Total limpeza e transparência nas eleições. As urnas são custodiadas por meninos e jovens pioneiros, são seladas na presença da população e a contagem dos votos se faz de maneira pública, podendo participar a imprensa nacional e estrangeira, diplomatas, turistas e todos o que desejarem.

5. Obrigação de que todos os eleitos o sejam por maioria. O candidato só é eleito se obtiver mais de 50% dos votos válidos emitidos. Se este resultado não for atingido no primeiro turno, irão ao segundo os dois que mais votos obtiveram.

6. O voto é livre, igual e secreto. Todos os cidadãos cubanos têm o direito de eleger e ser eleitos. Como não há lista de partidos, vota-se diretamente no candidato que se deseje.
7. Todos os órgãos representativos do Poder do Estado são eleitos e renováveis.

8. Todos os eleitos têm que prestar conta de sua atuação.

9. Todos os eleitos podem ser revogados em qualquer momento de seu mandato.

10. Os deputados e delegados não são profissionais, portanto não recebem salário.

11. Alta participação do povo nas eleições. Em todos os processos eleitorais que se celebraram desde o ano 1976, participaram mais de 95% dos eleitores. Nas últimas eleições para Deputados, em 1998, votaram 98,35% dos eleitores, sendo válidos 94,98% dos votos emitidos. Foram anulados 1,66% dos votos e, em branco, só 3,36%.

12. Os Deputados à Assembleia Nacional (Parlamento) elegem-se para um mandato de 5 anos
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13. A integração do Parlamento é representativa dos mais variados setores da sociedade cubana.

14. Elege-se um deputado por cada 20 000 habitantes, ou fração maior de 10 000. Todos os territórios municipais estão representados na Assembleia Nacional e o núcleo base do sistema, a circunscrição eleitoral, participa ativamente em sua composição. Cada município elegerá, no mínimo, dois deputados e a partir dessa cifra se elegerão, proporcionalmente, tantos deputados em função do número de habitantes. 50 % dos deputados têm que ser delegados das circunscrições eleitorais, os quais têm que viver no território da mesma.

15. A Assembleia Nacional elege, dentre seus Deputados, o Conselho de Estado e o Presidente do mesmo. O Presidente do Conselho de Estado é Chefe de Estado e Chefe de Governo. Isso quer dizer que o Chefe do Governo cubano tem que se submeter a dois processos eleitorais: primeiro, tem que ser eleito como Deputado pela população, pelo voto livre, direto e secreto e depois pelos Deputados, também pelo voto livre, direto e secreto.

16. Ao ser a Assembleia Nacional o Órgão Supremo do Poder do Estado e estando subordinada a ela as funções legislativas, executivas e judiciais, o Chefe de Estado e de Governo não pode dissolvê-la.

17. A iniciativa legislativa é patrimônio de múltiplos atores da sociedade, não só dos deputados, do Tribunal Supremo e da Promotoria, como também das organizações sindicais, estudantis, de mulheres, sociais e dos próprios cidadãos, requerendo-se, neste caso, que exercitem a iniciativa legislativa o mínimo de 10 000 cidadãos que tenham a condição de eleitores.
18. As leis se submetem ao voto majoritário dos Deputados. O específico do método cubano é que uma lei não se leva à discussão do Plenário até que se esgotem consultas reiteradas aos deputados, levando em conta as propostas que fizeram, devendo ficar claramente demonstrado que existe o consentimento majoritário para sua discussão e aprovação. A aplicação deste conceito adquire relevância maior quando se trata da participação da população, conjuntamente com os deputados, na análise e discussão de assuntos estratégicos. Nessas ocasiões, o Parlamento se desloca aos centros trabalhistas, estudantis e camponeses, fazendo-se realidade a democracia direta e participativa.

O expresso, até aqui, põe em evidência a essência da democracia cubana, do sistema que instituiu, referendado e apoiado pela imensa maioria dos cubanos.

No entanto, não pretendemos ter atingido um nível de desenvolvimento democrático perfeito. A principal qualidade do sistema político cubano é sua capacidade para o constante aperfeiçoamento em função das necessidades propostas para a realização de uma participação plena, verdadeira e sistemática do povo na direção e no controle da sociedade, essência de toda democracia.

