sábado, 31 de agosto de 2013

Emocionante carta de médico brasileiro a seus colegas cubanos




Hoje a Folha de São Paulo publica, finalmente!, uma carta de um médico brasileiro cumprimentando educadamente a vinda de seus colegas cubanos. Oxalá mais profissionais rompam o silêncio e, num desafio ao corporativismo egoísta vigente na classe, transmitam ao povo brasileiro o que ele tanto deseja ouvir: palavras de solidariedade.

Quem sabe, um dia, os médicos brasileiros apreendam o significado real da frase de um outro médico, argentino de nascença mas cubano de coração?

“Mais vale a vida de um ser humano do que todo o ouro do homem mais rico mundo”, Che Guevara.

Carta aos Médicos Cubanos

Por David Oliveira de Souza*

Bem-vindos, médicos cubanos. Vocês serão muito importantes para o Brasil. A falta de médicos em áreas remotas e periféricas tem deixado nossa população em situação difícil. Não se preocupem com a hostilidade de parte de nossos colegas. Ela será amplamente compensada pela acolhida calorosa nas comunidades das quais vocês vieram cuidar.

A sua chegada responde a um imperativo humanitário que não pode esperar. Em Sergipe, por exemplo, o menor Estado do Brasil, é fácil se deslocar da capital para o interior. Ainda assim, há centenas de postos de trabalho ociosos, mesmo em unidades de saúde equipadas e em boas condições.

Caros colegas de Cuba, é correto que nós médicos brasileiros lutemos por carreira de Estado, melhor estrutura de trabalho e mais financiamento para a saúde. É compreensível que muitos optemos por viver em grandes centros urbanos, e não em áreas rurais sem os mesmos atrativos. É aceitável que parte de nós não deseje transitar nas periferias inseguras e sem saneamento.

O que não é justo é tentar impedir que vocês e outros colegas brasileiros que podem e desejam cuidar dessas pessoas façam isso. Essa postura nos diminui como corporação, causa vergonha e enfraquece nossas bandeiras junto à sociedade.

Talvez vocês já saibam que a principal causa de morte no Brasil são as doenças do aparelho circulatório. Temos um alto índice de internações hospitalares sensíveis à atenção primária, ou seja, que poderiam ter sido evitadas por um atendimento simples caso houvesse médico no posto de saúde.

Será bom vê-los diagnosticar apenas com estetoscópio, aparelho de pressão e exames básicos pais e mães de família hipertensos ou diabéticos e evitar, assim, que deixem seus filhos precocemente por derrame ou por infarto.

Será bom vê-los prevenindo a sífilis congênita, causa de graves sequelas em tantos bebês brasileiros somente porque suas mães não tiveram acesso a um médico que as tratasse com a secular penicilina.
Será bom ver o alívio que mães ribeirinhas ou das favelas sentirão ao vê-los prescrever antibiótico a seus filhos após diagnosticar uma pneumonia. O mesmo vale para gastroenterites, crises de asma e tantos diagnósticos para os quais bastam o médico e seu estetoscópio.

Não se pode negar que vocês também enfrentarão problemas. A chamada “atenção especializada de média complexidade” é um grande gargalo na saúde pública brasileira. A depender do local onde estejam, a dificuldade de se conseguir exame de imagem, cirurgias eletivas e consultas com especialista para casos mais complicados será imensa. Que isso não seja razão para desânimo. A presença de vocês criará demandas antes inexistentes e os governos serão mais pressionados pelas populações.

Para os que ainda não falam o português com perfeição, um consolo. Um médico paulistano ou carioca em certos locais do Nordeste também terá problemas. Vai precisar aprender que quando alguém diz que está com a testa “xuxando” tem, na verdade, uma dor de cabeça que pulsa. Ou ainda que um peito “afulviando” nada mais é do que asia. O útero é chamado de “dona do corpo”. A dor em pontada é uma dor “abiudando” (derivado de abelha).

Já atuei como médico estrangeiro em diversos países e vi muitas vezes a expressão de alívio no rosto de pessoas para as quais eu não sabia dizer sequer bom dia – situação muito diferente da de vocês, já que nossos idiomas são similares.

O mais recente argumento contra sua vinda ao nosso país é o fato de que estariam sendo explorados. Falou-se até em trabalho escravo. A Organização Pan-americana de Saúde (Opas) com um século de experiência, seria cúmplice, já que assinou termo de cooperação com o governo brasileiro.

Seus rostos sorridentes nos aeroportos negam com veemência essas hipóteses. Em nome de nosso povo e de boa parte de nossos médicos, só me resta dizer com convicção: Um abraço fraterno e muchas gracias.

* DAVID OLIVEIRA DE SOUZA, 38, é médico e professor do Instituto de Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês. Foi diretor médico do Médicos Sem Fronteiras no Brasil (2007-2010)

 

Fonte: http://tijolaco.com.br/index.php/emocionante-carta-de-medico-brasileiro-a-seus-colegas-cubanos/

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Globo censura repórter que elogia medicina de Cuba




 
 
Navegante do Tijolaço recupera destemida intervenção de Jorge Pontual, da Globo Overseas, em Nova York.

Não vai durar muito lá …

Quem manda dizer que a medicina em Cuba, comunitária, preventiva, resulta em índices melhores que os americanos …

O Gilberto Freire com “i” (*) jamais o perdoará !

Quem vai longe na Globo Overseas é a Tancanhêde.

Já, já assume o “Entre Caspas”.


 

Globonews “apaga” Pontual e deixa só Cantanhêde falar de Cuba


O internauta que visitar a página do programa Em Pauta, da Globonews, só vai ouvir falando sobre a questão dos médicos de Cuba a comentarista Eliane Cantanhêde que, claro, desce a lenha no governo cubano, que vai se loucupletar co o trabalho daqueles pobres escravos.

Claro, a colunista da massa cheirosa, não podendo fazer outra coisa, entra na linha dos “pobres cubanos”, caçados a laço para estudar medicina e mandados sob chIcote, em aviões negreiros, para trabalhos forçados no Brasil.

Não puseram um segundinho do jornalista Jorge Pontual que, em lugar de ficar de chororô, prefere falar de como renasceu e com que características se desenvolveu a liderança de Cuba em atenção médica, que faz com que uma pequena ilha possa estar mandando médicos para um país enorme como o Brasil.

Pontual não vai ao ar na página da GloboNews, mas vai aqui, porque o internauta Felix Rigoli gravou e colocou no YouTube, de onde fomos pegar para colocar no Tijolaço. Vale a pena porque são três minutos de boa informação, com dados e explicações sobre o tema, em lugar de politicagem hipócrita sobre os médicos.

A gente posta aí embaixo o que a GloboNews sonegou na internet.
Diante da repercussão negativa, o canal da GloboNews, publicou no inicio da noite o vídeo do jornalista Jorge Pontual. Menos mal, que continue assim.

 




Fonte: http://www.conversaafiada.com.br/pig/2013/08/29/globo-censura-reporter-que-elogia-medicina-de-cuba/

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Lula qualifica como "abominável" reação à chegada dos médicos cubanos




Por Vandson Lima | Valor


SÃO PAULO – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quarta-feira o programa Mais Médicos, do governo federal, e disse ser “abominável” a atitude de profissionais de saúde brasileiros que receberam com vaias e xingamentos os médicos cubanos que desembarcaram em Fortaleza, no Ceará, esta semana.

“Acho abominável um grupo de pessoas ir fazer protesto contra profissionais de outros países que fizeram um favor para nós, de vir aqui cobrir os lugares que os médicos brasileiros não querem ir”, disse Lula, que participou da comemoração dos 30 anos da Central Única do Trabalhadores (CUT) na noite desta quarta-feira.

Para Lula, os médicos cubanos “fizeram um favor para nós, de cobrir um lugar para onde os brasileiros não querem ir. Imagine a grandeza da atitude humanitária dessas pessoas, que não vêm aqui para a Avenida Paulista, para a avenida Copacabana”.

O ex-presidente aproveitou para declarar seu apoio à presidente Dilma Rousseff e ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, responsáveis pelo programa. “Quero de público dizer que sou totalmente solidário à companheira Dilma e ao companheiro Padilha pela coragem de trazer os médicos para o Brasil”.

Lula disse também que uma melhora da saúde pública no país depende de recursos financeiros e lembrou que, em 2007, o Senado derrubou a prorrogação da cobrança da CPMF, que tirou do governo bilhões destinados ao setor. “A elite brasileira derrotou no primeiro ano do meu segundo mandato a CPMF, tirando R$ 50 bilhões por ano. Se tivessem feito um pouco de manifestação naquele momento, não teríamos perdido. Aquela cobrança era a forma mais eficiente de fiscalizar a sonegação.”



Fonte: http://www.conversaafiada.com.br/politica/2013/08/29/lula-reacao-contra-cubanos-e-abominavel/

terça-feira, 27 de agosto de 2013

A luta de classes está aí, escolham seu lado



E a velha luta de classes está aí, escancarada

Crônicas do Motta


O contraste é espantoso.

De um lado, um grupo sorridente, carregando, com orgulho, a bandeira de seu país natal e a da nação em que vem trabalhar, dando declarações ressaltando a fraternidade entre os povos, realçando a necessidade de ajudar os mais pobres, numa clara mensagem de que é neste mundo ainda há lugar para a esperança.

No outro, um grupo raivoso, exalando ódio, preconceito e xenofobia, expondo, despudoradamente, o que de pior existe no ser humano, revelando uma lógica que se sustenta apenas no discurso mercantilista, no qual a existência é tão somente um pretexto para acumular capital, poder e ostentação.

Dizem os mais sábios que não se pode reduzir a vida numa dicotomia entre o branco e o preto, o bom e o mau, o céu e o inferno, pobres e ricos.

Para eles, há entre os extremos nuances que devem ser igualmente valorizadas.

Duvido, porém, que tais máximas valham para o Brasil de hoje.

O país está cada vez mais próximo de romper com um passado ignominioso - e isso é intolerável para certas pessoas.

Parece que elas sentem que o ponto de ruptura é iminente e, em desespero, começam a soltar todos os demônios que uma fina pele civilizatória cobria.

Perdem a vergonha, perdem a consciência moral, perdem os freios que seguravam seus impulsos mais primitivos.

A luta de classes, tantas vezes dada como extinta, está aí, escancarada.

Aquele prussiano barbudo, queiram ou não, estava certo.

Escolham o seu lado, senhores.




Fonte: http://esquerdopata.blogspot.com.br/2013/08/a-luta-de-classes-esta-ai-escolham-seu.html

domingo, 18 de agosto de 2013

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Desqualificado para o STF, Barbosa deveria pedir para sair



Mais um barraco de Barbosa


O destemperado presidente do STF foi, em tese, autor de crime de honra ao chamar Lewandowski de chicaneiro


por Wálter Maierovitch
Os supremos ministros do órgão de cúpula do Poder Judiciário preferiram manter a tradição da rotatividade e observada a antiguidade e elegeram, para assumir as elevadas funções de presidente do Pretório excelso, o ministro Joaquim Barbosa.

À época, não faltavam indicativos, prova-provada e até domínio do fato, reveladores de Babosa não possuir a serenidade e a compostura exigíveis para esse difícil e delicado encargo.

Trocando em miúdos, Barbosa poderia, com o seu comportamento mercurial e desgaste nos freios inibitórios, comprometer a imagem do Judiciário (não do Supremo Tribunal Federal). Em resumo, Barbosa não detinha, e era público e notório, condições nem para mediar, com urbanidade, temperança e aceitação de dissensos, jogos de xadrez de velhinhos reunidos em praça pública de pequena cidade interiorana.

Na antevéspera da eleição, Barbosa havia protagonizado um bate-boca em que ofendera a honra do ministro Ricardo Lewandowski, em função judicante e como revisor da ação penal 470, apelidada de "mensalão". O pacífico ministro Ayres Brito, então na presidência, exercitou com sucesso o papel de bombeiro-togado e a boa-vontade de Lewandowski permitiu o encerramento do primeiro grande "barraco" promovido por Barbosa, que não gosta de ser contrariado como relator de processos. Esse "barraco" o colocou, perante a população, como herói inflexível e Barbosa passou a pontuar nas pesquisas eleitorais para a presidência da República. Coisas de república bananeira, ou seja, de presidente trapalhão do STF para a presidência da nação.

Na quinta-feira 15 e quando do julgamento de embargos de declaração apresentados pelo ex-deputado Carlos Rodrigues (PL-RJ), conhecido por bispo Rodrigues, o ministro Barbosa, na presidência da sessão plenária do Supremo Tribunal Federal (STF), não aceitou ter o ministro Ricardo Lewandowski admitido um erro no seu voto condenatório.