Fonte: Ministério das Relações Exteriores da República de Cuba

E fico com a sábia observação do amigo blogueiro Roberto Locatelli:
“Yoani denuncia Cuba e está livre. Bradley Manning denunciou atrocidades dos EUA e pode ser condenado à morte”.


              

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Yoani no país das maravilhas


A visita da blogueira cubana Yoani Sanchez ao Brasil ganhou uma dimensão muito maior do que deveria – mas que, claro, teria ocorrido de qualquer forma por conta do uso político-ideológico que setores da grande imprensa nacional fariam de sua imagem e de suas ideias mesmo sem os fatos que contribuíram para aumentar sua exposição pública.

Os fatos que aumentaram a exposição de Yoani são as manifestações de protesto contra sua presença em nosso país, nada que não aconteça em muitos outros países quando recebem visitas de pessoas ditas “importantes”.

Todavia, a cubana não chega a ser um presidente dos Estados Unidos ou um poderoso banqueiro internacional daqueles que ficam inacessíveis ao diálogo, deixando a quem deles diverge a única alternativa de protestar.

Não se pode escapar de reconhecer, entretanto, que, seguramente, foi exagerada a dose do protesto contra alguém que, sob financiamento de potências ou corporações estrangeiras ou não, é apenas uma blogueira que exprime suas ideias.

Yoani deve ser mesmo tudo o que dizem. Mantém, sim, relações com o Departamento de Estado Norte Americano, inventa – até prova em contrário – agressões físicas que teria sofrido do governo de seu país, recebe somas altíssimas de grupos políticos estrangeiros para acusar uma “ditadura” que lhe permite sair pelo mundo denunciando-a…

Contudo, os manifestantes contrários, ingenuamente, escolheram o campo dela para lutar. Yoani fundamenta seu sucesso internacional no papel de vítima que forjou, o de uma jovem de aparência meiga e coragem imensa para enfrentar uma cruel ditadura.

Nada mais conveniente do que aparecer, sozinha ou ao lado de um ou dois, sendo xingada por pessoas aparentemente iradas e em bando.

Yoani deve estar muito feliz. Os vídeos já gravados sobre o que lhe fizeram em termos de constrangimento moral – e, o que é pior, só com palavras de ordem em vez de com argumentos – certamente lhe servirão muito em outras oportunidades.

Abaixo, um desses momentos em que os críticos dela tiveram oportunidade de fazê-la responder a questionamentos e a desperdiçaram, permitindo-lhe um discurso protocolar e falsamente democrata




O discurso da blogueira diante desse tipo de ação contra si acabou reforçado. Disse ela que prefere os apupos da democracia ao silêncio de uma ditadura que lhe facultou meios de estudar, de se formar, de adquirir cultura, de conseguir ir até morar no exterior, de recebe-la de volta e, ao fim, de também lhe permitir que saísse agora pelo mundo acusando seu país.

A visitante cubana, aliás, vem elogiando muito o nosso país, dizendo que gostaria que Cuba fosse igual. Afinal, aqui, no país das Maravilhas de Yoani, há liberdade de expressão, carros novos e internet rápida.

Infelizmente, em poucos dias a moça deixará o Brasil sem lhe ver um outro lado que, se lhe fosse apresentado junto com uma pergunta sobre se há situação igual na “ditadura” que denuncia, por certo a faria refletir que talvez este país não seja tão melhor que o seu e, em muitos aspectos, que talvez seja até pior.

Nos últimos dias, o carcomido debate da Guerra Fria sobre Cuba vem apontando como é melhor viver aqui do que lá porque temos internet rápida, carros novos, shoppings repletos de todos os tipos de quinquilharias caras que muitos, hoje – e só hoje –, podem comprar, mas que uma parte imensa deste povo não sabe nem o que são.

Uma visão menos superficial de nossa sociedade de consumo em contraposição ao “inferno socialista” de que Yoani fala, portanto, se faz necessária.

Fico me perguntando se não teria sido o caso de os manifestantes contrários a ela, respeitosamente, terem lhe proposto um debate público em vez de a terem feito ouvir seus longos discursos, palavras de ordem e xingamentos enquanto, com um sorriso democrático e sereno e um ar de “Eles não sabem o que dizem”, ouvia a tudo.