Só para recordar, no chamado "mensalão", o bispo Rodrigues, por unanimidade, havia sido condenado, além da sanção pecuniária fixada em R$ 754 mil, às penas de seis anos e três meses de prisão, com cumprimento em regime aberto, por crimes de corrupção passiva e lavagem do dinheiro recebido, no importe de R$ 150 mil.

Segundo Lewandowski, o crime de corrupção passiva tinha se consumado em 2002 e, portanto, antes da Lei 10763, de 12 de novembro de 2003. Uma lei nova e que elevou as penas. Assim, Lewandowski concluiu ter ocorrido fixação retroativa (vedada pela Constituição da República) e equivocada, por toda a Corte, de lei nova e menos benigna. Diante do colocado, Barbosa, que havia sido relator, e os demais ministros passaram a discutir a questão. Para Barbosa e Gilmar Mendes, por exemplo, o crime se consumara em 17 de dezembro de 2013 quando o bispo Rodrigues, líder regional do seu partido político, recebera, de surpresa e sem acordo prévio com o corruptor, os R$ 150 mil. De surpresa porque o bispo Rodrigues não havia apoiado o candidato do partido dos trabalhadores (PT) no primeiro turno das eleições presidenciais.

Como se sabe, situações teratológicas e a envolver a liberdade das pessoas, podem e devem ser resolvidas, nos tribunais, até por habeas-corpus de ofício, ou seja, sem anterior requerimento do paciente ou de um cidadão do povo (qualquer pessoas por impetrar um habeas-corpus e não precisa de advogado).

O próprio Supremo, na sessão de julgamento do dia anterior, havia concedido habeas-corpus de ofício ao réu-embargante Quaglia e para absolvê-lo por atipicidade penal.

Barbosa insistiu que a matéria levantada por Lewandowski não era pertinente a embargos, que são admitidos para correção de contradições, obscuridades, dúvidas e omissões. Ou seja, como regra, os embargos declaratórios não substituem as apelações e não têm natureza de infringentes.

Diante do nervosismo de Barbosa em querer encerrar o debate, Lewandowski propôs a suspensão dos trabalhos (era o último da pauta) para que todos refletissem melhor e à luz de um exame mais apurado da correlação entre a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República e o acórdão. Em razão da proposta, que teve receptividade entre alguns ministros, o presidente Barbosa partiu para o ‘barraco’. Quis ganhar no grito e foi autor, em tese, de crime contra a honra ao chamar o ministro Lewandowski de chicaneiro. Pior, Barbosa não quis se retratar. No mundo judiciário, atribuir a um advogado a chicana representa uma das piores ofensas. Agora, a um juiz, vira prevaricação, no mínimo.

Além da ofensa ao Código Penal e no capítulo que trata dos crimes de injúria, difamação e calúnia, o ministro Barbosa maculou o Poder Judiciário, que o elegeu e mantém na função de presidente um destemperado, para se dizer o mínimo.

Pano rápido. O presidente Barbosa, que promoveu um espetáculo de gerais de um clássico futebolístico, deveria seguir o exemplo do presidente do Santos Futebol Clube, ou seja, pedir um afastamento, sine die, das funções.


Vídeo:


 
 
 
 

terça-feira, 13 de agosto de 2013




Opera Mundi 

O líder da Revolução Cubana e ex-presidente Fidel Castro completa 87 anos nesta terça-feira (13/08). O governo da ilha preparou um concerto, a apresentação de um livro e a inauguração de uma exposição fotográfica para homenageá-lo. Este é o oitavo aniversário de Fidel desde que uma doença intestinal o levou a deixar a presidência em 2006 e, desde então, só aparece esporadicamente em atos públicos.

Sua última aparição pública aconteceu no último mês de abril, quando inaugurou uma escola em Havana, e desse mês é também a data do último artigo da série de "Reflexões" começou a publicar durante a convalescença de sua doença. Em fevereiro, quando foram realizadas eleições gerais na ilha, votou em um colégio de Havana e nesse mesmo mês assistiu a uma sessão da Assembleia Nacional.

Na última de suas "Reflexões", em abril, o ex-mandatário pediu que Estados Unidos e Coreia do Norte evitem uma guerra nuclear que afetaria, segundo sua opinião, "mais de 70% da população do planeta". Foi um artigo divulgado em plena tensão entre os países e nele Castro alertou que existia "um dos mais graves riscos de guerra nuclear depois da crise de outubro de 1962 em torno de Cuba".

Em julho, em coincidência com o 60º aniversário do início da revolução cubana, Fidel denunciou em carta uma tentativa de "caluniar" esse processo, em aparente alusão ao caso do navio norte-coreano retido no Panamá no qual se encontrou material bélico procedente de Cuba.

Homenagens

A página CubaDebate lembrou declarações feitas sobre Fidel como a do líder bolivariano e ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, falecido em março, que disse que “depois de quase meio século de luta, Fidel pode mostrar o rosto com integridade plena e com moral absoluta, não só ao povo cubano, mas a todos os povos do mundo”.

Já o presidente do Uruguai, José Mujica, reuniu-se recentemente com o comandante cubano, e disse que “Fidel Castro é um ancião com a cabeça fresca (...). Continua sendo brilhante, sempre promotor de ideias”. Ao lado das mensagens já ditas, o portal acrescentou  fotos e menções históricas significativas, desde a Revolução Cubana e a luta acompanhada por camaradas da revolução, como Che Guevara.

O escritor Jorge Amado, por exemplo, em 1986, disse: “Porque ele nasceu do povo e em meio ao povo permanece, e por isso sua grandeza é a do povo cubano. Tudo o que fez, todas as suas ações são o reflexo das mais altas aspirações da pátria de José Martí. A paz em que creio não está e nem estará divorciada da justiça, da liberdade, da esperança de um mundo melhor, e tudo isso Fidel encarna”.

Rafael Alberti, poeta espanhol, em mensagem a Fidel, escreveu, em 1996: “As ideias como as que Fidel Castro defende não envelhecem nunca. Sigo retendo do líder cubano a imagem de um heróico homérico, tanto por seus incontáveis combates pletóricos da juventude como por sua impressionante personalidade. Fidel é a esperançada luz de um futuro mais solidário e mais justo”.

O portal cubano reproduz também a declaração de um ex-senador democrata dos Estados Unidos, George McGovern, publicada em 1982: “(...) ainda não estou de acordo com tudo o que fez [Fidel] e, pessoalmente, não sou comunista; não obstante, admiro a sua direção e considero que é um dos líderes mais importantes do mundo de hoje. Certos meios internacionais trataram de desfigurar a imagem de Fidel, mas nem sempre creio em tudo o que diz a imprensa internacional. Também Ho Chi Min foi vituperado muito pela imprensa. Uma vez conheci o presidente Castro, e minha opinião sobre a sua capacidade realmente foi elevada”.

Em outra lembrança, Adolfo Pérez Esquivel, argentino laureado com o Prêmio Nobel da Paz, em 2000 dirigiu-se à Tribuna Aberta Internacionalista, em Havana, e disse: “O povo cubano e Fidel Castro estão nos oferecendo o seu coração, sua vida, tudo, e eu creio que isso é um exemplo maravilhoso de vida, integridade, e temos que seguir unidos, seguir lutando, porque a luta não terminou”.

Alice Walker, escritora norte-americana, afirmou, em um documentário de 2001, de Estela Bravo ("Fidel"): "“É uma sequoia, velha árvore gigante que, enquanto outras foram cortadas, ele segue em pé, e estão desesperados para fazer o corte final. E então, não teremos ninguém como ele. Teremos outras pessoas maravilhosas e nós mesmos, seremos o que teremos que ser, mas ele é uma inspiração".

Em 1960, no Jornal da Revolução ("Periódico de la Revolución"), o poeta chileno Pablo Neruda escreveu: "Cuba é, neste momento, a esperança de todo um século de falsa independência, e esperamos que conquiste e implante a sua própria justiça. Aquele que não estiver com Cuba, com a sua revolução, com Fidel Castro, está do outro lado, da ignomínia e da traição. Se a Revolução Cubana se extinguisse, seríamos apagados do quadro do mundo".

E Juan Bosch, escritor e ex-presidente da República Dominicana, disse, em 1978: “Fidel Castro não caiu do céu. Ele encarna o último episódio de um processo político que está em ascensão. A América latina ofereceu três gênios políticos: Toussaint Louverture, Simón Bolívar e Fidel Castro; e devo dizer que é muito a oferecer, porque os gênios políticos não surgem assim, do nada".

"Humboldt havia previsto parte disso quando, no começo do século 19, depois de uma volta pela América, comentou que os dois lugares mais politizados eram Caracas e Havana, ou seja, Venezuela e Cuba. Estamos em meio a uma ruptura histórica, de mudança de uma sociedade por outra, como ocorreu quando o capitalismo substituiu o feudalismo; quando o feudalismo substituiu a escravidão. Por estramos nesta ruptura histórica, os norte-americanos equivocaram-se com Fidel; também se equivocaram com Ho Chi Minh e seguirão se equivocando mais, mais e mais”, conclui Bosch.


* Com Cuba Debate e site do Vermelho



Fonte: http://esquerdopata.blogspot.com.br/2013/08/lider-da-revolucao-cubana-fidel-castro.html

Factoides políticos ganham força a partir desta quarta-feira




De 14 de agosto em diante, o Brasil verá surgir uma nova onda de factoides políticos para todos os gostos. Petistas e tucanos deverão ser os alvos preferenciais de grupos – anônimos ou não – que já afirmam que irão “tomar as ruas”. Alguns, com as mesmas pautas genéricas de junho, mas outros com foco nesses partidos políticos e seus respectivos governos.

Além da volta dos protestos de rua, a mídia deve investir pesado na retomada do julgamento do mensalão, com a volta das transmissões dos trabalhos no plenário do Supremo Tribunal Federal. Além disso, a cobertura do escândalo de pagamento de propinas aos governos do PSDB em São Paulo promete novos capítulos, ao menos até aqui.

Nesta quarta, além da volta das transmissões do julgamento haverá um novo protesto do Movimento Passe Livre em São Paulo. O MPL prometera sair às ruas contra o escândalo dos trens paulistas – ou contra Geraldo Alckmin –, mas, segundo a Folha de São Paulo, recuou desse mote e diz que, agora, seu protesto será “contra a corrupção”.

Abaixo, trecho da matéria do jornal paulista.

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FOLHA DE SÃO PAULO

13 de agosto de 2013

“(…) Apesar de o material de divulgação elaborado pelos metroviários fazer menção às ‘negociatas dos governos do PSDB’, os integrantes do MPL evitam classificar o ‘fora, Alckmin’ como principal bandeira dos protestos. ‘Não é pontualmente o Alckmin o responsável por esses atos de corrupção, apesar dos indícios de que os governos do PSDB tinham conhecimento de tudo’, disse Nina Capello, uma das representantes do movimento (…)”
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Já em 7 de setembro, está sendo convocado ato que pretende ser “O maior protesto da história do Brasil”. O grupo anonymous criou páginas no Facebook, uma para cada um dos Estados e territórios da Federação. Em cada uma dessas páginas, subseções para várias cidades de cada Estado e uma página para residentes no exterior.

Abaixo, vídeo de convocação dos protestos – o texto continua em seguida.



Na página de convocação no Facebook, mais de 300 mil pessoas prometem comparecer aos atos no dia da Proclamação da Independência. Fontes ligadas ao governo federal garantem que serão protestos “da direita” e que atacarão, primordialmente, o governo Dilma e o PT.

Segundo outras fontes, também ligadas ao governo federal, existe preocupação com choques nas ruas entre grupos políticos adversários. Nas páginas do Facebook criadas por uma certa “Operação Sete de Setembro”, centenas de pessoas se posicionam contra e a favor da iniciativa.

Abaixo, reprodução de comentários de militantes contra e a favor do governo guerreando por suas posições.


 
 
 
Entre a Polícia Militar de São Paulo também existe a percepção – ainda comentada em off – de que a volta dos protestos pode produzir confrontos entre grupos políticos adversários. A PM ainda não se sabe como lidará com essa possibilidade, sobretudo se os grupos que promovem vandalismo, como os “black blocs”, produzirem uma terceira força violenta nesses atos.