Poderiam, por exemplo, ter exibido uma sequência de imagens do nosso “país das maravilhas” e perguntado a Yoani se as desgraças sociais que veria existem em Cuba, e se internet rápida e carros novos compensam as legiões de crianças pelas ruas se drogando e se prostituindo, uma saúde pública que rouba a dignidade do povo, uma educação que não educa ninguém e tudo isso sob uma guerra civil em curso, com mortandade como a de qualquer guerra declarada.

Abaixo, algumas imagens da situação produzida pelo capitalismo que Yoani quer ver em seu país e que, por certo, produziria cenas iguais em pouco tempo se por lá fosse implantado. Aí talvez ela refletisse que, para evitar esse inferno em seu país, a falta de oferta de bens de consumo supérfluos é um preço até pequeno a pagar.

 
 
 
 



 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Yoani reloaded




Leandro Fortes, no Facebook

Primeiro de tudo: foi um erro dos manifestantes baianos impedir a exibição do documentário, ou seja lá o que for aquilo, do tal cineasta de Jequié, Dado Galvão, em Feira de Santana. Não que eu ache que dessa película poderia vir alguma coisa que preste, mas porque praticar sua arte – seja genial, banal ou medíocre – é um direito inalienável de qualquer cidadão brasileiro.

Ao impedir o documentário, os manifestantes estão ajudando a consolidar a tese adotada pela mídia de que os que são contra a blogueira Yoani Sánchez são, apenas, a favor da ditadura cubana. Fortalece, pois, esse reducionismo barato ao qual a direita latinoamericana sempre lança mão para discutir as circunstâncias de Cuba.

Minha crítica aos manifestantes, contudo, se encerra por aqui.

De minha parte, acho ótimo que tenha gente disposta a se manifestar contra Yoani Sánchez, uma oportunista que transformou dissidência em marketing pessoal. Não vi ainda nenhuma matéria que informe ao distinto público quem está pagando a turnê de Yoani por 12 (!) países – passagens aéreas, hospedagens, traslados, alimentação, lazer, banda larga e direito a dois acompanhantes, o marido e o filho.

Nem a Folha de S.Paulo, que até em batizado de boneca do PT pergunta quem pagou o vestido da Barbie, parece interessada nesse assunto. E eu desconfio por quê.

Yoani Sánchez é a mais nova porta-bandeira da liberdade de expressão em nome das grandes corporações de mídia e do capital rentista internacional. É a direita com cara de santa, candidata a mártir da intolerância dos defensores da cruel ditadura cubana, a pobre coitada que tentou, vejam vocês, 20 vezes sair de Cuba para ganhar o mundo, mas só agora, que a lei de migração foi reformada na ilha, pode viver esse sonho dourado. Mas continuo intrigado. Quem está pagando?

A mídia brasileira, horrorizada com as manifestações antidemocráticas em Pernambuco e na Bahia, não gosta de lembrar que a atormentada blogueira morou na Suíça, apesar de ter tentado sair de Cuba vinte vezes, nos últimos cinco anos. Vinte vezes!

Façamos as contas: Yoani pediu para sair de Cuba, portanto, quatro vezes por ano, de 2006 para cá. Uma vez a cada três meses. Mas, antes, conseguiu ir MORAR na Suíça. Essa ditadura cubana é muito louca mesmo.

Mas, por que então a blogueira dissidente e perseguida abandonou a civilizada terra dos chocolates finos e paisagens lúdicas de vaquinhas malhadas pastando em colinas verdejantes? Fácil: nos Alpes suíços, Yoani Sánchez poderia blogar a vontade, denunciar a polícia secreta dos Castros e contar ao mundo como é difícil comprar papel higiênico de qualidade em Havana – mas de nada serviria a seus financiadores na mídia, seja a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que lhe paga uma mesada, ou o Instituto Millenium, no Brasil, que a tem como “especialista”.

Então, é preciso fazer Yoani Sánchez andar pelo mundo. Fazê-la a frágil peregrina da liberdade de expressão, curiosamente, financiada pelos oligopólios de mídia que representam, sobretudo na América Latina, a interdição das opiniões, quando não a manipulação grosseira, antidemocrática e criminosa da atividade jornalística, em todos os aspectos.