Já no PT, existe quase certeza de que, ao longo da midiatização da nova etapa do julgamento do mensalão nas próximas semanas, haverá protestos voltados exclusivamente para pressionar o Supremo Tribunal Federal para que rejeite os recursos dos réus. E também devem ocorrer protestos para “comemorar” eventual ordem de prisão contra José Dirceu e outros.

A percepção que vai se generalizando é a de que toda essa movimentação será apenas uma prévia do que deve ocorrer a partir do ano que vem. A eleição presidencial, acima de outras, deve produzir um clima de fim de mundo no país ao longo de 2014. Ainda mais que grupos como anonymous e black blocs prometem fazer da Copa do Mundo “um fracasso”.


Fonte: http://www.blogdacidadania.com.br/2013/08/factoides-politicos-ganham-forca-a-partir-desta-quarta-feira/
 
 

domingo, 11 de agosto de 2013

Lula, os abutres da imprensa e seus abutres leitores

 
 




DAVIS SENA FILHO  







"Abutres são abutres e nada mais".

Lula teve câncer na laringe. A notícia correu pelo Brasil há alguns meses. Os jornalistas de oposição e os que apenas repercutem a agressividade de seus patrões e de seus leitores contra o político estadista se mobilizaram freneticamente e correram para o Hospital Sírio-Libanês, onde o presidente mais popular da história do Brasil estava a fazer os exames e procedimentos normais, comuns aos que são vítimas dessa doença, com o propósito de combatê-la e vencê-la.
 
Contudo, o que realmente me chamou a atenção naqueles dias foram alguns jornalistas pertencentes aos quadros da imprensa de mercado e de seus leitores, que se comportaram como abutres ou corvos, no sentido simbólico de se reportarem sem o mínimo de educação e decência e civilidade quando se trata de atacar àquele que eles consideram o inimigo a ser batido, mesmo quando esse “inimigo” político é vítima de câncer ao tempo que amado por milhões e milhões de brasileiros, ao ponto de sair da Presidência com índices gigantescos de aprovação ao seu Governo, que atingiram o patamar de 87%, a superar os índices de popularidade do mito Nelson Mandela quando o reconhecido político deixou a presidência da África do Sul.

Lamentável e desumano o papel de certos jornalistas e de seus leitores abutres, que continuam a fazer campanhas nas redes sociais da maneira mais sórdida e infame possível, que afrontam a dignidade humana. Lúcia Hipólito, Ricardo Noblat, Arnaldo Jabor, Augusto Nunes e Reinaldo Azevedo, dentre muitos outros bate-paus da imprensa burguesa, esmeraram-se em repercutir suas vilanias e a total falta de senso crítico e de respeito à ética jornalística e aos cidadãos, que ficaram e até hoje ficam a escutar comentários desrespeitosos, agressivos e levianos, sem conteúdo informativo e que distorcem a verdade e a realidade dos fatos. É o verdadeiro jornalismo de esgoto, praticado por essa imprensa em um tempo de 11 anos, desde que os governantes trabalhistas (Lula e Dilma) ascenderam ao poder.

Atacam o estadista brasileiro da forma mais desrespeitosa possível. Lula foi o presidente e é certamente o político mais agredido pela imprensa de negócios privados e pelos pequenos mussolinis que infestam as redes sociais. A finalidade desses despropósitos é desqualificar um dos maiores e importantes presidentes que a República já teve juntamente com o grande estadista Getúlio Dornelles Vargas, também vítima de pequenos e grandes abutres ou corvos, como era o corvo-mor da elite brasileira, Carlos Lacerda, ídolo da direita política e empresarial e dos nossos pequenos burgueses carregadores de vassouras à moda Jânio Quadros, racistas e dedicados à causa deles, que é um dia enriquecer e impedir a ascensão social dos milhões de brasileiros que saíram da linha de pobreza no decorrer dos oito anos de Governo Lula. Uma classe média que também foi, e muito, beneficiada pelo governo trabalhista do petista.

Entretanto, é necessário salientar que desta vez o que me chamou e me chama a atenção foi o comportamento dos leitores e ouvintes desses jornalistas, que se comportam como leões-de-chácara dos interesses dos barões da imprensa, do grande empresariado e da oposição partidária (PSDB-DEM-PPS) aos governos Lula e Dilma Rousseff. Por intermédio das redes sociais, realizaram uma campanha de conotação fascista, que pediu, de forma debochada e vil, para o político mais popular da história deste País tratar sua doença no SUS (rede pública de Saúde que o povo dos Estados Unidos não tem, e assunto da pauta política e governamental estadunidense, que causa até hoje transtornos a Obama), que, por sinal, ficou sem os R$ 40 bilhões da CPMF, criação dos tucanos, que, no decorrer do Governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I —, foram desviados ilegalmente para outros setores da administração pública. O mesmo governo neoliberal que vendeu o patrimônio público do Brasil e depois teve de ir pedir esmolas ao FMI três vezes, de joelhos e com o pires nas mãos, porque, incompetente e irresponsável, quebrou o País três vezes.

O jornalismo de meias verdades, manipulado, distorcido e muitas vezes baseado em mentiras, praticado pelos órgãos de comunicação privados e hegemônicos têm similares na sociedade globalizada, individualista e de consumo — a sua alma gêmea: os leitores, ouvintes e telespectadores coxinhas. Pessoas reacionárias, ideologicamente de direita e que ocupam as redes sociais para disseminar intolerância e preconceitos abissais, que diminuem a alma humana perante a vida.

Eles formam uma coletividade de uma perversidade que impressiona por sua ausência de sentimentos nobres e humanos, mesmo quando o alvo, no caso o ex-presidente Lula, ter sido vítima de uma enfermidade grave, como o é a realidade do câncer. O líder trabalhista, que não os agrada, tanto no aspecto político, partidário e ideológico quanto no que concerne à sua origem social pobre e nordestina. E é por isto e por causa disto que nem na enfermidade, na doença lhe deram trégua, porque a direita sabe — até mesmo os coxinhas de classe média “apartidários” e “apolíticos” — que Lula, enquanto vivo e com saúde, será o peso que vai pender a balança de todas as eleições para um lado, o lado trabalhista, a parte da laranja que não é a deles. Os conservadores não se conformam.

Todavia, não são apenas essas questões que incomodam os “fãs”, os consumidores (termo que os neoliberais adoram) da Veja, de O Globo, do Estadão, do Correio Braziliense, da Época, da Folha, das Organizações(?) Globo e do Zero Hora. O que incomoda mesmo é ter de ver o Lula ser tratado em um hospital onde os ricos, os brancos, os “bem” nascidos e os famosos são atendidos. O pior de tudo é que a imensa maioria desses pequenos abutres é de classe média, consumidores beneficiados por créditos (empréstimos, CDC, cheque especial, cartões especiais, consignados etc.) oferecidos democraticamente a todos os brasileiros pelos programas de governo dos trabalhistas Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva.

Esses fatores de ascensão social para classe média coxinha e mauricinha não são chamados de forma irônica e raivosa de “Bolsa Classe Média” ou “Bolsa Me Dei Bem” ou “Bolsa Desejo e Sonho Realizados”. Por seu turno, o Bolsa Família, que ajuda a desenvolver a economia brasileira, principalmente nas regiões mais pobres, como a Nordeste e Norte é criticado, de forma injusta, preconceituosa e cruel. São essas pessoas que agridem o Lula na internet as que mais usufruem do acesso ao crédito fácil, porque antes as diferentes classes médias e os pobres não tinham direito a nada, a não ser ver novelas e beber cerveja em um barzinho, porque até passagem de avião era difícil comprar.

Usufruíram tanto dessas facilidades bancárias que hoje têm carros, móveis, produtos eletroeletrônicos e da linha branca. Compraram imóveis, terrenos e viajaram e viajam muito, mas nada reconhecem, porque quando se é escorpião, você não vai deixar de ferroar também aquele o beneficiou. Afinal, ouvintes e leitores de Jabor e de Hipólito, de Azevedo e Nunes, da Globo e CBN não se preocupam com essas “irrelevâncias” e “pequenos” detalhes, não é? A pequena burguesia não quer saber de democracia política e econômica. Ela faz marchas e protestos contra a corrupção e nunca contra os corruptores (empresários e seus lobistas) e usa as vassouras janistas golpistas como armas. Não é assim?

O pequeno burguês vive mentalmente em seu mundinho de playground, mesmo se ele viaja e conhece o mundo, porque para ele ser cosmopolita é usar roupas de grife, ter seu emprego garantido, estudar preferencialmente em universidade pública e ter ódio da ascensão social de milhões de brasileiros, que passaram também a ter o direito de ocupar os aeroportos e viajar de avião, o que faz com que as pessoas coxinhas de Arnaldo Jabor, Lúcia Hipólito, Boris Casoy e José Nêumanne Pinto, por exemplo, sintam-se enojadas com a presença da “plebe rude” audaciosa, que não retrata a massa “cheirosa” e “limpinha” dos tucanos, tão elogiada no tempo das eleições por Eliane Catanhêde, colunista coxinha da Folha de S. Paulo e que faz aparições rocambolescas na Globo News, canal que tem milhares de “especialistas” de prateleira e que o povo brasileiro não está nem aí para o que eles dizem ou afirmam ou pensam ou deixam de afirmar ou pensar.

São esses mesmos cidadãos de classe média coxinha — “tão evoluídos, inteligentes e superiores” — que frequentam as redes sociais e os espaços dedicados às cartas e mensagens publicadas nos jornais e revistas, com a finalidade de irradiar ou disseminar seus preconceitos e desumanidades, que se transformam, irremediavelmente, em ódio racial e de classe social. E Lula, para essa gente, é a representação simbólica de tudo aquilo que não faz parte do conjunto de valores e princípios que a classe média conservadora aprendeu com os seus pais e avós. Novamente volto a citar o jornalista Joseph Pulitzer (1847/1911): “Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil quanto ela mesma”. É isso aí.



Fonte: http://www.brasil247.com/pt/247/poder/111235/Lula-os-abutres-da-imprensa-e-seus-abutres-leitores.htm

 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Comunistas transam melhor?

  
 
O documentário Liebte der Osten Anders? (“Comunistas transam melhor?”, na tradução do título em inglês), dirigido em 2006 por Andre Meier, parte da premissa, comprovada estatisticamente, de que no lado comunista do muro de Berlim as pessoas faziam mais e melhor sexo que do lado capitalista, e tenta explicar por quê. É surpreendente descobrir que, apesar da censura e da proibição da pornografia, os alemães orientais (e sobretudo as alemãs) tinham mais liberdade sexual do que os ocidentais. Mais orgasmos, inclusive.

A principal razão, defende Meier, é que, até a descoberta da pílula, as comunistas eram mais independentes do que as comportadas alemãs do lado capitalista. Durante a Segunda Guerra, com os homens no front, as mulheres alemãs foram obrigadas a ir à luta para sustentar a família e aprender tarefas consideradas “masculinas”, como construir casas. Depois que eles voltaram, porém, enquanto na República Federal da Alemanha (capitalista) as mulheres retornaram às prendas domésticas, na República Democrática da Alemanha (comunista) elas continuaram trabalhando fora. No final dos anos 1960, uma em cada três mulheres trabalhava fora na Alemanha Ocidental; do lado Oriental eram 70%. Historiadores e sexólogos defendem no documentário que este papel protagonista da mulher influía positivamente em sua vida sexual.

“Em nenhuma área a emancipação feminina avançou tanto quanto na sexualidade. As mulheres davam as regras na cama. Isso era muito típico da Alemanha Oriental”, diz um especialista ouvido no filme. “Mais tarde as alemãs orientais foram reduzidas a caricaturas, mas eram elas que usavam as calças”, afirma outro. Ele fala isso e eu penso imediatamente em Angela Merkel, a toda poderosa chanceler que cresceu do lado comunista. Merkel foi beneficiada por uma emancipação que começara já no pós-guerra. Ou seja, quando as ocidentais passaram a lutar para conquistar espaço no mercado de trabalho, a maioria das orientais já possuía uma carreira.

Outros fatores para a liberação, por incrível que pareça, partiram do Estado comunista. Se do lado capitalista não houve educação sexual nas escolas até meados dos anos 1960, em 1962 os alemães orientais já assistiam programas sobre o assunto na televisão, voltados para crianças. Na Alemanha Oriental o casamento perdeu muito cedo a função de legitimar a sexualidade. Homens e mulheres também dividiam as tarefas do lar, bem antes de que isto se tornasse uma questão no Ocidente. O aborto foi legalizado na Alemanha comunista em 1972! Os alemães orientais sofriam a repressão do Estado, mas não a da igreja como os ocidentais, com efeito enorme sobre a sexualidade. Livres da religião, os/as comunistas se dedicavam sem culpa aos prazeres da carne. A alcova não era alvo da Stasi, a temida polícia secreta.