É preciso vendê-la como produto “pró-Cuba”, nem de direita, nem de esquerda – aliás, velha lenga-lenga mais que manjada de direitistas envergonhados. Pena Yoani ter se atrasado nessa missa: Gilberto Kassab, com o PSD, e Marina Silva, com a Rede (Globo?), já se apropriaram, por aqui, dessa fantasia não-tem-direita-nem-esquerda-depois-da-queda-do-muro-de-Berlim.

No mais, se a antenada blogueira cubana tivesse ao menos feito um Google antes de embarcar para o Brasil, iria descobrir:

1) Dado Galvão, apesar de “colunista convidado” do Instituto Millenium, não é ninguém. Ela deveria ter colado em Arnaldo Jabor;
2) Eduardo Suplicy é a Yoani do PT;
3) Em Pernambuco não tem só frevo;

4) E na Bahia não tem só axé.

Fonte: http://esquerdopata.blogspot.com.br/2013/02/yoani-reloaded.html

domingo, 17 de fevereiro de 2013

A revista Times e o declínio da mídia impressa


 
Por Marco Antonio L.

A agonia da Time é a morte simbólica das revistas

Diario do Centro do Mundo 16 de fevereiro de 2013
A maior revista semanal do mundo respira por aparelhos.
 
 
 
 
                                                      O prédio da Time Life, no coração de Manhattan, símbolo de um império despedaçado
 
 
O colunista de assuntos digitais do New York Times, David Carr, escreveu sobre as negociações em torno da maior editora de revistas dos Estados Unidos. É uma análise profunda sobre os novos tempos do jornalismo e dos negócios. A mudança está ocorrendo de maneira acelerada — inclusive, claro, no Brasil. Avanti!

POR DAVID CARR

Na quarta-feira, a Time Inc., a maior editora de revistas dos Estados Unidos, ficou do lado errado de uma vala profunda. Sua empresa controladora, a Time Warner, que tem uma ampla e lucrativa gama de ativos de entretenimento, estava fazendo planos para desmembrar boa parte do que sobrou da unidade de mídia impressa em um casamento forçado com a Meredith, companhia do Midwest.

Ao fazer a ruptura com sua divisão de impressão, a Time Warner está seguindo um caminho estabelecido pela News Corporation, que anunciou no ano passado que suas ações de entretenimento e de impressão seriam separadas. As ações atingiram a maior alta em cinco anos quando o plano foi lançado em junho passado, e, em algum momento do próximo verão (no Hemisfério Norte), as duas companhias – Fox Group e News Corporation – permitirão que os ativos de rápido crescimento de cinema e televisão crescerão livres do legado da mídia impressa.

A mídia impressão pode ter perdido seu valor entre consumidores e anunciantes em uma era digital, mas os investidores têm uma motivação mais profunda. Eles vêem pouca possibilidade de que o negócio como um todo se endireite, ainda mais se comparado à televisão a cabo e aos filmes, que estão agora no epicentro do negócio da mídia.

A Time Inc. pode ter batizado a Time Warner, mas há muito tempo perdeu importância. O lucro da Time Inc. caiu 5% no ano passado e sua fatia agora contribui com menos de 12% das vendas totais da empresa. O edifício da Time & Life, em Midtown, Manhattan, foi muito reverenciado como um totem do negócio editorial. Para as pessoas da indústria que cresceram quando as coisas estavam boas, a Time Inc. era uma lenda, tendo crescido não apenas com a força de seu jornalismo, mas com as histórias de editores com salas do tamanho de quadras de squash e carrinhos de bebidas alcoólicas que espalhavam pela redação alegria e uma aura de privilégio.

Mas a notícia de uma possível venda de sua divisão de revistas veio em um momento em que a Time Inc. está demitindo cerca de 6% de sua força de trabalho global, e muitos dos que permaneceram se perguntam se seus empregos, se continuarem a tê-los, poderão obrigá-los a mudar-se para Des Moines, a sede da Meredith.

Foi um momento um pouco dramático para as pessoas na Time Inc. e para o mercado editorial como um todo. Mesmo que a Time Warner tenha afirmado que vai ficar com Fortune, Time, Sports Illustrated e Money, os lucros desses títulos olímpicos são escassos, menos de 10 por cento da divisão. A Time Warner vai mantê-los, em parte, porque eles podem fazer parte de uma reformulação da rede de televisão CNN, bem, ninguém os queria.