De acordo com o documentário, nos anos 1970 e 1980 os heterossexuais gozavam de liberdade sexual quase plena na Alemanha Oriental. O mais importante sexólogo do lado comunista, Siegfried Schnabl, deu a deixa em uma entrevista: “Lenin disse que sob o comunismo não deveríamos aspirar ao ascetismo e sim aos prazeres da vida. Isso inclui uma vida amorosa satisfatória”.

Outro aspecto interessante é que, do lado comunista, a prática do nudismo era amplamente aceita e começava no seio familiar (leia aqui uma reportagem sobre o tema publicada pelo jornal britânico The Telegraph). Isso explicaria a foto que circulou na rede da senhora Merkel nua numa praia da Alemanha Oriental durante a juventude –há dúvidas se é ou não a chanceler, mas que parece, parece.



Angela Merkel nua em pelo (e com um corpitcho de arrasar) numa praia comunista. Será?

Tudo muda com a queda do muro, em 1989, e a chegada da pornografia e da prostituição. Mas será que, pelo menos sexualmente, os comunistas eram mais felizes e não sabiam? Assista, é imperdível. Infelizmente não está disponível na rede com legendas em português, só em inglês.



Entendo que o diretor quis focar no mundo hetero e no feminismo, mas faço um reparo à ausência no filme do tema da homossexualidade, bastante reprimida pelos regimes comunistas de maneira geral –que o digam os cubanos. Outro documentário, Unter Männern — Schwul in der DDR (Entre homens – gay na RDA), de Ringo Rösener e Markus Stein, aborda o tema e conta que houve repressão à homossexualidade também na Alemanha Oriental. Mas não foi, parece, tão grave como o que ocorreu na URSS ou em Cuba. Pelo contrário, houve certa liberdade para os gays nos primeiros anos da Alemanha comunista, que descriminalizou a homossexualidade um ano antes que a Alemanha Ocidental. O próprio sexólogo Schnabl publicou textos onde defendia a existência dos homossexuais como “normal”.

Sem contar que aqueles beijaços na boca que o presidente alemão oriental Erich Honecker gostava de sapecar nos colegas comunistas eram meio homoafetivos, né não? Dizem que a comunistada saía correndo quando o Honecker aparecia. Bem, nem todos.



Foto clássica do líder soviético Leonid Brejnev recebendo um beijaço de Honecker, aquele safadeenho
 
 
 
Veja um trailer do filme (em alemão):




Fonte: http://socialistamorena.cartacapital.com.br/comunistas-transam-melhor/

sábado, 3 de agosto de 2013

As biografias que inspiram Lula


Enviado por luisnassif, sab, 03/08/2013 - 12:44


Sugestão de Lucas Costa

Da Carta Capital

As leituras de Lula

Lincoln, Vargas e Chávez, as biografias que revelam o que vai pela cabeça e o que inspira atos e falas do ex-presidente

Por André Barrocal - Carta Capital - O ex-presidente Lula nunca escondeu ter dedicado pouco tempo aos livros. Com raiz sertaneja e formação em escola técnica e no chão de fábrica, seu aprendizado humano e político calcou-se no empirismo e na intuição. Mas a vida depois do poder tornou-o um leitor mais curioso. E o que tem passado pelos olhos de Lula em viagens ou depois do almoço diz muito sobre o que vai pela cabeça do petista, ainda uma liderança atuante.

Na biblioteca do Instituto Lula no bairro do Ipiranga, em São Paulo, encontram-se as biografias de três líderes que fizeram História. São personagens de épocas, perfis e lugares diferentes, mas com pontos de contato com o brasileiro e seu governo: o norte-americano Abraham Lincoln, o venezuelano Hugo Chávez e o conterrâneo Getúlio Vargas.

Lincoln parte do que teria sido a principal marca dele para a autora, a compatriota historiadora Doris Kearns Goodwin: a habilidade para contornar adversários e adversidades. O título original do livro é bem mais revelador, Time de Rivais – O Gênio Político de Abraham Lincoln. O batismo explica-se por Lincoln ter abrigado no próprio gabinete durante seu governo (1861-1865) três candidatos que havia derrotado nas primárias do Partido Republicano.

A biografia é de 2005, mas só ganhou versão no Brasil em janeiro, no embalo do filme de Steven Spielberg. Nas telas, a narrativa concentra-se na luta do presidente para arrancar do Congresso o fim da escravidão e, assim, acabar com a guerra civil. Unido e sem escravos, os EUA inauguraram uma era de desenvolvimento baseado no mercado interno que levou os republicanos a reinarem nas urnas (elegeram 12 dos 16 presidentes em 72 anos). O domínio só foi encerrado pelo democrata Franklin Roosevelt, depois da quebra da Bolsa de Nova York em 1929.

A geração de renda e emprego na gestão Lula também serviu de base para o Brasil constituir um grande mercado interno pela primeira vez na história. Mas a intersecção entre os dois-presidentes parece ir além, na visão do brasileiro. “Fiquei impressionado como a imprensa batia no Lincoln, igualzinho batem em mim”, disse Lula na comemoração dos 30 anos da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em fevereiro.

A relação com a mídia é um dos aspectos a unir Lula e Chávez, biografado em Comandante por um jornalista irlandês. Rory Carroll trabalhou em Caracas de 2006 a 2012, a serviço do jornal britânico The Guardian. Lançou o livro em março, mês da morte do presidente.

A obra relata a transformação econômica e social da Venezuela promovida por alguém que, como Lula, tinha o rosto da maioria e o ódio da minoria. Mas é repudiada pelos chavistas, por narrar casos de corrupção e intrigas no governo do coronel (1999-2012). Nestes trechos, mostra-se desafiadora para alguém como Lula, um simpatizante da Revolução Bolivariana.

Foi com o apoio de brasileiros indicados por Lula, por exemplo, que Chávez disputou sua última eleição, em 2012. O intercâmbio entre os dois deixou no petista a sensação de que Chávez acertou na estratégia adotada para enfrentar a imprensa: apoiar novos espaços midiáticos para ele e seus apoiadores terem como se contrapor à visão expressa pelos veículos de comunicação tradicionais.

O caminho tem sido seguido pelo presidente Nicolás Maduro, mas Lula acha que talvez não baste para que o Socialismo do Século XXI siga no ritmo ditado por Chávez, dono de um carisma e uma força individual incomparáveis. Eis a razão pela qual aconselhou Maduro a maneirar, ao se encontrar com ele em Brasília em maio: “Você não é o Chávez”.

A percepção sobre a importância do carisma no rumo de um governo ajuda a entender por que Lula defende Dilma Rousseff de críticas da imprensa de modo mais firme do que a própria presidenta, responsável por uma relação amena com a mídia. “Eles estão com preconceito contra a Dilma maior do que tinham contra mim”, disse ele em um evento do movimento negro no fim de julho.

O confronto de Getúlio Vargas com a imprensa e a elite nos moldes em que Lula travou e ainda trava será conhecido em detalhes pelo ex-presidente em 2014, com a conclusão da trilogia sobre o gaúcho escrita pelo jornalista cearense Lira Neto. O último livro enfocará o governo eleito em 1950 e encerrado em 1954 com o suicídio de Vargas, clímax da crise deflagrada pelo atentado ao jornalista Carlos Lacerda, um ícone do cerco da imprensa ao presidente.

Nos últimos dias, Lula terminou o segundo volume, Getúlio (1930-1945): Do governo provisório à ditadura do Estado Novo, a ser lançado oficialmente em agosto. Abrange a fase autoritária de Vargas, época de censura, fechamento do Congresso e dos partidos. O discurso contra os partidos e a política usado na implantação do Estado Novo em 1937 fez Lula preocupar-se com o tom dos recentes protestos pelo Brasil. E despertou-lhe vontade de ler O Analfabeto Político, do dramaturgo alemão Bertold Brech, uma condenação veemente da alienação.

Curiosamente, foi como ditador que em 1943 Vargas baixou a CLT, símbolo do emprego e dos direitos trabalhistas, outro ponto de aproximação com Lula. Em dez anos de governo petista, foram criadas 19 milhões de vagas formais. Quando o livro chegar às lojas, em agosto, terá na contracapa textos do próprio ex-presidente e seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, que governou decidido a enterrar a herança de Vargas. Vai ser interessante comparar o que os dois têm a dizer.


Fonte: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/as-biografias-que-inspiram-lula

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Feitiço contra feiticeiros no STF


Após quatro meses de espetáculo pela TV, a notícia é que alguns ministros do STF estão com medo de rever seus votos no julgamento do mensalão


por Paulo Moreira Leite

Às vésperas da retomada do julgamento da Ação Penal 470, quando o STF irá examinar os recursos dos 25 condenados, o ambiente no tribunal é descrito da seguinte forma por Felipe Recondo e Debora Bergamasco, repórteres do Estado de S. Paulo, com transito entre os ministros:

“(...) há ministros que se mostram ‘arrependidos de seus votos’ por admitirem que algumas falhas apontadas pelos advogados de defesa fazem sentido. O problema (...) é que esses mesmos ministros não veem nenhuma brecha para um recuo neste momento. O dilema entre os que acham que foram duros demais nas sentenças é encontrar um meio termo entre rever parte do voto sem correr o risco de sofrer desgaste com a opinião pública.”

Pois é, meus amigos.

Após quatro meses de espetáculo pela TV, a notícia é que alguns ministros do STF estão com medo. Não sabem como “encontrar um meio termo entre rever parte de seu voto sem correr o risco de sofrer desgaste com a opinião pública.”

É preocupante e escandaloso.

Não faltam motivos muito razoáveis para um exame atento de recursos. Sabe-se hoje que provas que poderiam ajudar os réus não foram exibidas ao plenário em tempo certo. Alguns acusados foram condenados pela nova lei de combate à corrupção, que sequer estava em vigor quando os fatos ocorreram – o que é um despropósito jurídico. Em nome de uma jurisprudência lançada à última hora num tribunal brasileiro, considerou-se que era razoável “flexibilizar as provas” para confirmar condenações, atropelando o direito à ampla defesa, indispensável em Direito. Centenas de supressões realizadas pelos ministros no momento em que colocavam seus votos no papel, longe das câmaras de TV, mostram que há diferença entre o que se disse e o que se escreveu.

O próprio Joaquim Barbosa suprimiu silenciosamente uma denúncia de propina que formulou de viva voz, informação errada que ajudou a reforçar a condenação de um dos réus, sendo acolhida e reapresentada por outros ministros.

Eu pergunto se é justo, razoável – e mesmo decente – sufocar esse debate. Claro que não é. É perigoso e antidemocrático, embora seja possível encher a boca e dizer que tudo o que os réus pretendem é ganhar tempo, fazer chicana. Numa palavra, garantir a própria impunidade.

Na verdade estamos assistindo ao processo em que o feitiço se volta contra o feiticeiro. E aí é preciso perguntar pelo papel daquelas instituições responsáveis pela comunicação entre os poderes públicos e a sociedade – os jornais, revistas, a TV.

O tratamento parcial dos meios de comunicação, que jamais se deram ao trabalho de fazer um exame isento de provas e argumentos da acusação e da defesa, ajudou a criar um clima de agressividade e intolerância contra toda dissidência e toda pergunta inconveniente.

Os réus foram criminalizados previamente, como parte de uma campanha geral para criminalizar o regime democrático depois que nos últimos anos ele passou a ser utilizado pelos mais pobres, pelos eternamente excluídos, pelos que pareciam danados pela Terra, para conseguir alguns benefícios – modestos, mas reais -- que sempre foram negados e eram vistos como utopia e sonho infantil.

(A prova de que se queria criminalizar o sistema, e não corrigir seus defeitos, foi confirmada pelo esforço recente para sufocar toda iniciativa de reforma política, vamos combinar.)

No mundo inteiro, os tribunais de exceção consistem, justamente, num espetáculo onde a mobilização é usada para condicionar a decisão dos ministros.

“Morte aos cães!”, berravam os promotores dos processos de Moscou, empregados por Stalin para eliminar adversários e dissidentes.

Em 1792, no Terror da Revolução Francesa, os acusados eram condenados sumariamente e guilhotinados em seguida, abrindo uma etapa histórica conhecida como Termidor, que levou à redução de direitos democráticos e restauração da monarquia.

No Brasil de 2013, a pergunta é se os ministros vão se render ao medo.