Muitos querem saber o que isso significa para as revistas atuais e ninguém sabe a resposta. Fortune, Time, Sports Illustrated e Money, todas para um público masculino, deveriam ficar com a marca-mãe. As pessoas são particularmente interessadas na Time por causa de seu duradouro status cultural, sua capacidade de lembrar eventos ou tendências com suas capas, e seu papel ocasionalmente grande na cobertura das notícias. Agora ela será parte menos importante de uma divisão de notícias com a CNN.

 
A migração para o digital: futuro que não chega nunca
 
A relação ruim entre a Time Inc. e a CNN sempre tornou difíceis as colaborações, mas Jeff Zucker, o novo chefe da CNN, é muito interessado no conteúdo dessas revistas, especialmente a Time. Por exemplo, nos últimos anos, a Time anunciou sua edição das Personalidades do Ano no programa “Today” com muito barulho e seria natural ter uma franquia na televisão. Apesar de sua falta de receitas reais – ganhar dinheiro como um semanário gigante é uma tarefa difícil -, a revista Time tem uma marca significativa e valor sentimental para a empresa. Sua longa história, o recente fechamento da Newsweek, e o fato de que a CNN e a Time são duas das marcas principais de notícias do planeta pode significar que, a longo prazo, a divisão será boa para o semanário.

A nova empresa vai se apoiar na People, a experiência mais próxima que a indústria de revistas criou de uma máquina de fazer dinheiro, com lucro de quase US $ 1 bilhão no ano passado. Mas mesmo esse rolo compressor encoheu: no ano passado, as vendas da People em bancas caíram 12,2% no segundo semestre de 2012 em comparação com o ano anterior.

A jóia da coroa da mídia impressa de Manhattan, a Time Inc., foi cambaleando, com três editores em três anos, salários caindo e um futuro digital que é muito alardeado, mas parece nunca chegar. A divisão ainda faz dinheiro, fazendo US$ 460 milhões no ano passado, mas a tendência tem sido de queda nos últimos cinco anos, com mudanças seculares na indústria – em particular, as receitas de publicidade em declínio.

As outras duas grandes empresas de revistas de Manhattan – Hearst e Condé Nast – são de capital fechado e podem se dar ao luxo de mirar no longo prazo, na esperança de que as marcas encontrem um apoio através de aplicativos novos para tablets e extensões digitais. Não é o caso da Time Inc., em que o contraste entre o impresso e o resto da empresa cresceu de forma mais gritante.

Jeffrey L. Bewkes, o executivo-chefe da Time Warner, sempre disse coisas boas sobre a divisão de revista, mas suas atitudes sugerem que ele não está mais interessado em esperar uma reviravolta. Bewkes surgiu através da HBO, um canal a cabo que conseguiu continuar crescendo e lucrando, apesar das mudanças no cenário da mídia, e ele claramente prefere torcer pela Time Inc. de longe.
Bewkes fez a mesma coisa por alguns dos mesmos motivos quando projetou uma divisão entre a controladora e a Time Warner Cable em 2008.Na época, como agora, a companhia estava tentando abrir um espaço entre a empresa-mãe e os chamados negócios maduros.

Quando a empresa de cabo foi desmembrada, pagou um dividendo para a mãe de 10,9 bilhões dólares, assumindo uma grande parte da dívida; uma jogada semelhante deve render perto de 1,75 bilhões dólares se o acordo para uma nova joint venture com a Meredith passar.


O CEO do grupo Time Warner, Bewkes: torcendo para as revistas. De longe
 
O acordo para abandonar a parte das revistas pode levar semanas ou meses, os detalhes estão longe de ser definidos e, no final, a Time Warner poderia explorar outras opções. Mas a decisão de largar a divisão de revistas tinha sido tomada há anos. As dificuldades têm sido difundidas na indústria como um todo – revistas pequenas de fantasias de gato e gigantes como Readers Digest foram desmontadas pela economia e pelos novos hábitos de consumo.

Havia muitos outros sinais ao longo dos últimos anos. A Gourmet foi desativada pela Condé Nast, uma empresa que nunca tinha apertado o cinto Gucci em sua história. Em seguida, a Newsweek, um jogador de destaque na consciência americana, foi vendida por um dólar e desistiu do impresso.

Rupturas em vários setores econômicos ocorrem ao longo de anos com a ascensão de insurgentes e o desmoronamento de ex-titãs, mas seus efeitos muitas vezes se tornam mais claros em um momento emblemático. O espectro da Time Inc., que emprestou seu nome a uma das maiores empresas de mídia do mundo, sendo empurrado para fora como um convidado que ficou tempo demais na festa, é um lembrete austero de como, fundamentalmente, o jogo mudou.


Fonte: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-revista-times-e-o-declinio-da-midia-impressa



quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Segredos da Lua - Moon Rising

 
 
                                                                       

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Para Leonardo Boff, ambiguidades e polêmicas marcam história de Bento XVI


                        Bento XVI celebra ritual católico no Vaticano: confronto com a modernidade e cumplicidade com escândalos sexuais (©reuters)



Por: Pedro Peduzzi, da Agência Brasil


Brasília - Apesar de serem a mesma pessoa, Joseph Ratzinger e o papa Bento XVI eram duas personalidades diferentes. A opinião é do teólogo e professor universitário Leonardo Boff, um dos poucos brasileiros que conviveram com o líder católico que anunciou ontem (11) o fim de seu pontificado. Para o ex-integrante da ordem franciscana e um dos expoentes da Teologia da Libertação no Brasil, Bento XVI é um líder religioso “de função ambígua e polêmica” e de atitudes rígidas.

“Uma coisa é o Ratzinger professor e acadêmico, que era extremamente gentil e inteligente, além de amigo dos estudantes. Dava metade do salário aos estudantes latinos e da África. Outra coisa é o Bento XVI, que exerce função autoritária e centralizadora, sem misericórdia com homossexuais e [adeptos da] camisinha”, disse Boff.

O teólogo define Ratzinger da fase pré-papal como um pastor e professor extremamente erudito e de fácil acesso. “Era pessoa simples que, ao se tornar cardeal, mudou de comportamento e passou a assumir posições duras. Tratava com luvas de pelica os bispos conservadores e com dureza teólogos da libertação que seguiam os pobres”.

Segundo Boff, dois aspectos caracterizaram o Ratzinger da fase posterior. “Primeiro, o confronto com a modernidade, no encontro com as culturas e com outras religiões. Tinha a compreensão de que a Igreja Católica era o único porta-voz da verdade, e a única capaz de dar rumo a toda humanidade. Por isso, teve dificuldades com muçulmanos e judeus”.

O segundo aspecto tem origem à época em que era cardeal. “Ele pedia aos bispos que impedissem que padres pedófilos fossem levados aos tribunais civis. Na medida em que a imprensa mostrou que havia não apenas padres, mas também bispos e cardeais suspeitos dessa prática, o Vaticano teve de aceitar a realidade. Ratzinger carrega essa marca de, quando cardeal, ter sido cúmplice desses crimes”, declarou Boff.

Na avaliação do ex-franciscano, outro ponto fraco da atuação de Bento XVI como maior líder da Igreja Católica foi o de levar um papado tradicional, voltado para dentro da Europa. Na opinião de Boff, o papa construiu “uma igreja baluarte: fortaleza cercada de inimigos por todos os lados” e dos quais tinha de se defender.

“Acho que o projeto dele era uma reforma da Igreja ao estilo do passado, voltada para dentro e tendo como objetivo político a reevangelização da Europa. Nós, fora de lá, consideramos esse projeto como ineficaz e como opção pelos ricos. Projeto equivocado”, argumentou. “Não é um papa que deixará marcas na história”.

Boff disse não ter recebido com surpresa a notícia de que o papa Bento deixará o posto, e que já sabia que ele vinha tendo problemas de saúde que o comprometiam física e psicologicamente para exercer o ofício.

“Recebo com naturalidade essa notícia. Essa decisão segue sua natureza objetiva. Não é praxe um papa renunciar. Ele desmistificou a figura do papas, que geralmente ficam [no cargo] até morrer. Provavelmente por entender o papado como um serviço. Essa atitude merece toda admiração e respeito. Esperamos, agora, que até a Páscoa, em meados de março, elejam um novo papa. De preferência um papa mais aberto. Até porque 52% dos católicos vivem no terceiro mundo e não mais na Europa”, completou.


Fonte: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/cidadania/2013/02/papa-bento-xvi-tem-historia-marcada-porambiguidades-polemics-diz-leonardo-boff

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Humor: José Serra se candidata à vaga do papa


Candidato afirma que tem todas as condições de ser um excelente sumo patife, quer dizer, sumo pontífice.

Amadeu Leite Furtado

TUCANÓPOLIS – Após ficar sabendo da renúncia de Joseph Ratzinger, o Cansado, o eterno candidato a tudo José Serra disse que tem plenas condições de se tornar um excelente papa: “Quando eu era criança, lá na Mooca, eu era um bom menino e não fazia xixi na cama.”

Como prova de suas qualificações, Serra também lembrou que todo domingo vai à missa e que foi coroinha na infância. Ele acredita que entre os tucanos é o mais bem preparado, porque sempre tomava vinho na macarronada de domingo: “Minha mãe, dona Serafina Chirico Serra, me dava vinho com água e açúcar. Enquanto os outros candidatos do partido gostam de scotch e caipirinha de vodca, o que não cheira bem para ser um sumo pontífice.”

Durante a coletiva, afirmou com todas as letras e “jurou por Deus” que nunca foi casado: “Eu sempre fui solteiro e tenho minha vida dedicada a Deus. Essa história que sou casado com a Soninha, quer dizer, com a Mônica, é coisa dos petralhas, que querem me difamar. Podem perguntar pro Ali Kamel ou pro Civita. Eles sabem que sou solteirinho da silva.”

No final da entrevista, Serra concluiu dizendo o motivo de ser o melhor substituto para Ratzinger: “Nazista por nazista sou mais eu.”


Fonte: http://novobloglimpinhoecheiroso.wordpress.com/2013/02/11/humor-jose-serra-se-candidata-a-vaga-do-papa/

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O judiciário analisa o dano coletivo à imagem



Autor:
 
Luis Nassif
 
 
Uma bela questão jurídica foi levantada pelo juiz federal Paulo Cezar Neves Júnior, da 5ª Vara Cível, condenando o apresentador José Luiz Datena por ter infringido os direitos difusos dos ateus, ao atribuir os crimes à falta de Deus, sendo que a Constituição prevê um estado laico.

Não concordo muito com o juiz quanto ao tema em si. Falar genericamente em "falta de Deus" não significa publicizar nenhuma religião em especial nem estigmatizar os que não crêem em Deus. De minha parte, julguei que o apresentador se referia a valores espirituais, ao mencionar Deus.

O original da história - e a coragem do juiz - foi, pela primeira vez, ter acatado a tese do dano coletivo à imagem.

Inúmeras vezes o Ministério Público Federal entrou com ações invocando esse dano coletivo, contra ataques perpetrados pela mídia contra minorias. Por exemplo, os ataques às religiões afro, por programas religiosos, ou a obsesos, aos negros etc. Mas sempre esbarrava em dois álibis dos juízes para não entrar na briga, na 1a ou na 2a instância

1. Coibir os ataques significaria ir contra a liberdade de expressão.

2. Para condenar por dano coletivo, teria que ser demonstrado o dano.

Ora, não há a menor necessidade de demonstrar o dano no caso de ataques religiosos, raciais, a grupos de minoria. Basta analisar a peça em si e se basear no bom senso. E cabe ao Judiciário, sim, coibir a intolerância, os preconceitos, especialmente na mídia e nas concessões públicas de rádio e TV por sua óbvias abrangência.

No entanto, há um pensamento burocrático terrível que segura a ação de juízes e procuradores, impedindo-os de desbravar o novo. Ora, os novos tempos só podem gerar nova jurisprudência a partir da provocação pelo MP e do acatamento das teses pelos juízes.

Assim, embora nesse caso específico não concorde expressamente com o juiz Neves, felicito-o pela coragem de colocar o guizo no gato.

Fonte: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-judiciario-analisa-o-dano-coletivo-a-imagem#comments


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             RESPOSTA DO APRESENTADOR EM SEU PROGRAMA NA TELEVISÃO.